07 agosto, 2025 A janela em frente - Parte 10
Segunda-feira, 9h30 da manhã, e eu sabia exatamente onde ia...
A combinação inicial, se bem se lembram, era um dos nossos velhos encontros à janela, para matar saudades do “quadro” onde nos tínhamos conhecido. Há dias, já, que não o via na descontração da sua casa, a passear aquele caralho majestoso que agora tão bem conhecia na pele, e até me parecia ser capaz de cheirar à distância, nos 10 metros que separavam a janela da sala dele da janela da minha cozinha...

Mas aquela mensagem, logo cedo, ainda não eram 8 da manhã, mudou tudo:
- Às 10h, como combinado. Mas não na janela. Deixo a porta aberta. Caminho livre.
Ainda nem tinha acordado e fiquei logo de cona em brasa e cuzinho a palpitar...
Depois de, no dia anterior, fodermos pela primeira vez na minha casa, eu tinha-lhe dado a ordem, disfarçada de desafio:
- Na próxima vez, quero que seja na tua casa!
Ele alertou que ia ser difícil, mas ia tentar. Por isso, surpreendeu-me aquela mensagem tão rápida...
A forma como contornou as dificuldades e criou a oportunidade tão depressa, tenho que confessar, excitou-me muito. Se dúvidas tivesse, teriam ficado completamente dissipadas na minha mente: ele tinha pressa, logo, continuava cheio de tesão por mim! Como eu continuava por ele. Talvez mais ainda, agora que já prováramos carne, e parecíamos a caminho de iniciar um ciclo de sexo regular. Pelo menos eu assim o esperava...
Como de costume, o meu marido saíra cedo para o trabalho, as crianças para a escola, e eu estava livre. Livre para ele...
Escolhi um vestido leve, de tecido fino, que abraçava as minhas curvas, sem soutien. Só de me vestir senti os mamilos duros de antecipação.
Enquanto atravessava a estrada, o vento quente levantou a minha saia, expondo as minhas pernas e quase, quase, as minhas zonas proibidas. Claro que não levava cuecas...
Imaginava os olhos dele a devorar-me da janela, como tantas vezes me fizera, mesmo sem certeza de que ele lá estaria.
Com o aproximar do meu destino, não sei porquê, comecei a sentir um enorme nervosismo, uma tontura de ansiedade. Tive que entrar num café e sentar-me um pouco para arrumar as ideias.
Por muito apetecível que me soasse a aventura, não era desprovida de questões. A ideia de entrar na casa dele, no espaço sagrado da mulher dele, fazia o meu coração disparar com uma mistura de medo e culpa. Mas também uma excitação incontrolável, que me incendiava as entranhas!
Era errado, era perigoso, mas era exatamente isso que me fazia sentir tão viva, como se o meu corpo tivesse despertado de um longo sono, negro e monótono.
Bebi um copo de água e, um pouco mais calma, voltei à rua e cheguei ao prédio dele. Subi as escadas até ao terceiro andar e reparei logo na porta entreaberta, como ele prometera.
Respirei fundo, engoli em seco e empurrei a porta com cuidado. Com o coração na garganta, entrei, sentindo o chão estranho ceder sob os meus pés.
A sala estava deserta e cheirava a café fresco e a algo doce, talvez bolos que alguém tinha feito no fim-de-semana, ou já nessa manhã. Olhei rapidamente em volta, mas escusei-me de o continuar a fazer: por todo o lado havia fotos de crianças, brinquedos, elementos surreais que me recordavam a inconfidência, o crime moral que estava prestes a cometer.
Desviei esses pensamentos do meu espírito e, com o coração sempre a martelar, segui o som de música baixa que vinha do andar de cima. Curioso, nunca tinha percebido que aquela moradia tinha dois andares.
Subi o pequeno lanço de escadas e cada degrau parecia amplificar ainda mais a eletricidade que fervilhava no meu corpo, gerada pela antecipação, pela expectativa de o encontrar, de o tocar, de me entregar ao que ambos sabíamos que estava para vir.
E, finalmente, outra porta, igualmente entreaberta. Pela fresta via-se a pontinha triangular duma cama com lençóis brancos. Assumi que fosse o quarto e abri vagarosamente e... lá estava ele
À espera, de pé no meio do quarto, com aquele sorriso de predador que eu já conhecia, a cintilar nos lábios sensuais da sua boca de macho:
- Chegaste!
