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01 August, 2019 Crónica de uma foda anunciada

Desde aquela fotografia que imortalizou a nossa infância, o destino nunca nos falhou...

A minha primeira noção do sexo oposto foi Anabela. Eu era ainda muito novo, teria os meus 4 anos… As nossas mães eram amigas chegadas e passávamos muito tempo juntos, praticamente como um casalinho de irmãos.

Crónica de uma foda anunciada

A primeira fotografia que me lembro de tirar, e que ficou famosa nas respectivas famílias, foi com ela, no último dia do Jardim Escola, sentados no bordo de um muro, a Anabela muito loirinha e embevecida a olhar para mim, e eu com cara de poucos amigos, chateado por aquela exposição pública de intimidade que não me convinha nada…

A disparidade das nossas expressões tornava a imagem sobretudo cómica, suscitando traduções diferentes conforme o olhar. Para as nossas mães, aquele instantâneo tornou-se uma espécie de compromisso profético, o símbolo de uma união que inevitavelmente acabaria por redundar em casamento. Era o destino! Mas, para um miúdo quase a fazer 6 anos, aquilo era o mais próximo de uma fotografia comprometedora. No código masculino infantil, era uma mancha que significava que me “interessava por raparigas”, essas criaturas insuportáveis que só sabiam brincadeiras parvas. Portanto, toda uma humilhação…

Mesmo que não fosse verdade, e não era, sabia que aquela indiscrição iria “correr mundo” e originar uma dose substancial de gozo por parte dos meus amigos, provavelmente durante as férias inteiras. Não me enganei.

No ano seguinte, a escola primária separou-nos, pois fomos cada um para seu colégio, mas acabámos por nos reencontrar no ciclo preparatório. O destino parecia conspirar novamente para a nossa união, pois não só acabámos na mesma turma na escola como Anabela veio morar para a minha rua! Então, íamos e voltávamos todos os dias juntos…

Nessa altura, com cerca de 11 anos, já nos “observávamos” com outros olhos, menos infantis e mais curiosos. No entanto, se é verdade que entre nós existiu sempre uma “electricidade” muito particular, o facto é que, por uma ou outra razão, nunca a explorámos. Ambos mantínhamos um interesse evidente, porém reservado, pelo outro. Mas de alguma forma tínhamos criado anticorpos em relação a qualquer outra hipótese que não a amizade. Quer dizer, eramos amigos há tanto tempo que era difícil imaginarmo-nos doutra maneira. De modo que, apesar de nunca deixarmos de nos “olhar”, sem uma evolução que nos levasse para outros patamares, a relação esmoreceu. Ela criou o seu próprio grupo de amigos, eu idem, e um dia, quando demos por nós, já só nos “olhávamos” à distância…

Já na secundária, ela tornou-se uma namoradeira compulsiva, que andava pela escola a partir corações e que mudava de paixão como a Elisabeth Taylor mudava de marido. E eu tinha entretanto desenvolvido uma paixão platónica por outra rapariga, tipicamente juvenil e que consumia todas as minhas energias. Naturalmente, afastámo-nos ainda mais.

Qualquer história, para merecer ser contada, precisa dos seus momentos dramáticos. E o nosso foi, mais uma vez, no último dia de escola

Apesar de já pouco termos a ver um com o outro, nesse dia particular, em plena matiné comemorativa do fim do ano lectivo, não sei como nem porquê, acabámos nos braços um do outro. Começámos a curtir ainda na escola, numa sala de aulas onde já não havia alunos nem professores, e continuámos na pista de dança da discoteca que a escola tinha improvisado.

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A cerveja que os dois já tínhamos bebido, a música lenta, as luzes a catrapiscar, o calor de uma centena de corpos adolescentes atafulhados num pequeno espaço, tudo isso concorreu para aquele instante que se assemelhava a uma espécie de insanidade temporária. Deixámo-nos simplesmente levar… Beijámo-nos como dois apaixonados e ela conduziu as minhas mãos para lugares da sua intimidade que eu não sabia que existiam mas ansiava por conhecer. Já era de noite quando nos conseguimos largar… E foi a última vez que nos vimos. Pelo menos, durante os 20 anos seguintes.

