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26 junho, 2020 Deixar de ser uma Profissional do sexo. Será Possível?

Mas porque é que as pessoas não saem? Vou responder com base na minha experiência...

Nas últimas semanas, tenho ouvido muitas vezes a frase «Quem começa a trabalhar no mundo do sexo não sai!» Sempre que o ouço sinto um arrepio, falta de ar, uma sensação de refém. Mas será essa afirmação surreal?

Deixar de ser uma Profissional do sexo. Será Possível?

Eu não conheço casos de pessoas que tenham deixado de ser trabalhadoras do sexo e não tenham regressado ainda que pontualmente.
Mas quero acreditar que existem!

Porque é que as pessoas não saem?
Eu vou responder a esta pergunta apenas tendo como base a minha experiência pessoal que poderá refletir outras profissionais ou não.

Quando se entra neste mundo, a maioria dos caso é por necessidade financeira, à medida que o tempo vai passando vai-se criando uma dependência não só financeira, mas em diversos níveis.

Para quem quer deixar esta vida, não basta só arranjar um dito trabalho normal porque se o fizer apenas estará a tentar ultrapassar a questão financeira, e sempre que existir uma nova necessidade financeira vai retomar o mundo do sexo.

Estamos a tratar apenas um problema superficial.

Quem vive no mundo do sexo muitos anos é comparável a quem vive na droga, no álcool, no jogo, não chega querer parar - muitos outros factores vão arrastar sempre para o mesmo ciclo.

A diferença é que, atualmente, existem redes criadas para quem quer deixar a droga, etc... Para quem quer deixar o mundo do sexo não!
Não existindo este sistema de apoio, a taxa de sucesso para a saída é muito baixa.

Porque que não existem estes apoios?
Não consigo entender! Existem várias associações, mas infelizmente com poucos recursos.

Primeiro passo seria a pessoa assumir que ser profissional do sexo lhe causa problemas e que o dinheiro não pode ser desculpa para tudo - o mal que este mundo lhe causa.
Este passo é difícil de atingir, visto que a maioria das profissionais dizem que isto é muito bom, que é juntar o útil ao agradável, e que ganham milhares, valores inalcançáveis em qualquer outra função.

Porque que dizem isso?
Uma forma de trabalho se tornar mais aceitável para elas próprias!

Se falarem com um toxicodependente, podem ouvir coisas do género: «Eu tou bem», «Eu saio quando quiser», «Isto é só uma fase», «Eu não sou viciado», etc...

Quem está de fora vê que essas frases não coincidem com a realidade, eu acredito que quem as diz as sente, como se vivesse numa realidade paralela.
Quem vive como profissional do sexo e diz que isto é muito bom, que é muito feliz, é a mesma coisa, vive numa bolha e quem está de fora vê a realidade.

Após aceitar para ela própria que tem um problema é procurar ajuda e existirem respostas.
Neste momento, lamentavelmente, não existem.

A prostituição já começou a aumentar com a pandemia e vai piorar à medida que a recessão económica será agravada.

É urgente existir uma alternativa, ou seja, quando uma mulher fica desempregada, com o seu rendimento mensal reduzido, a prostituição não possa ser a única saída.

Quando uma mulher está a trabalhar no mundo do sexo durante 10 ou 20 anos e quer sair, fazer um curso profissional e ajudar a fazer um curriculum, não pode ser a única resposta. É bom. É uma ajuda, mas insuficiente porque isso só não vai garantir um trabalho e não vai ajudar a readaptar a uma nova vida e a uma nova realidade profissional.

Será necessário mais para evitar que ingressem nesta actividade e para que estejam reunidas as condições, uma boa dose de paciência e de tolerância porque é necessário um longo acompanhamento, principalmente a nível psicológico.

Se vão aparecer novas medidas num futuro pós-pandemia? Acredito que sim!

Bom fim de semana!

TugaEris
www.tugaeriscam.com

TugaEris

TugaEris

TugaEris
 
Mulher fascinada pelo mundo do sexo e tudo o que rodeia procurando dar a conhecê-lo através da escrita. 
 

 

 

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