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22 May, 2025 A história de Camila

Conheceram-se numa aula de ballet e Camila não sabia que o sexo podia ser tão intenso!

Camila levantou-se lentamente. Doíam-lhe os ossos e estava toda empapada. O sémen escorria-lhe dos três orifícios e no ar estava de novo aquele cheiro animalesco que ficava quando ele se ia embora.

A história de Camila

A custo, chegou à casa de banho, deixou-se cair na sanita, e urinou abundantemente.

Antes de se meter na banheira, ficou a observar-se ao espelho. Marcas por todo o lado, a maioria antiga, mas as de hoje também.

Os olhos inchados com as bolsas de água que não tinha chorado. As faces assadas, assim como o pescoço, da forma como as mãos deles a agarravam. O lombo cheio de manchas vermelhas.

Uma nódoa já a enegrecer num dos seios, que o seu amante espremera como um louco. Mas o pior era a nádega... Virou-se de costas e conseguiu ver a marca dos dentes bem cravados perto do ânus.

ASarilhos A história de Camila 1

Doía-lhe, mas a água do duche envolveu-a e acalmou-lhe a dor. Suspirou.

Enquanto lavava do corpo as marcas da perversão que lhe manchavam a pele, rememorava as cenas deste último encontro com o amante. Adorava quando ele aparecia assim, sem avisar. Sem ela estar pronta.

Como ele a excitava!

Virou o jacto para a vagina e deixou-se masturbar pela língua líquida e quente da água. Acabou por se vir mais uma vez, a quarta daquela manhã.

Adorava quando ele aparecia assim, sem avisar, e trazia com ele um amigo que ela não conhecia...

ASarilhos A história de Camila 2

Conheceram-se um ano antes, numa aula de ballet. Camila já era velha para se tornar bailarina, mas achou que não era tarde para experimentar.

Foi a uma aula de adultos, com uma professora francesa. Ele estava lá, a ver pelo vidro. Segundo pôde perceber, os dois tinham uma qualquer relação indeterminada, mas não amorosa, dava para ver. Aliás, ele era bastante mais velho que ela.

Era um personagem estranho, todo vestido de branco, também muito mais velho que Camila. Logo nesse dia, seduziu-a.

Primeiro, esperou pelo final da aula e meteu conversa com ela, ainda no salão. Estratégico, foi esticando o tempo para que o resto da classe dispersasse, até que, com surpresa, Camila reparou que estavam sozinhos.

Então, ele foi gentil, charmoso, assertivo, implacável!

Só lhe tirou as cuequinhas e baixou um pouco as próprias calças. Já estava de pau feito e foi direito à cona de Camila, que para não cair teve que se agarrar à barra transversal.

ASarilhos A história de Camila 3

A dada altura, ouviram-se vozes, passos a subir as escadas. Ele não entrou em pânico. Rebocou-a para a casa de banho dos homens e aí sim, despiu-a toda e despiu-se todo.

Voltou a dobrá-la de forma a deixá-la com o rabo exposto, disse-lhe que a partir de agora ela era dele e, sem mais avisos, sodomizou-a.

Camila já se tinha deitado com homens. Muitas vezes. Mas não sabia que o sexo podia ser uma coisa tão bestial, tão intensa. Logo aí pensou que o amava, mas talvez não fosse exactamente a ele, mas antes àquela experiência brutal que, apenas em minutos, a transformara para sempre.

Saiu da casa de banho a sentir-se rasgada e com as pernas a escorrer. Era outra pessoa. Nunca tinha sentido tanto prazer!

ASarilhos A história de Camila 4

Não voltou para a segunda aula. Em contrapartida, ele fez-se visita assídua da sua casa.

Ao princípio combinavam, cada um tinha a sua vida. Mas com o passar do tempo, Camila entregou-se-lhe mais e mais. Deixou de fazer muitas outras coisas. Ficava apenas à espera que ele se lembrasse de aparecer.

Então, ele já nem avisava. Vinha quando queria. Ela abria-lhe a porta, ele entrava e passava logo à acção!

Rasgava-lhe as roupas, atirava-a ao chão, saltava sobre ela. Apalpava-la, arranhava-a, mordia-a. Camila gemia a cada uma dessas carícias e por antecipação, antes de ele a penetrar.

Ele não sabia ser manso, não tinha sensibilidade. Ela sentia o seu peso e abria-se para ele como podia. Podia ser na cona, podia ser no cu, podia ser pela garganta.

Sentia o seu grosso membro entrar dentro dela e alargar-lhe os canais na medida proporcional do seu delírio!