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Quando a vida me fez regressar à cidade da minha infância, já depois de muitas voltas amorosas de maior ou menor sucesso, encontrava-me só. Era, aliás, parte de uma decisão mais abrangente. Queria mudar muita coisa e estar com alguém não fazia parte dessa mudança.

Uns meses depois de ter chegado, dava eu um dos meus passeios pelas ruas estreitas e pouco frequentadas da cidade, vi ao longe uma figura alta, loura, até espampanante, que me atraiu de imediato: era Anabela.

Nessa altura hesitei e não cheguei à fala com ela. Mas soube, nos dias seguintes, alguns retalhos da sua história. Depois de terminar a escola, apesar de ter notas para isso, recusara-se a ir para a universidade. Preferira ir trabalhar para a empresa dos pais e arranjar casa própria. Passou então uma fase em que ganhou muito peso, pouco ou nada se cuidava, e foi-se desinteressando de tudo. Passava horas sozinha e só raramente se deixava ver, quase sempre na biblioteca pública, onde periodicamente ia reabastecer remessas de livros. Quem me contou isto disse-me que tinha meia dúzia de gatos e nunca lhe conhecera um namorado

Mais recentemente saíra então daquele torpor, mas de uma forma tão estranha como nele tinha entrado.

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Começou a cuidar-se quase com avidez, passava horas a andar e depois a correr de fato treino pela cidade e arranjara emprego numa pastelaria, onde resistia religiosamente à tentação das guloseimas. Dizia-se que fizera um ginásio em casa, onde malhava obsessivamente.

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Como resultado disso, perdera todo o peso que tinha ganho em anos, e até mais algum, e transformara-se na figura que eu vira na rua: um mulherão com tudo no sítio, com uma beleza muito loura e quase espampanante, como já disse, e que calava as conversas dos homens à sua passagem. No dia seguinte, convidei-a para jantar.

Quando atendeu o telefone senti-a genuinamente espantada e feliz. Segundo me disse, lembrava-se muitas vezes de mim. Sabia que me tinha tornado escritor e lera todos os meus livros. Adorava! Deixou-me o ego aos saltos em apenas um par de minutos...

Ao jantar, a conversa fluiu como se nunca nos tivéssemos desencontrado, pois ela tinha uma cultura bastante vasta (provavelmente de ler todos aqueles livros, incluindo os meus!). Mas, em presença, a sua beleza era ainda mais perturbadora. Sentia que estava a jantar com um ser de um planeta diferente e, apesar da facilidade do diálogo, uma parte de mim permanecia atarantada.

Eventualmente acabámos a falar de relações, em concreto das minhas, para satisfação da curiosidade dela. E quando, por meu turno, tentei saber algumas das suas façanhas, respondeu-me com toda a naturalidade que não tivera nem estava a pensar ter um relacionamento com ninguém…

– Bem, de certa forma percebo-te – disse eu, compreensivo. – Aliás, depois das experiências que tive ultimamente, penso mais ou menos como tu. Não me vejo com ninguém tão depressa…

– Pois.

– Mas quando é que tomaste essa decisão? Ou seja, há quanto tempo é que estás sozinha?

– Desde sempre.

– Sim, mas “sempre” quando?

– “Sempre”… sempre.

– Desde a escola?!

– Se considerares que na escola “estive” com alguém, sim… Apesar de não sentir isso.

– Mas… Desculpa, não estou a perceber bem. Mas o que é que aconteceu?

– Nada de especial. Lembras-te com certeza que naquela altura tinha muitos pretendentes… Bem, a dada altura percebi o que queriam de mim. Sobretudo, percebi que não queriam mais nada a não ser isso... Cansei-me. Não vos condeno, é uma coisa da vossa natureza. Mas sinceramente não tenho interesse nesse tipo de ligação. Não é da minha natureza.

– Mas… não gostas dos homens? É isso que estás a dizer?

