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09 June, 2018 Será a legalização ou não da prostituição o real problema?

Eu hoje em dia tenho um respeito enorme por esta profissão.

Temos uma profissão que é estigmatizada até por pessoas com actividades paralelas à nossa, actividades essas que também as pratico! Tenho vindo a observar que muita gente nos olha como "coitadas" não tem verbas para fazer ou acontecer! Coitadas...

Será a legalização ou não da prostituição o real problema?

Mas a verdade é que muitas de nós não é por falta de verbas MAS SIM porque nos estamos mesmo a cagar para os pormenores.

Eu sinto que a legalização não irá eliminar a estigmatização!

O mundo centra-se no CERTO E NO ERRADO! No Preto e no Branco, porque o ser humano é limitado!

Criou-se este mito em que nós somos pessoas de fraca moral E COMO TAL temos que estar à mercê de insultos, e terrorismo psicológico!

Na verdade, por trás da prostituição está um ser humano, que tem um nome, um DNA único, que tem capacidade de amar, ter família, ter amigos e socialmente adaptado à sociedade.

A legalização iria trazer responsabilidades e alguém iria beneficiar com isso, e penso que nós não estamos para isso!

Eu penso que metade desta gente não sabe o que fala!

Reparem no pormenor da constante discussão deste assunto que vai quase sempre ter às doenças sexualmente transmissíveis, lenocínio, e obtenção de contratos de trabalho para que se possa usufruir das mesmas condições que outros.

Ora bem...
Vamos aqui isolar os factos!

Se estamos a prestar um serviço podemos sempre ter como escolha fazer os nossos próprios descontos - SE ASSIM O DESEJARMOS - mesmo não havendo CAE!

Para se poder fazer descontos temos logo que nos colocar sobre CAES paralelos.
Ou seja, e como exemplo, sou prostituta mas vou-me colocar como massagista! :/ WHT

Com relação ao lenocínio, o mundo sabe que é crime!
Nós não somos analfabetas!

Com a legalização, o chamado proxeneta /madame iria de imediato poder criar empresa, ter as suas trabalhadoras de sexo, e um dia destes estava tudo a trabalhar por objectivos sobre a imposição das suas regras.

Essas "regras" passariam a ser OK!

Já estou a imaginar: "Despedimento por justa causa porque fez mal o oral ao cliente"!

Vamos aqui ser realistas:
A legalização não vai acabar com o tráfico humano, nem com o lenocínio, nem muito menos fazer com que pessoas com mau fundo se tornem boas... Para isso era necessário terapia ou institucionalização rápida!

Muito menos vai acabar com os riscos sexuais.

Compreende-se o facto de haver casas que recebam "meninas" e muitas vezes por escolha delas.

É mais seguro! Não cria tanta ansiedade como a uma trabalhadora do sexo que o faz no seu apartamento e tem que abrir a porta a desconhecidos!

A única lacuna que eu me deparo neste mundo é a falta de "organização" e parece-me que o nosso subconsciente assimilou o que é negativo e esqueceu-se do positivo.

A consequência disso fez com que "os homens" se conseguissem organizar em nos criar terror psicológico.

Eles estão conscientes dessa lacuna e por isso escrevem o que querem sobre nós de forma violententíssima, QUE NOS LEVA A PERDER O DOMÍNIO SOBRE AS NOSSAS VIDAS.

Ou seja, lê-se o que se escreve sobre nós, MAS como estamos divididas, acabamos por dar uma pré-autorização inconsciente, e quando damos por ela, estamos a mudar de número de TLM, de cidade, de nome, de sites, para não nos seguirem o rasto.

Acaba por ser uma tentativa falhada porque ESSES HOMENS DEDICAM O SEU TEMPO A SEGUIREM O NOSSO RASTO!

No outro dia estive a fazer as contas.

Escolhi 2 deles e peguei numa máquina de calcular e comecei a somar todos os valores em cada post.

Vocês já se deram ao trabalho de ir somar???
Pagam para poderem falar de nós para conseguirem ter aceitação no grupo.

São pessoas que possivelmente estão muito doentes, com muitos traumas não identificados, onde transferem a sua raiva para nós!

No final, estas quantias de dinheiro pagas para falarem de nós são basicamente gritos de desespero de incapacidade de amar e criar relações de intimidade!

MAS NÓS NÃO TEMOS A CULPA DISSO!
E NO MEIO DESTE PROCESSO SOMOS SEVERAMENTE MAGOADAS, HUMILHADAS, ENVERGONHADAS.

Relembro que quando abrimos a porta esses homens TIVERAM SEMPRE MAS SEMPRE A OPÇÃO DE VOLTAREM PARA TRÁS E RECUSAR O SERVIÇO!

Não o fizeram e intencionalmente porque precisam de transferir sentimentos, escolheram-nos a nós!
Porque nos vêm divididas E ISSO É QUE NOS TORNOU VULNERÁVEIS!

E nós, por falta de união, tornamos-nos esponjas e no final do dia está cada uma em sua casa a bater mal sozinha... EM SILÊNCIO!

Esquecemos-nos QUE JUNTAS CONSEGUIMOS AQUILO QUE SOZINHAS NÃO SOMOS CAPAZES!

Estamo-nos a esquecer de um factor básico, que é CORAGEM PARA MODIFICAR O QUE SE PODE!

Estamo-nos a esquecer do friozinho na barriga no primeiro dia que DECIDIMOS atender o primeiro cliente da nossa vida!

Estamo-nos a esquecer desse acto de coragem!

Mais importante que este debate de legalização é termos consciência de quem somos.

Não é por sermos acompanhantes que alguém tem o direito de nos humilhar e inferiorizar.

As próprias mulheres, por vezes, acabam por escrever-nos dicas de como ser acompanhante como se fossemos atrasadas mentais.

Eu fui uma dessas mulheres, e desde já peço desculpa, mas andava eufórica dentro de um balão de ar.
Tive que picar o balão de ar para esvaziar o meu EGO... Já estava a passar dos limites.

Agora lentamente estou a voltar a mim... Finalmente!

Como já disse, eu hoje em dia tenho um profundo respeito por esta profissão e por nós todas.

Por isso, há que rever se realmente é a legalização ou não que nos está a afectar neste século!

Arriscando agora, eu acho que deveríamos ter um local seguro onde pudéssemos partilhar estas coisas todas umas com as outras!

Possivelmente 1h por dia, 1 vez por semana, iria MUDAR TUDO.

O dinheiro de facto é bom, MAS MELHOR AINDA é ouvir umas às outras, apoiar, partilhar experiências, e verificar que andamos há anos a sentir o que sentimos sozinhas, MAS agora ouviamos outras a identificarem-se connosco... E ISSO É LIBERTADOR!

Não precisamos de intermediários, pois nós próprias poderíamos trazer imensa ajuda umas às outras!

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