Falou com a sua voz rouca e grave que me fazia tremer, os olhos percorrendo-me de alto a baixo, despindo-me toda mentalmente!
Não o deixei imaginar mais, levantei a saia e deixei-o ver que não usava nada por baixo. Imediatamente senti a cona molhada, a brilhar para ele.
Em troca, ele abriu a braguilha e tirou o cacete, já muito teso, de veias a explodir. Foi o suficiente para eu começar a escorrer pelas pernas abaixo.
- Minha puta! — gemeu. — Olha como me deixas...
Avançou para mim com uma urgência que me assustou, fazendo-me recuar instintivamente até as minhas costas embaterem numa parede. Em poucos segundos, tinha-me manietada, presa entre o corpo dele e o papel de parede. Cheirava a lavanda.
- Como é que conseguiste? — gaguejei, com a voz toldada pelos seus beijos ferozes.
Ele esmagava-me com o volume imenso do seu corpo, beijava-me a boca, chupava-me o pescoço, os dentes a roçar perigosamente na minha pele, deixando marcas que eu teria de esconder. Mas, nesse momento, não pensava nisso.
- O quê? — perguntou.
- Tu... A tua mulher...
Ele riu, um som baixo e carregado de ironia.
- Foi à mãe dela. Não precisei de fazer nada...
Pela lógica, deveria talvez ter ficado desiludida com a resposta. Afinal, a oportunidade não fora criada por ele, pelo seu engenho, movido pela sua pressa ou pela sua tesão. Fora um mero acaso, uma coincidência, ainda por cima provocada por ela.
Mas não, não senti qualquer desilusão. Ele metia-me as mãos por todo o lado, apalpava-me o rabo, mordia-me as mamas... Não demorei a sentir os seus dedos, ágeis e incisivos, a deslizar no lago transbordante em que se transformara o centro das minhas pernas, a fuçarem-me a cona e o buraco do cu.
E eu continuei a vê-lo como o herói que se dispunha a arriscar tudo por mim, para me ter ali com ele, na sua casa, no seu quarto, provavelmente na cama onde dormia e fazia amor com a sua mulher.
- E ela não se importa de te deixar sozinho? — provoquei.
Em resposta, ajoelhou-se e enfiou-me a língua na racha, fazendo-me gemer como uma gata!
- Ela confia em mim.
Teria detectado um toque de amargura na sua voz? Por momentos, caiu-me a ficha da culpa misturada com a transgressão. Estávamos a trair, a mentir, a enganar as pessoas que partilhavam as nossas vidas, as pessoas que nos amavam.
Mas ali, naquele momento, éramos só nós, dois corpos que se entendiam sem palavras, movidos por uma química que queimava tudo à volta.
Com um violento esticão, ele atirou-me para cima da cama, arrancando-me o vestido com um movimento rápido. As minhas mamas saltaram livres, os mamilos duros como pedras. Ele apertou-os com força, até me fazer gritar, e esqueci tudo. Todos os males do mundo, todos os nossos pecados.
- Quero-te toda! — disse-me, com raios nos olhos.
E a sua boca desceu pelo meu corpo, lambendo, mordendo, deixando um rasto de fogo na minha pele.
Chegou à cona e chupou-me o clitóris com uma precisão que me fez arquear as costas. Agarrei-me aos lençóis para não voar!
Cheiravam à mulher dele, aqueles lençóis, que ele não se dera ao trabalho de mudar. Teria sido propositado? O fetiche de misturar coisas legais com coisas proibidas? Ou era apenas o desleixo masculino natural?
O odor era intenso. Não era perfume, não era detergente, era o aroma corporal duma mulher fértil, viva, pulsante... Não era sexo. Cheirava bem.
Oh, era tão errado tudo aquilo, foder na cama dela... E, no entanto, só tornava tudo mais explosivo, como se cada toque fosse uma rebelião contra as nossas vidas domesticadas. Sentia-me delirar!
- Fode-me! Já não aguento mais!
Implorei, de olhos revirados, já sem qualquer controlo, com todo o meu corpo aberto para ele.
