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19 Januar, 2024 Mentes Conectadas: Problemas de saúde após fim de relação violenta

Resposta a dúvida de uma leitora do Blog X.

Neste artigo do espaço de ajuda “Mentes Conectadas”, abordamos o caso de uma mulher que começou a ter problemas de saúde depois de terminar uma relação de 15 anos em que foi vítima de violência doméstica.

Mentes Conectadas: Problemas de saúde após fim de relação violenta

 

Chegou-me uma pergunta pertinente, que teve toda a minha atenção. Uma leitora que foi vítima de violência doméstica está preocupada com vários problemas de saúde que surgiram após o recente término da sua relação com o namorado que tinha há 15 anos.

Dizia na sua mensagem que passou o inferno durante estes 15 anos e que não compreendia o porquê de, logo após o recente término da relação, ter adoecido. Surgiram complicações no estômago que estão agora a ser analisadas pelo seu médico de família.

Também refere que desde o término da sua relação, e apesar dos seus níveis de ansiedade terem descido de 100% para 0% , agora passa quase todos os dias a dormir e anda cheia de sono – a tal ponto que, mal se encosta no sofá, adormece.

Basicamente, está incrédula porque pensou que uma vez livre do problema, iria agora conseguir aproveitar a vida e, em vez disso, vê-se em médicos.

Ora bem, primeiro que tudo, quero lhe dizer que o meu coração está consigo, e dito isto vamos aqui desmistificar este processo que está a acontecer. Vou tentar explicar da melhor maneira possível, e não conhecendo a história de vida da pessoa, o que me parece que possa estar a acontecer…

Uma vítima de violência doméstica passa anos focada no problema/no abusador, ou seja, os seus dias são focados em como agradar ao abusivo de modo que ele não se torne abusivo seja de forma física ou psicológica.

Isto faz com que comece a "engolir" os seus próprios sentimentos por medo do abusivo.

A nível emocional é mais rápido e visível, pois pode começar a dar sinais de tristeza, ansiedade e depressão. Essa ansiedade, normalmente, "instala-se" no estômago - você consegue sentir os seus sentimentos no estômago, como dores, ou a processar mal a comida devido à ansiedade. Muitas pessoas começam a ter complicações como úlceras nervosas, ou até hérnias no estômago.

Possivelmente, agora que o problema não está presente, o "dragão” (o estômago) libertou-se e, por isso, estas complicações aparecem. Podem ser complicações que já lá estavam, mas o cérebro que andava em constante estado de alerta, não deixou que houvesse o reconhecimento disso.

Em relação a dormir de mais, parece-me que devido a tantos anos de estado de alerta constante, com noites mal dormidas, o seu corpo tem agora espaço para descansar. Como foram tantos anos, parece-me normal ir do 8 para o 80.

O corpo pode ter descompensado porque o cérebro está a tentar entender a passagem do 8 para o 80 e o que pode estar a acontecer consigo é um processo de adaptação. O seu corpo agora precisa de si - tenha paciência, pois está a tentar enquadrar-se com o seu novo modo de vida livre de abusos.

Pode-se dar o caso de ainda não saber bem o que fazer com os seus dias, pois o foco principal saiu de cena.

Agora não tem mais que viver em função de alguém que era uma ameaça e isso faz com que haja tempo de sobra para si, num espaço que antes era tão barulhento (a sua casa) e que agora é tão silencioso.

Mas eis que trago boas notícias para si!

Abrace o processo e não tenha medo do que está a acontecer no seu corpo, pois isso só lhe vai trazer ansiedade novamente.

Veja as coisas desta forma:

  • 1. Tem agora tempo para cuidar de si e isso passa por ir ao médico. Deixe que a medicina tome conta de si e que a ajude no seu recente problema de estômago. Olhe para o seu estômago com amor, como um órgão que também sofreu e precisa agora de ser cuidado e nutrido.
  • 2. Tem sono e quer dormir? Durma! Porque não? Deve ter tantos anos de noites mal dormidas… Porque não aproveitar durante um tempo para descansar e dormir! Não se preocupe que não vai ser assim para sempre.   Dê-lhe esse mimo, entregue-se e deixe-se levar pelo processo.
  • 3. Ainda se lembra daquelas coisas todas que gostaria de fazer e nunca fez devido à situação em que se encontrava? Pois, agora é o momento de escolher uma, apenas uma, para começar a viver um dia de cada vez. Experimente fazer essas coisas que antes queria.
  • 4. Faça exercício para estar distraída, recuperar e gerar energia para o corpo e para a mente.

Mantenha-se próxima da sua família e amigos. Uma rede de apoio é sempre muito importante neste processo.

Sugiro-lhe que faça estas pequenas coisas que agora parecem tão grandes. No fundo, é começar a cuidar de si, deixar que o processo aconteça com amor por si mesma.

Tudo a seu tempo se vai encaixar, por isso não tenha medo. O cérebro irá, finalmente, entender que tem um novo modo de vida e irá adaptar-se. Os seus problemas de saúde serão tratados pelo seu médico e irá encontrar-se e encontrar formas de preencher os espaços vazios.

Boa sorte e aproveite a sua nova vida.

Nota: Se precisa de apoio psicológico, procure um espaço seguro, onde consiga falar e refletir sobre si próprix - sobre as suas emoções, pensamentos e comportamentos passados, presentes e futuros.

Mentes Conectadas

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