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22 août, 2025 Sexo & Ansiedade: O dedinho maroto

Estávamos no nosso italiano favorito quando a Vanessa contou que o marido lhe pediu um dedo... atrás...

Há poucas coisas mais engraçadas do que ver uma pessoa púdica a falar de assuntos... delicados. Aconteceu na semana passada, durante um jantar com as meninas.

Sexo & Ansiedade: O dedinho maroto

Estávamos no nosso italiano favorito, a degustar as nossas respectivas saladas, pestos e risottos, quando, do nada, a Vanessa soltou a sua pequena bomba incendiária:

– O Hugo pediu-me para lhe meter um dedo (cof cof) atrás...

Imaginem a pessoa mais séria e cínica do mundo – a Jorge! – com um ataque de riso e sem conseguir parar!

– Explica lá isso melhor – pedi, quando, finalmente, nos refizemos da bombástica revelação.

– Então, foi isso. Estávamos a fazer amor e ele pediu-me... Para lhe meter um dedo...

– No rabo?

– ... Atrás!

Voltámos todas a rir, pois nada parecia mais deslocado da figura conservadora e hirta do marido da Vanessa.

– Não sei o que é que ele anda a ver, mas comigo não conte para porcarias! Só de imaginar me sinto toda suja...

– Isso quer dizer que não meteste... – provocou a Júlia.

– Achas?! Disse que tinha ouvido um dos miúdos a chamar, levantei-me da cama e só voltei quando o ouvi a ressonar.

Claro que a cena abriu toda uma discussão entre nós, relembrando experiências passadas com essa prática, hoje popularmente conhecida por "dedinho maroto".

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No meu caso, foi há muito tempo e partiu da minha própria iniciativa. O gajo com quem eu andava fez-mo primeiro e, como apreciei a sensação, não me pareceu estranho fazer-lho a ele. Não correu como eu pensava...

"O que é que estás a fazer?! Eu sou homem! Não sou gay! Por favor, não tentes isso outra vez!”

Não tentei com ele, mas fi-lo no futuro, a outros que adoraram, e até a alguns que mo pediram.

Sem surpresa, a Júlia partilhou algo semelhante:

– A primeira vez que me fizeram senti um choque, uma mistura de curiosidade e aquele “que raio é isto?”. Depois, achei delicioso! Uns dias depois, estávamos a fumar na cama, depois do sexo, já só nas festinhas, eu a brincar-lhe com os pêlos em baixo, e deixei o dedinho escapar até à entrada… ou saída, como preferirem. Ele arregalou os olhos como se eu lhe tivesse proposto um exorcismo! Parecia um gato escaldado! Levantou-se e só não se foi embora porque eu lhe prometi que não voltava a tentar.

Só a Jorge, como sempre, tinha uma perspectiva diferente. Talvez por uma questão de abertura de género, todas as coisas que para nós pareciam estranhas, para ela pareciam as mais naturais do mundo.

– Meninas, como decerto já ouviram dizer, o cu não tem género. Eu faço-o, sempre o fiz, e adoro que mo façam. Se querem a minha opinião, homens que rejeitam o prazer anal, perdem metade da festa. Ainda por cima, a próstata é o ponto G masculino. Se não o aproveitam, parvos são eles!

E a verdade é essa: se nós, mesmo sem próstata, gostamos, porque não gostarão eles também? Porque não usufruir do que a natureza lhes deu? Por vergonha de gostarem? Por receio de se sentirem menos homens? Por medo do que os amigos pensem se souberem que andam a enfiar corpos estranhos na porta dos fundos?

Perdoem-me os homens que assim pensam, mas, como diz a Jorge, parece-me a maior das parvoíces. Então, têm um botão de prazer ali à mão, completamente aberto, acessível, disponível, a catrapiscar, e rejeitam-no por medo de parecerem "menos machos"?

Portanto, por uma vez histórica e sem exemplo, tivemos que dar razão ao marido da Vanessa. Que ele o pedisse, não só demonstrava a sua abertura sexual, como inteligência e coragem de derrubar o preconceito. Só isso merecia o sacrifício de ela limar as unhas e fazer-lhe a vontade.

 Ele não to mete a ti?

 O dedo? Onde, atrás?! Achas?!

Então, é por isso que não sabes como é bom... Da próxima vez que ele te pedir, diz-lhe que só o fazes se ele to fizer a ti. Chama-lhe o princípio da reciprocidade anal! Vais ver como mudas logo de opinião.

Não sabemos se a Vanessa, com todas as suas barreiras, um dia estará disposta a permitir-se à experiência. Mas, entretanto, desmistifiquemos: o dedinho maroto não faz duma mulher suja, nem faz dum homem gay. Quanto muito, fá-los felizes a ambos!

Felizmente, hoje há cada vez mais mulheres e homens abertos ao prazer sem barreiras. Os “machos” modernos, esclarecidos, como o Hugo, abrem-se sem preconceitos à sua sexualidade, cultivam o prazer e não têm vergonha de explorar e entregar-se a ele.

Portanto, aproveitem. Apreciem as coisas boas da vida sem moralizar em demasia.

No caso concreto, meninas, cuidado com as unhas, vão com calma, usem lubrificante e riam-se das caras deles quando se sentirem penetrados dessa maneira.

Depois, quando os virem a olhar para vocês a gemer, agradecidos e dispostos a tudo para vos compensar, vão ver como valeu a pena!

E vocês, queridas leitoras e leitores, já provaram esta iguaria picante? Contem-me tudo! Enviem mensagem para sexo-e-ansiedade@hotmail.com.

Até para a semana!

Beijos da,

Sara X

(Sara escreve de acordo com a antiga ortografia)

Sara X

Sara X

Sexo & Ansiedade é uma crónica semanal assinada por Sara X, sobre a vida na cidade de 4 amigas – a própria autora, Júlia, Jorge e Vanessa –, que nos oferece um mosaico pitoresco das experiências quotidianas, stresses, problemas e aventuras da mulher moderna, com especial enfoque nas áreas amorosa e sexual.

Actuais e divertidas, curiosas e activas, tão diferentes e tão iguais, Sara e as amigas personificam a mulher do Século XXI na sua busca pela definitiva libertação, vencendo obstáculos e derrubando barreiras, sem nunca deixarem de fazer, pelo caminho, a festa que merecem...

Sara X é uma mulher directa, independente e sedutora. Escritora de profissão, distingue-se pela forma prática, “fora de merdas”, como olha para a vida. De natureza aberta, bissexual, gosta de chamar as coisas pelos nomes e escreve sobre o sexo tal e qual como o pratica: sem inibições.

As suas crónicas chegam agora ao Blog X onde, por maiores que sejam os segredos e mistérios do “eterno feminino”, Sara não deixará nada por dizer!

Comentários e sugestões para o e-mail: sexo-e-ansiedade@hotmail.com

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