26 June, 2025 A janela em frente - Parte 4
Começava sempre com uma mensagem matinal, que me dava tesão para o dia inteiro.
"Sei o que tu queres que te façam... Lamber-te o cu, meter-te os dedos, lamber-te a cona, meter-te o pau! Agarrar-te nos cabelos, chamar-te porca, comer-te a cona, comer-te o cu, comer-te a boca! Mas não me vir..."

"Não até me agarrares no caralho, me bateres uma punheta e me fazeres esporrar todo para cima de ti! Quero-te comer, quero que me comas, porca!"
Começava sempre assim, com uma mensagem dele, matinal, que me dava tesão para o dia inteiro. Pelo menos, até nos ligarmos mais tarde.
Ainda nos víamos da janela, mas preferíamos uma visão mais ao pormenor no WhatsApp. Quando a mulher dele estava em casa, trocávamos mensagens de texto. Quando ela saía, podíamos falar de viva voz.
– Bom dia. Como estás?
– Chama-me porca. Adoro que me chames porca.
– Bom dia, porca.
– Nunca mais aparecias. Estou com vontade.
– Húmida?
– Toda molhada!
– Abre as pernas, mostra-me...
– Adoro a tua cona!
– Mostra-me o pau!
– Estou a ver que hoje estás on fire...
– Hoje? Sempre, contigo. Só me apetece foder!
– Já percebi. Porque não me abres a porta?
– Não fales nisso. Já disse que não.
– Melhor! Porque não deixas a porta no trinco... Assim, eu entro quando menos esperares. De manhã, depois do teu marido sair.
– Por favor, vamos mudar de assunto. Já falámos disso. Não podemos. Eu sou casada. Tu também. Tens filhos.
– Estás na cama, a dormir, sentes os lençóis a levantar...
– Pára!
– Não sabes quem é, não sabes o que quer...
– Oh! Por favor...
– De repente, sentes um corpo quente ao teu lado.
– Hummm...
– Um corpo estranho e anónimo que te cheira, que te pesquisa, que te...
– Ohh!
– ... Começa a tocar indiscretamente...
– Assim não aguento!
– Ficas assustada, mas ao mesmo tempo... Sentes um prazer desconhecido a percorrer-te o corpo todo. Ficas surpreendida quando ele te penetra... Mas não lhe dizes para parar.
– Sim... Tão molhada... Quero pau!
– Não disseste que tinhas um dildo? Vai buscá-lo, enfia-o nessas bordas.
– Sim, vou enfiar.
– Uau, que grande! Muito realista. Só tens esse?
– Sim.
– É bom ter um mais pequeno, para o rabo... Promete-me que vais comprar um.
– Sim, prometo.
– Agora mete esse na racha.
– Ohh...
– Vês, se tivesses outro, agora podias meter os dois...
– Nunca meti dois.
– ... E imaginar que estás a ser comida por dois gajos.
– Ohh!
– Deve ser grande demais para meter no cu, não? Já experimentaste?
– Sim. É muito grosso. Não cabe.
– Pena. Alguma vez foste comida por dois gajos?
– Não.
– Nunca te comeram por trás e pela frente ao mesmo tempo?
– Não.
– Nunca chupaste dois caralhos?
– Não. Só quero chupar o teu.
– Então, chupa, porca!
– Vou chupar. Fazer broche! Mete todo na minha boca! Sou a tua porca!
– Sim, chupa este caralho teso! Chupa bem a cabecinha...
– Queres que te lamba o cu?
– Humm... Hoje estás cheia de boas ideias. Queres-me lamber o cu?
– Sim.
– Então, lambe, querida! Adoro que me lambam o cu.
– Vou lamber. Primeiro chupo o teu caralho, depois lambo o teu cu.
– Então, chupa, querida, mama nessa piça! Foda-se! Mamas melhor que a minha mulher. E a minha mulher é uma profissional da mamada. Podia trabalhar numa leitaria.
– Vá, passa agora ao meu cuzinho. Isso... Gostas? É bom?
– Sim...
– Sabe a quê, o meu cu?
– A cu.
– Gostas de sabor a cu, porca?
– Gosto.
– Mete a ponta da língua no olhinho, mete.
– Meto sim. Meto a língua dentro do teu cu.
– Isso, assim. Cheira bem esse buraco. Fode-me o cu com a essa língua molhada!
– Simmm!
– És linda!
– Tão bom... Queres lamber o meu? Para estar bem lambuzado quando mo meteres atrás? Não me esqueci.
– Sim, não te esqueceste. Prometi que hoje te enrabava.
– Lambe bem primeiro, para não doer.
– Ok, eu lambo esse rabo porco. Já cagaste hoje?
– Não.
– Não faz mal. Eu empurro-te o cagalhão.
– Ohhh... Tratas-me tão bem...
– Dás-me tusa!
– Simmm!
– Abre bem o cu na minha boca. Isso. Ponho a língua dentro.
– Humm... Estou toda aberta!
– Sinto o sabor do teu cu na minha boca. E enfio-te os dedos na cona!
– E eu mamo o teu caralho teso!
– Sabes, querida, hoje de manhã estive a foder. Tirei fotos. E não tomei banho depois disso. Ainda tenho a picha a feder à rata da mãe dos meus filhos.
– Humm... Vieste-te na cona da mãe dos teus filhos?
– Claro. Para isso somos casados. Posso enchê-la de esporra cada vez que me apetecer. Vim-me todo lá dentro. E depois, chupei tudo. Fiquei com a esporra toda na boca.
– Queres deitar na minha boca?
