05 Juni, 2025 A janela em frente
Na janela em frente, na casa que durante muitos meses esteve desabitada, havia movimento...
O dia começou como todos os outros, normal, dentro do que os dias têm para oferecer no que à normalidade diz respeito. Os miúdos tomaram o pequeno-almoço e saíram com o pai, que os levaria à escola antes de ir para o trabalho.

Como todas as manhãs, sentei-me à janela a beber o primeiro café. Com o passar dos anos, esse simples gesto foi-se tornando um dos rituais mais aprazíveis para mim.
Na casa, por fim em silêncio, sem o rodopio perpétuo das presenças familiares, encontrava espaço para libertar o pensamento e sonhar um pouco, antes de me concentrar nas tarefas que me esperavam.
Às vezes, ficava só a pensar em nada. Porque não interessava realmente a qualidade desse tempo, mas o que ele significava: um momento só para mim.
No entanto, naquele dia, a normalidade apresentou-se com uma pequena anomalia. Uma novidade!
Um foco de atenção extra a tudo o que era habitual àquelas horas: o ruído dos carros, o piar dos pássaros, o pêndulo das árvores, a correria dos seres anónimos que lá em baixo, em ritmos diversos, iam começando o seu dia.
Na janela em frente, na casa que durante muitos meses esteve desabitada, havia movimento.
Uma família, ao princípio a mãe e três filhos, todos rapazes. Os pequenos corriam como formiguinhas enquanto a mãe abria caixas, procurando qualquer coisa.
Eram imensas caixas, um amontoado delas. De uma delas, a mãe achou, finalmente, um pequeno casaco vermelho e vestiu-o num dos petizes. Logo desapareceram todos do quadro, aparecendo por sua vez o restante membro da família. Um homem, em tronco nu, que se debruçou na janela.
Como eu, ficou a observar o que se passava na rua. Até que o seu olhar divagante me apanhou a observá-lo. Foi apenas um segundo. Não sei porque me sobressaltou tanto.
Podia ter-lhe dito bom dia. Ou ter-lhe desejado boas-vindas, como uma boa vizinha, já que era óbvio que se estavam a mudar para ali. Podia até tê-lo simplesmente ignorado, como a qualquer outro desconhecido. Mas não. Fechei a janela abruptamente e meti-me para dentro.
Tinha até à hora de almoço para fazer as camas, limpar a cozinha e fazer a comida para quando os meus filhos voltassem. A isso me dediquei, sentindo a cabeça um pouco vaga. Por qualquer motivo, aquela família, ou melhor, aquele homem, não me saía da cabeça...
Apesar de apenas o ter visto durante um ou dois minutos, conseguia desenhar de memória o seu tronco nu, de músculos bem esboçados, de peitorais largos, com alguns pêlos no centro... Devia andar pelos 30 e qualquer coisa, talvez perto dos 40.
Agora que pensava nisso, era um homem atraente, bonito.
Pensava nele ao mesmo tempo que me recriminava por o fazer. Afinal, tratava-se de um homem de família, assim como eu era uma mulher de família. Não tinha nada que estar a pensar nestas coisas. E no entanto...
Os miúdos chegaram para almoçar e em seguida, foram para o quarto dormir a sesta.
Durante essa tarde, dei comigo a passar na janela não sei quantas vezes, olhando para o prédio em frente. Sem qualquer movimento. Até que o meu marido voltou do trabalho e tudo ficou por aí.
Na manhã seguinte, o dia deveria, supostamente, ser tão normal como o anterior. No entanto, eu não o sentia assim. Sentia-me nervosa, desconcentrada, não conseguia estar quieta. Andava de um lado para o outro a dar despacho a toda a gente - parecia-me que nunca mais se iam embora!
Finalmente, a porta fechou-se e corri para a janela. Sim, corri literalmente. E a sorte sorriu-me, pois ele estava lá! Exactamente como no dia anterior, de tronco nu, à janela...
Sentei-me com a chávena a tremer-me nos dedos, tentando disfarçar o nervosismo e aparentar calma e naturalidade, mas com o coração a mil.
Desta vez, não fugi quando o seu olhar encontrou o meu. Acho que sorri, ou pelo menos, tentei fazê-lo.
Por momentos, ele ficou impassível, talvez a duvidar se o meu esgar se dirigia a ele ou se destinava a qualquer outra pessoa. Olhou em redor, depois para mim outra vez. E como eu não tirava os olhos dele, acho que finalmente percebeu. Acho não, tenho a certeza, pois o que fez em seguida não deixava nenhuma dúvida!
Ele olhou para trás, para dentro de casa. Não sentindo qualquer presença, endireitou a espinha. Aí percebi que era mais alto do que inicialmente me parecera.
Mas ele não se limitou a endireitar-se. Afastou-se um pouco da janela, mais para dentro... E aí pude ver tudo! Ele não estava apenas despido da cintura para cima... Estava nu!
