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29 Oktober, 2016 Sexo 2.0?

A evolução para além da tecnológica ainda não aconteceu.

Acredito piedosamente que um antepassado nosso, logo após rabiscar as primeiras pinturas rupestres nas paredes de uma caverna húmida (não dessas, as outras!), esperou que os amigos saíssem e desatou a desenhar caralhos e conas rupestres. Depois saiu e houve outro amigo dele (vamos assumir que viviam todos na mesma caverna) que voltou, olhou para aquilo, meteu a mão no narso e esgalhou a primeira punheta conhecida do Homem. Não sou nenhum José Hermano Saraiva, mas a coisa deve ter sido mais ou menos fiel a isto.

Sexo 2.0?

Nós temos o dom de conseguir sexualizar tudo e se algo não nos parece sexualizável à partida, podem ter a certeza que alguém vai contornar a questão. Nunca duvidem da capacidade de engenho de um gajo com tesão e/ou um punheteiro decidido a punhetar. A evolução sexual do Homem e de tudo o que gravita em torno desse mundo, já conheceu muitas fases, época e gostos. Muito objecto inserido, muita mordaça e muita venda. Descobriram-se fetiches, taras e manias, algumas delas até foi necessário criminalizar dado o elevado número de tarados que por aí anda. E nada mais grita “evolução” do que a própria evolução tecnológica. E o que é que fizemos com esta evolução tecnológica? Isso mesmo: sexualizámos.

Inventaram a máquina fotográfica? Pois bem, vamos tirar fotos de pessoas nuas para esgalharmos o pessegueiro.Inventaram o telefone? Pois bem, vamos ter sexo por telefone. Inventaram a câmara de vídeo? Pois bem, vamos filmar pessoas a foder e fazer disso um autêntico negócio de milhões pelo mundo inteiro. Inventaram os telemóveis? Pois bem, vamos ter “sexting”. Inventaram a internet, webcams e softwares de comunicação via chat/vídeo? Pois bem, vamos ter “webcam sex”.

Não sei se alguma vez houve alguém que tenha fodido via fax, mas não me surpreenderia. Foder por pombo correio já acho mais complicado dado o tempo que o bicho demora a ir de um lado para o outro e, se o fizeram, alguém acabou por ir ao cu ao pombo no final (pessoal com pressa).

Em pleno 2016 a oferta é mais que muita e a tendência é de continuar a aumentar. Estamos na era da VR (“Virtual Reality”) e da “realidade aumentada”. Novas formas de interagir com sistemas, aparelhos e softwares. Motores de busca que adivinham a pornografia que queremos ver e já temos inteligência artificial capaz de aprender os nossos gostos e adaptar-se conforme necessário. As apps de encontros sucedem-se umas atrás de outras e o encontro ocasional para sexo está hoje em dia à distância de um “swipe” no ecrã do telemóvel.

Somos tão evoluídos, não somos?

A construir gingarelhos, lá nisso somos bons. Mudar mentalidades é que está quieto. Porque todo o mundo que sustenta a necessidade de existência deste é que teima em não acompanhar este ritmo de evolução. Por isso é que a prostituição continua a viver na ilegalidade. Por isso é que a educação sexual nas escolas está perto da nulidade e parece que é mais fácil distribuir pílulas abortivas do que apostar mais na primeira. Por isso é que continua a chocar as pessoas a imagem de um peito de uma mulher, mas imagens dos horrores da guerra são o acompanhamento da nossa refeição à hora de jantar no telejornal. Por isso é que grande parte da população prefere virar a cara para outro lado no que toca ao negócio do sexo, preferindo usufruir do mesmo no conforto do seu lar em algum site pornográfico de caralho na mão, para depois no dia a seguir ir apontar o dedo a quem o vive de forma saudável ou a quem decidiu tomar ser dona e senhora do seu corpo e fazer o que quiser com o mesmo.


Estamos muito evoluídos, sim senhor. É pena que não dê para descarregar updates para a cabeça das pessoas.


Até quarta e boas fodas.

Noé

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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