– Não tenho nada contra os homens. Apesar do que pode parecer, sou muito normal nesse aspecto. Os homens atraem-me, sinto desejo por eles... Às vezes um desejo violento. O que não suporto é a forma como agem. Sobretudo, não suporto a sedução. A sedução é um jogo de falsos interesses que os homens executam para chegar onde querem. É tão evidente que é preciso ser-se muito estúpida para não perceber. Porque os homens não têm mais nenhum interesse verdadeiro a não ser esse. Eu vejo um gajo aproximar-se de mim e topo-o a milhas. Ele começa com aquela conversinha mansa e aquilo dá-me nojo. Os elogios, as carícias, os mil rodeios com que nos dizem “coisas profundas” e nos fazem juras e promessas de amor como se nós fossemos parvas... Nada daquilo é verdade. Dizem aquilo porque pensam que precisam de o dizer, ou que nós precisamos de o ouvir, para nos convencerem a irmos com eles para a cama!

Ao ouvi-la dizer isto, e por mais que o meu pensamento fosse contrário à lógica do seu discurso, confesso que a ideia me passou pela cabeça…

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Ela devia ter o talento daqueles estadistas que, não interessa o que digam, nunca deixam de inspirar as massas. Pelo menos, era o efeito que me estava a dar – a mim e à minha picha! Alheia a teorias e controvérsias, dava-me marradinhas nas calças enquanto Anabela continuava…

– Eu percebo que a maior parte das mulheres vá nisso... Algumas até gostam, porque é a única maneira que conhecem. Para a maioria dos homens e mulheres é assim que se faz, foram todos educados com a “canção do bandido”, eles para a saberem de cor e elas para fingir que gostam de a ouvir. Se qualquer imbecil acredita que consegue enganar uma mulher com esse paleio, é porque ela o deixa acreditar. Eu não aceito isso, é ofensivo para a própria condição feminina. As mulheres são directas, os homens são sinuosos... As mulheres sabem o que querem, os homens não têm a coragem de dizer o que lhes apetece “mesmo”. Sem rodeios, sem tangas! Por isso acabam os dois a jogar esse jogo de sinais, de códigos secretos, de interpretações subjectivas, que geram mais mal entendidos do que bons entendimentos. Por mim, não estou disposta a embarcar nesse tipo de hipocrisia. Por isso estou só e sinto-me bem assim. Sinto-me bem comigo mesma, com o meu corpo, com o efeito que sei que produzo nos homens. E a verdade é que me sentiria garantidamente mais frustrada com um homem assim do que me sinto sem homem nenhum...

Depois deste discurso, que me deixou literalmente sem palavras, Anabela bebericou um trago de vinho e voltou aos escalopes como se não fosse nada com ela.

 Como podem calcular, qualquer ideia romântica que eu tivesse acerca daquela noite morreu imediatamente. Era como enfiar a gaita num saco de gelo. Quanto mais revia mentalmente as coisas que lhe tinha dito quando a vira, como estava bonita, como parecia jovem, como os seus cabelos eram louros, como os seus olhos eram azuis, como era inteligente, enfim, todo aquele flirt básico e espontâneo que emerge da genética do homem quando se senta diante de uma mulher bonita, mais me sentia apanhado, denunciado, desmascarado pela lógica dela!

Tudo o que ela dissera, sabia agora, era verdade. Nós somos de facto básicos. Os homens são como os actores de segunda categoria que aspiram a vencer um Óscar... Vivemos na ilusão de que a nossa conversa de merda é digna de constar duma antologia literária e que as nossas técnicas de sedução são tão sofisticadas que seriam capazes de converter uma freira à ninfomania. Mas a verdade é que somos uns tangas desajeitados e qualquer mulher com dois dedos de testa o topa imediatamente. Se elas permitem que façamos esse jogo é, como disse Anabela, porque querem!

Fiquei calado tanto tempo, a esmiuçar todas estas ideias no meu pobre cérebro atordoado, que Anabela sentiu necessidade de me “acordar”…

– Espero que não tomes isto como uma coisa pessoal...

Além de tudo, ainda conseguia ler os meus pensamentos! Mas talvez, afinal, ela também fizesse o seu jogo, pois logo a seguir deu-me a entender que não fazia ideia do que me ia na cabeça…

– Em que é que estás a pensar, se se pode saber?

Soou-me a falso, mas podia ser só o meu ressentimento a falar. Afinal, ela acabara de me expor duma maneira humilhante. Pior, de repente fizera-me sentir outra vez como na fotografia dos nossos 6 anos…!