– Sim, quero escorrer a esporra da cona da minha mulher para a tua boca!
– Para a minha boca de porca!
– Para a tua boquinha linda...
– Ohhhhh... Deita tudo na minha boca! Senta-te na minha boca! Bate uma punheta na minha boca!
– Engole tudo!
– Simmm!!! Estou com a boca aberta, deita tudo!
– Bebe tudo, querida!
– Sinto a boca cheia de esporra!
– Tenho o pau capaz de partir um prato! Vira o cuzinho para mim. Isso! Vou meter o pau nessas nalgas de porca!
– Mete, filho da puta! Mete no meu cu! Enraba-me como uma porca!
– Toma nessas nalgas, porcalhona!
– Ahhhhh!!! É tão grande, tão duro!!
– É como me deixas.
– Adoro! Adoro que me enfies o pau no cu...
– Gostas, querida?
– Simmmm, enfia tudo até ao fundo!
– Toma pau no cu!
– Fode-me toda, caralho! Fode-me o cu todo! Suja-me toda! Foda-se... Estou-me a vir...
– Vem-te, porquinha!
– Ahhhhhhh!!!
– Foda-se, não largues o telemóvel. Assim não vejo nada!
– Ahhhhhhh!!!
– Isso, esporra essa cona toda!
– Tão bom! É tão bom... Fodes-me tão bem!
– Vou esporrar nesse cu também! Queres?
– Sim, enche o meu cu de esporra!
– Cá vai. Ohhhhhhh!!!
– Ahhhhhhhh!!!
– Foda-se, que cu tão apertado! Toma leite nessas nalgas! Ohhhhh!!!
– Ahhhhh!!!
– Estás toda suja. Rabo de porca!
– Sim, sou a tua porca!
– Vou lamber esse cuzinho todo, como fiz à minha mulher. Depois, abres a boquinha e eu deito tudo lá para dentro. Café com leite.
– Siimmmm!!!
– Foda-se! Tu matas-me! Que tesão! Que orgasmo...
– Que orgasmo, sim! Nunca tenho orgasmos assim.
– Nem eu. Abre as pernas, quero ver essa racha e esse olho do cu a palpitar. Foda-se, és tão boa! Nem imaginas o quanto quero esfodaçar esses buracos!
– Adoro fazer sexo contigo.
– Adoro foder-te! Quero foder-te a sério. A sério... Deixa a porta aberta. Hoje não, porque acho que já não tenho pinga dentro de mim. Mas deixa-me a porta aberta, amanhã, um dia, vou ter contigo. Entro-te pelos lençóis...
– Não fales nisso, já disse.
– Salto-te para cima...
– Não podemos!
– Fodo-te esse cu!
– Ohhh!
– Fodo-te esse cu até te saltarem lágrimas dos olhos! Lágrimas de felicidade, de tesão, de prazer infinito...
– Pára, não posso... Por favor, não insistas!
– Nem que seja só uma vez.
– Desculpa.
– Imagina!
– Vou desligar!
Este jogo durou umas seis semanas. Nas nossas pequenas sessões, um dizia “mata”, o outro dizia “esfola”, e foi assim, sempre, até ao fim. Nunca nos despedíamos sem um orgasmo.
Na minha vida, não tive muitas experiências, mas não recordo algo tão intenso. Não falo de almas gémeas, porque não nos conhecíamos na realidade, mas nunca sentira uma dança de dois parceiros tão sintonizados no mesmo tipo de desejo. Mesmo tudo sendo virtual, à distância.
Encontrámos esse caminho por acaso, porque a oportunidade se apresentou, porque não havia ninguém a ver. Porque a curiosidade nos fez sentir puros e com vontade de brincar.
Trilhámos esse caminho juntos e deixámo-nos perder nele, sem pensar quem éramos, fomos ou imaginávamos ser.
Mas era tudo, apenas, uma fantasia, certo? Nunca deixava de o ser. Mesmo que fosse uma fantasia que rapidamente, organicamente, necessariamente gerasse outras fantasias...
Ele continuava a insistir que nos devíamos encontrar. Queria o meu corpo físico, o meu sexo real.
Ao contrário do que planeara no início, desde que me dispus a despir-me para ele quando me apareceu na janela e se despiu para mim, comecei também eu a sentir uma séria urgência, que se sucedia a uma intensa abstinência do seu toque.
Já fizéramos tudo, menos tocar-nos. Ele não parava de deitar sementes no húmus da nossa luxúria. E agora era a minha mente que não me dava descanso.
Pensava no meu marido, na mulher, nos filhos dele. Não podíamos... Mas imaginava-o... Como não?
O seu calor, o seu peso, o seu cheiro, o seu volume. Não estou a falar do membro que me iluminava o prazer, aquele caralho enorme de veias salientes, capaz de cuspir rios de lava como uma serpente perversa de tesão inesgotável. Estou a referir-me ao homem. Precisava senti-lo. A pele, o osso, a carne dele em mim.
Todo o meu corpo tremia só de pensar....
Tudo se resumia, então, a um pequeno, mas muito significativo dilema: teria eu, alguma vez, a coragem de dar o passo que ainda nos separava?
Depois de lhe ter aberto a janela das minhas fantasias, seria capaz de lhe abrir a porta da minha vida real? E se o fizesse, no dia em que ele entrasse, estaria preparada para aceitar a surpresa? Ou desfaleceria de medo, vergonha, arrependimento, no momento em que ele pusesse pé na minha sala?
Era tudo isso que, no meio dos mil orgasmos que ele me dava, eu precisava de descobrir...
(continua...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com