10 mai, 2025 Preservativo: entre a protecção, o estigma e o direito de escolher
A camisinha não é apenas um objecto. É um símbolo de liberdade e de escolha informada.
Apesar da sua eficácia e importância, o preservativo continua a ser rodeado por estigmas e preconceitos. Muitas pessoas evitam falar sobre ele abertamente, seja por vergonha, seja por crenças ou por falta de confiança na relação. Como mudar isso?

O preservativo, muitas vezes conhecido de forma informal como "camisinha", é um dos meios mais eficazes e acessíveis de protecção sexual. O seu principal objectivo é claro: prevenir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST) — como o VIH, a sífilis, a gonorreia, entre outras — e evitar gravidezes não planeadas.
Existem dois tipos principais:
- o preservativo externo, geralmente usado sobre o pénis;
- o preservativo interno, conhecido como preservativo feminino, que é colocado dentro da vagina.
Ambos actuam como uma barreira física que impede o contacto directo com fluidos corporais, onde podem estar presentes agentes infecciosos.
Preservativo ainda levanta tabus
Apesar da sua eficácia e importância, o preservativo continua a ser rodeado por estigmas e preconceitos. Muitas pessoas evitam falar sobre ele abertamente, seja por vergonha, seja por crenças culturais ou religiosas.
Há ainda quem associe o seu uso a falta de confiança dentro da relação, ou o encare como um obstáculo ao prazer sexual.
Este tipo de mentalidade, infelizmente, tem consequências sérias: promove o silêncio, desinforma e dificulta o acesso à protecção por parte de quem mais dela precisa.
Mulheres e Trabalho Sexual
Para muitas mulheres, sobretudo em contextos de vulnerabilidade, o uso do preservativo está longe de ser uma escolha livre. Há quem ceda a relações desprotegidas por receio de perder o namorado ou parceiro.
Em situações de dependência emocional ou económica, o medo da rejeição ou de conflito leva muitas a "facilitar". O mesmo acontece no Trabalho Sexual, onde, muitas vezes, os clientes recusam o uso de preservativo - e a necessidade financeira força à cedência.
Esta desigualdade de poder, profundamente enraizada na nossa sociedade, transforma o direito à protecção numa batalha desigual.
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A importância da educação sexual
Neste cenário, a educação sexual desempenha um papel absolutamente central. A escola, em articulação com a família, deve ser um espaço onde se fale sem tabus sobre o corpo, o consentimento, os métodos contraceptivos e o respeito mútuo.
A informação clara, acessível e contínua ajuda a formar jovens mais conscientes e preparados para fazer escolhas seguras. Mas não basta informar — é preciso capacitar. Ensinar os jovens a dizer “não”, a negociar limites e a valorizar o seu bem-estar deve ser parte integrante da educação para a cidadania.
Em última análise, o preservativo não é apenas um objecto. É um símbolo de liberdade, de saúde, de escolha informada. É também um acto de amor-próprio e de respeito pelo outro.
Quebrar os estigmas à sua volta não é só uma questão de saúde pública — é uma questão de justiça social.
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