As nossas casas ficavam do lado oposto da rua, as respectivas janelas frente a frente. Mas não era uma rua muito larga, pelo que a distância permitia ver com claridade. E eu vi...
Vi o triângulo muito negro da sua púbis e, no centro, um pénis semi-erecto, que foi crescendo à medida em que mo dava a observar!
Em meros segundos, ficou completamente teso! Era longo, muito grosso, com uma cabeça enorme que brilhava um pouco.
Imediatamente me senti invadida por um calor absurdo nas partes baixas, e percebi que o meu sexo estava a escorrer.
Ele continuou impávido, exibindo o totem, olhando directamente para mim.
Mas, nessa altura, deve ter sentido um qualquer movimento e voltou a debruçar-se na janela, olhando para baixo. Segundos depois, surgiu por trás dele a sua mulher, que se debruçou também à janela.
Eu fui rápida a desviar o olhar e, sem me atrever a olhá-los de novo, fechei a janela e meti-me para dentro.
Não sei porque senti necessidade de correr para a casa de banho, já que me encontrava sozinha em casa. Podia tê-lo feito em qualquer lado, até na cozinha, com a janela fechada. Mas não...
Fechei a porta, baixei as cuecas, sentei-me na sanita e masturbei-me até chegar ao orgasmo!
Nessa manhã, perdi completamente a noção do tempo e quando os meus filhos chegaram, ainda não tinha feito o almoço.
Fiz-lhes rapidamente uns ovos mexidos e mandei-os para o quarto para dormir a sesta. Depois, sentei-me à janela e esperei, ansiosa.
Durante muito tempo não houve qualquer sinal. Finalmente, a janela abriu-se e o meu vizinho, sempre em tronco nu (só o tronco?), debruçou-se e acendeu um cigarro. Por trás dele, consegui ver que o número de caixas já era significativamente menor.
Em seguida, a mulher aproximou-se para lhe dar um beijo, disse qualquer coisa e saiu do plano.
Minutos depois, vi-a sair pela porta da rua com as três crianças pela mão. O meu coração acelerou, pois isso queria dizer que ele estava sozinho...
Eu tinha ideias, fantasias, desejos... O meu problema não era não os ter. O que não tinha era... coragem!
Olhei para ele e sorri, temendo que, como de manhã, o meu sorriso não passasse de um esgar indefinido e desajeitado. Mas ele sorriu-me de volta, tranquilizando-me.
Eu queria baixar a alça do vestido, talvez levantar a saia, baixar um pouco as cuecas, tocar-me à sua frente. Reciprocar de qualquer maneira o que ele me tinha oferecido.
Mas na hora H, parva como sou, não consegui!
Já assim como estava, vestida, tinha a sensação de que toda a gente, em ambos os prédios, estava a olhar para mim.
Zanguei-me comigo própria, frustrada com a minha cobardia! Mal consegui acariciar um seio por cima da roupa, só para lhe dar qualquer coisa.
Vieram-me as lágrimas aos olhos, não sei se ele as viu, mas voltou a sorrir-me, como se me quisesse acalmar, e afastou-se da janela, mostrando-me mais uma vez o pau.
Nesse momento, quis beijá-lo em agradecimento, por ser capaz de me compreender tão bem!
Desta vez, já estava bastante duro e começou a massajá-lo para mim. Ao vê-lo assim, só queria enfiar a mão dentro das cuecas, meter dois dedos na racha, mostrar-lhe todo o meu prazer! Mas não me consegui mexer, pura e simplesmente paralisei.
Então, ele fez tudo sozinho. Durante aproximadamente cinco minutos, ficou a masturbar o grande pénis apenas para meu benefício (e dele, claro).
Passado esse tempo, acelerou subitamente os movimentos, fez uma expressão que mais parecia de dor, e começou a ejacular profusamente!
Vi perfeitamente os seus jactos grossos, um por um, a sair daquela cabeça enorme, muito redonda, e a projectarem-se pelo ar, enquanto, com a mão, ele ia fazendo agora movimentos mais bruscos, para o ajudar a espremer tudo.
Não sei onde terão aterrado os seus esguichos, mas certamente teria que passar um bom bocado em limpezas se não queria que a mulher descobrisse.
Ainda para meu benefício, pegou numa toalha e limpou o pau, os tomates e a pintelheira negra, oferecendo-me a imagem da sua nudez completa.
Depois, olhou-me uma última vez, abriu um calmo sorriso e fechou a janela. Mesmo a tempo! Nesse preciso instante, o meu filho mais novo entrou na cozinha para me pedir mimos.
Eu sentia a cona alagada, precisava urgentemente de me esporrar. Dei-lhe um brinquedo e disse:
- Espera um bocadinho que a mãe vai só à casa de banho.
(continua para a semana...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com