ASarilhos A história de Camila 5

Camila nunca fora de orgasmo fácil. Com ele, parecia que bastava um dedo para começar a verter um oceano. Nunca como com ele se sentira saciada, preenchida, realizada.

Pensou que não havia gozo maior que aquele, que atingira o limite do prazer humano. Até ao dia em que ele trouxe um amigo...

Era da mesma idade dele, mas Camila nunca chegou a perceber como se relacionavam. Não eram amigos, isso era evidente, mais pareciam um vendedor e o seu cliente. Foi apenas o primeiro...

Nesse dia, o seu amante entrou e disse-lhe:

– Trago uma coisa para ti.

Camila amava-o, ou assim julgava, e nunca tinha pensado dividir-se por outros homens. Mas era o que ele queria.

Nunca percebeu bem porquê. Talvez ganhasse dinheiro a oferecê-la a outros. Talvez gostasse de ver, embora duvidasse que fosse isso, pois às vezes ia-se embora a meio.

Mas, muitas vezes, ficava e colaborava no acto, preferencialmente deixando a boca e o sexo para a visita, reservando para si o cu.

ASarilhos A história de Camila 6

Nesses dias, ficava a dar instruções, como se fosse o capataz duma ganadaria.

Muitas vezes, achava que os outros não eram tão afirmativos como ele desejava que fossem. Não infligiam suficiente ardor. Em suma, eram demasiado macios!

Então, corrigia-os:

– Mais forte, caralho! Isso! Mais rápido, foda-se, ela não é de porcelana! Fode essa racha, filho da puta! Está descansado que não a vais partir.

E eles faziam o que ele dizia, amplificavam a sua entrega. Faziam sempre o que ele queria - ele transmitia esse carisma, era um líder natural.

E Camila, debaixo deles, em cima deles, no meio deles, mero objecto dos seus devaneios arbitrários, gritava, berrava, gania de agonia e prazer. Vinha-se várias vezes em cada sessão.

Finalizado o acto, os homens saíam rapidamente de cena, deixando-a estatelada onde quer que tivesse caído, a escorrer fluidos, os deles e os dela.

ASarilhos A história de Camila 7

Ela acordava do transe com os ossos doídos, o corpo pesado, o ânimo lento, mas iluminado. Arrastava-se para a casa de banho.

Despejava a bexiga e ficava a olhar-se ao espelho, a inventariar as marcas que lhe ficavam da sessão - nódoas negras, arranhões, dentadas, medalhas na carne que a celebravam como mulher.

Até que chegou o seu aniversário e o amante decidiu fazer-lhe uma surpresa.

Camila abriu a porta e nem queria acreditar! Todos, ou quase todos os amigos que ele tinha levado à sua casa para se deitarem com ela, estavam reunidos na sala de estar!

Ao todo, mais de vinte com certeza! Não apenas isso, apresentavam-se já devidamente despidos e com os respectivos membros empinados e a pingar.

Não perderam tempo a agarrá-la. Adivinhava-se uma longa tarde...

ASarilhos A história de Camila 8

Camila sentiu-se como se estivesse num carrossel. Era passada de mão em mão, de braço em braço, apalpada, espremida, arranhada, virada, escarafunchada e penetrada em todos os buracos. Parecia que não tinha peso!

Por todo o lado, os seus olhos só viam caralhos, pilas, pichas, vergas e barrotes.

Cada um por si, à vez, e todos juntos em uníssono, entraram dentro dela pelo menos numa ocasião, despejando em todos os seus orifícios, reais e imaginários, os seus jactos férteis de bisnaga humana, fonte feérica de esporra quente, espessa, inesgotável.

ASarilhos A história de Camila 9

Ficou lavada de alto a baixo, num baptismo de esperma que não tinha paralelo com nenhum outro momento da sua vida.

Quando todos se foram embora, Camila percebeu que a sua vida tinha terminado. Não num apocalipse, mas em absoluta apoteose!

Percebeu que nunca mais poderia ser feliz. Se repetisse o que tinha vivido, o coração não aguentaria. Se se impedisse de fazê-lo, pereceria de desgosto.

Só desejava ter, até ao fim da vida, aqueles vinte caralhos enfiados dentro dela!

O dilema não lhe deixava manobra. Se ficasse, morreria de prazer. Se partisse, morreria de saudades.

ASarilhos A história de Camila 10

Não fez nem uma coisa nem outra.

Nunca ninguém soube o que aconteceu. Num instante, viram-na na rua toda nua. No instante seguinte, desapareceu.

Nunca mais se ouviu falar dela.

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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