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26 Mai, 2019 Piropos javardos e o que merecem!

"Fiu, fiu, não sabia que as rosas andavam" é poesia.

Eu adoro palavras. Perco bastante tempo a pensar nas mesmas, no que significam e como as posso usar. A mesma palavra num contexto específico pode ter um ou outro significado, gerando diferentes reacções. Vamos pegar no exemplo de um piropo tasqueiro que já não tenho certeza se é legal ou não. Se eu for no Metro agarrado a um daqueles postes metálicos que mais parecem incubadoras verticais de germes e estiver uma rapariga à minha frente com, digamos, um distinto par de voluptuosos seios, irei pensar em algumas coisas para lhe dizer (pese embora, nunca o faça).

Piropos javardos e o que merecem!

Suponhamos que num momento de espasmo mental pleno de boas intenções, ligava os intestinos à boca e dizia "mas que grande par de mamas, ó porca!". Péssimo. Tudo péssimo nesta frase. Aliás, mesmo que retiremos o elemento suíno da equação, dizer "mas que grande par de mamas!" a uma estranha no Metro, é meio caminho percorrido para levarmos com uma imitação de uma mala de marca na tromba (e com toda a razão!). Continua a ser péssimo, contudo, é um pensamento que percorre todo e qualquer bom homem que se depare com uma prateleira de cariz autoritário.

Contudo, se eu alterar a expressão, a coisa pode ganhar outro contorno, NO ENTANTO, não deixa de ter a mesma intenção e isso é que me fascina. Mesma situação, mesma rapariga e os mesmos tetos. Vejo tudo isto a aproximar-se e digo "belas marufas!". Estão a ver? Esse sorriso que têm agora na cara, é o mesmo que ela vai ter durante três segundos antes de me dar com uma imitação de uma mala de marca no focinho. A expressão "marufas" muda tudo (menos levar na cara!). Há ali claramente um momento de indecisão em que a pessoa não sabe se deve ou não levar a mal alguém que use uma expressão tão pitoresca e rural para elogiar de forma pervertida um par de cabeços.

Podemos melhorar isto e mudar todo o outcome desta situação claramente hipotética dado que eu não sou um pervertido de gabardine no Metro? Mesma situação, mesma rapariga, mas vamos aumentar a parada: umas chuchas ainda maiores do que as anteriores. Isto tudo vem na minha direcção e eu digo "belas marufas, minha senhora!". Estão ver a diferença? Temos todo aquele colorido da expressão "marufas!" e depois a classe e charme de um medievalesco "minha senhora". O que é que isto muda? Ganhamos mais uns segundos antes de levarmos na cara com uma imitação de uma mala de marca.

Quando é que não se deve usar a expressão "marufas"? Num contexto sexual. Ninguém que se preze está entregue a um momento de paixão e calor intenso onde se deve, de facto, "perder o respeito" à outra pessoa, pergunta à moça que está de joelhos à espera de receber o esmegma "para onde é que queres que me venha?" e ouve "vem-te nas minhas marufas!"

Certo? Cada coisa tem a sua altura e o seu momento, portanto e só para terminar esta questão de querermos dizer o que nos vai na cabeça do caralho... não digam nada. Tirem uma foto mental às mamas e aos cus que por aí andam e batam uma em casa sozinhos como um homem a sério.

Até quarta e boas fodas.

Noé

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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