– Nada… – menti. – Talvez seja melhor levar-te a casa.

– Como quiseres.

À porta de casa dela, só queria despachar aquilo e sair dali. Sentia o peso dos seus olhos sobre a minha impaciência e não conseguia olhar para ela. Foi Anabela que quebrou o silêncio, a única coisa mais pesada que o seu olhar...

– Lembras-te daquela tarde na discoteca?

Acenei afirmativamente, ainda de olhos no chão.

– Eramos tão novinhos. Lembro-me que nem sabias onde meter as mãos…

Com surpresa, senti-a pegar na minha mão e apertá-la carinhosamente. Depois puxou-a para baixo, o que quase me desequilibrava, antes de a voltar a subir. Ao princípio nem percebi o que estava a fazer… Só quando levantei os olhos é que vi. Com a mão dela, Anabela tinha passado a minha mão por debaixo da saia e encostara-a ao baixo-ventre. Senti algo macio e quente entre os dedos. Eram as suas cuecas de algodão, forradas com o tufo proeminente dos seus pintelhos. Parecia uma almofada bebé…

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Sempre com a sua mão sobre a minha, desceu um pouco mais e comprimiu, forçando os meus dedos a adentrar por sobre o tecido nas bordas da cona, ao mesmo tempo que fechava os olhos e libertava um suspiro lascivo. Excitada, deixou cair a cabeça no meu ombro e procurou a minha mão livre, que posicionou sobre a sua nádega esquerda. Depois, deixou as minhas mãos entregues à sua independência e abraçou-se-me ao pescoço, abandonada aos gemidos de prazer que as minhas carícias lhe iam provocando.

Passado um instante, com os olhos semicerrados de tesão, olhou-me de frente e disse:

– Sempre sonhei em estar contigo. Sonhava quando eramos miúdos, e depois li os teus livros. Os teus personagens não têm medo. Dizem o que sentem. Não têm rodeios… Consegues fazer isso comigo? Consegues ser directo? Consegues dizer o que queres, sem tangas, sem promessas… Sem jogos?

As palavras saíram-me sem sequer pensar nelas:

– Quero-te foder!

Mal saíram assim, sem filtros, da minha boca, a dela respondeu com um esgar selvagem! Senti os seus dedos cravarem-se nos meus ombros como garras…

– Continua…

– Quero-te lamber toda! Quero-te morder as mãos, os olhos, os mamilos! Quero-te foder até te vires…!

A cada um dos meus “quereres” ela respondia com um balido de prazer. Eu tinha-lhe entretanto desviado as cuecas para o lado e masturbava-a agora avidamente, com dois dedos meio-enfiados na cona alagada.

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– Quero enfiar o caralho nessa cona molhada!

Brincava com o polegar em cima do clitóris, muito suavemente, contrastando com a força com que tentava enfiar os dedos que, por qualquer motivo, não conseguiam penetrá-la mais fundo. Encostei-a à porta de casa, fi-la abrir mais as pernas e tentei outra vez, mas sem sucesso.

– Foda-se, és tão apertada! – disse, enlouquecido por aquela resistência que recebia como uma desafio.

Foi quando Anabela disse as palavras mais surpreendentes que já ouvi na minha vida:

– Não forces… Assim não. Nunca fiz.

O meu cérebro básico de homem demorou um bocado até compreender a situação.

– Mas… Estás a dizer que és… Virgem?!

Olhou-me nos olhos com indisfarçável tesão:

– Sim. Sou virgem…

– Mas como…?!

– Nunca estive com um homem.

Fiquei tão baralhado que por momentos não sabia o que fazia e, pior que isso, não sabia o que fazer…!

– Queres entrar?

Não respondi logo, feito estúpido.

– Anda.

E puxou-me para dentro.

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Depois de a deitar carinhosamente sobre a cama, uma estranha calma apoderou-se de mim. Já não tinha aquela sofreguidão de antes, aquela urgência de ir onde nunca tinha ido. Estava agora muito mais concentrado em aproveitar a viagem, com tudo o que ela me pudesse trazer. A ideia de que a situação era delicada tornou-me igualmente delicado. Percebia que era a primeira experiência dela, aos 40 anos, e não queria ser bruto, pelo contrário, queria que fosse carinhoso e especial.