Ele riu, aquele riso baixo, sacana, de predador. Despiu-se num ápice e meteu-se entre as minhas pernas. O caralho duro e já completamente melado, de veias palpitantes, furou inteiro duma só vez, rasgando-me com uma dor deliciosa.
Ele bombou com força e cada estocada era um manifesto da nossa libertação! Senti que ia desmaiar.
No fim de tudo, eu não era só a mãe, a esposa, a dona de casa que preparava o jantar e vestia os miúdos para irem para a escola. Ali, naquela cama, eu era a mais desejada, crua, viva, uma mulher que se entregava sem reservas a um homem que me via, que me despia, que me matava de prazer como ninguém nunca fizera.
O nosso sexo era caótico, selvagem, duro, desesperado... E ainda assim, os nossos corpos acompanhavam-se numa sincronia de bailarinos.
De repente, o quarto encheu-se de um cheiro animal, a suor, a sexo, a corpos sujos, derretidos... Ele teria de fazer uma profunda limpeza antes de a mulher voltar para casa, se não queria que ela descobrisse tudo. Mas isso eram contas para depois.
Por agora, ele parecia enfurecer enquanto me dominava. Segurou-me pelos pulsos, prendendo-me contra o colchão, e olhou para mim como se dissesse:
- Agora és minha!
E eu morri! Morri em vida. Morri de gozo, de luxúria, de depravação! Morri rendida ao prazer.
Nem dei pelo orgasmo chegar, explodiu como uma bomba!
Vim-me em grandes, enormes, monstruosos soluços, como se me dessem choques eléctricos! O meu rabo saltava na cama, e não conseguia parar de gritar como uma fera vergastada! Impossível os vizinhos não ouvirem.
Mesmo na minha dança frenética, ele ainda tentava furar dentro de mim, embora lhe fosse difícil, já, acompanhar os meus movimentos.
Eventualmente, o meu desvario acabou por contagiar o dele e, sem aviso, desatou a esporrar-se todo para cima de mim, urrando como uma besta!
Senti os seus jorros quentes como uma mangueira que me queimava a pele. O esperma dele escorria por todo o lado, imenso, no meu ventre a descer pelo rego, nos joelhos, nas mamas, até na cara e nos cabelos. Toda eu era uma gelatina de esporra grossa e quente!
Mal tinha acabado de me vir e já estava a vir-me de novo, um novo orgasmo (ou era o mesmo?) tão intenso que me deixou a tremer durante longo tempo, até finalmente desfalecer.
Esgotado, ele caiu ao meu lado, ofegante, o peito subindo e descendo como uma montanha russa. E por um momento, ficámos em silêncio, ouvindo apenas a música em fundo e o esgar das nossas respirações aceleradas.
Sei que já o disse antes, também depois de estar com ele, mas tenho que o dizer novamente: não me lembro de alguma vez ter sido fodida assim!
Infelizmente, como uma armadilha, como uma sombra a esgueirar-se pelos cantos do quarto, o abandono dos corpos permitiu que a mente de novo se visse assaltada pela culpa.
Julgo que, na nossa situação, era algo inevitável. Não era uma vida de paz, era um carrossel de altos e baixo, com picos de prazer efémero mesclados com um sentimento de culpa perpétua.
Não conseguia evitar pensar na mulher dele, no meu marido... No sorriso dele quando me beijava antes de sair para o trabalho, na confiança cega que ele depositava em mim...
Pensava nas crianças, nos desenhos que me traziam da escola, nas noites em que me pediam para contar histórias...
E ali estava eu, no outro lado da rua, na janela em frente, ainda a tremer duma série de orgasmos, na cama de outra mulher, com o corpo ainda quente do homem que me chamava puta e que, só com um toque, me fazia sentir algo que o meu marido nunca conseguiria com o corpo inteiro!
Que mais podia dizer?
- E agora? - perguntei, sem sequer perceber que o fizera em voz alta.
Sentia os remorsos a remoer dentro de mim, mas com eles vinha atrelada uma definitiva certeza: eu não queria parar!
Ele virou-se para mim, os olhos ainda a brilhar de luxúria, e repetiu:
- Agora és minha!
Fez uma leve carícia com o dedo pelo meu braço, arrepiando-me por inteiro, e completou, categórico:
- Agora continuamos. Não é amor. Que se foda o amor! É melhor que isso...
Que mais podia eu fazer?
(continua...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com