Beijámo-nos durante muito tempo, deixando as mãos explorar os respectivos corpos e trocando confidências.

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Ao princípio, Anabela estava tímida (eu estava um pouco nervoso), mas eventualmente fomo-nos sentindo mais libertos e íntimos.

Quando a excitação a pôs de novo a suspirar, tirei-lhe as cuecas lentamente e comecei a beijar-lhe as pernas, a lamber-lhe as virilhas, a mordiscar-lhe os pintelhos, até chegar ao centro das decisões, o que celebrei imprimindo a língua na textura macia dos lábios da racha. Tinha uma cona bonita, bem desenhada, doce e perfumada, e apresentava reflexos brilhantes dos fluidos que o seu prazer a ia fazendo libertar. Sorvi todo aquele deleite divinal, antes de passar ao clitóris. Assim que a ponta da minha língua lhe tocou no botão mágico, contorceu-se como uma cobra. Agarrei-lhe então nas ancas, para a segurar, e lambi-a até ela acelerar muito os gemidos, arrepanhar uma melena dos meus cabelos, comprimir a cona contra a minha boca, e rebentar num orgasmo explosivo e monumental!

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Durante a troca de confidências, Anabela dissera-me que se costumava satisfazer através da masturbação clitoriana clássica, a que gostava de acrescentar um vibrador no ânus. Até aí tinha resistido a introduzir o dildo na vagina porque não queria perder a virgindade de uma forma artificial…

No momento em que me brindou com o primeiro orgasmo sob os efeitos da minha língua, a minha reacção foi afastar-me um pouco, aliviar a pressão sobre o grelo, pois sabia que algumas mulheres ficam tão sensíveis depois de se virem (ou quando o clitóris é manipulado durante muito tempo) que o prazer acaba por dar lugar a um desconforto ou até mesmo dor. Convém não esquecer que estamos a falar de um órgão ultranervoso e altamente delicado, com preceitos particulares de funcionamento e que é preciso compreender antes de “usar”…

No entanto, esse não era o caso de Anabela. Segundo me disse mais tarde, estava habituada a prolongar a masturbação até perfazer ciclos de 5 orgasmos, cada um diferente do anterior… Por isso, ao notar o meu afastamento, apressou-se a pedir:

– Não, não pares! Mete dois dedos no cu…!

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A pouco e pouco, o restante da timidez que lhe vinha da inexperiência ia desaparecendo. E quando, já depois de se vir uma segunda vez com a minha língua e os meus dedos, a enrabei até bem ao fundo, consegui mesmo que repetisse a conversa porca que a desafiava a reproduzir:

– “Adoro sentir a tua picha no meu cu.” Diz!

– Adoro a tua picha no meu cu…!

– “Adoro sentir o teu caralho grosso e os teus tomates a baterem-me no rabo.” Diz!

– Adoro o teu caralho grosso e os teus tomates no meu rabo!

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E, entre gemidos cada vez mais expressivos, foi dizendo tudo o que eu lhe dizia para dizer… Até que lhe pedi para repetir o que ia na alma de ambos:

– “Quero que me fodas! Quero que me tires os três!” Diz…

­Mas ela não disse. Pelo menos não com aquelas palavras. Agarrou-me a cara entre as mãos, de forma a fixar-me olhos nos olhos, e pediu com uma voz que daria tesão a um defunto:

– Faz amor comigo… Faz-me sentir mulher!

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Nos 4 meses seguintes, dormi todos os dias na cama de Anabela. Houve mesmo semanas em que praticamente não saíamos da alcova. Ela queria saber tudo, aprender tudo, experimentar tudo…

Depois acabei por receber um convite irrecusável para visitar o Tibete, onde já tinha pensado ir fazer pesquisa para o meu novo livro, e quando voltei, um ano depois, Anabela tinha deixado a cidade sem deixar qualquer indicação sobre o seu paradeiro.

Nunca mais nos vimos, mas algo me diz que a nossa história ainda não está fechada. Afinal de contas, e apesar todas as voltas que agitaram as nossas vidas, desde aquele dia no muro, quando uma fotografia imortalizou a nossa infância, o destino nunca nos falhou…

 

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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