24 julho, 2025 A janela em frente - Parte 8
Sozinha em casa, toda molhada por baixo, não acreditava que ele viesse, mas...
A manhã estava silenciosa, mas não era o vazio que habitualmente se instalava na casa quando o meu marido e os miúdos saíam. Era mais uma sensação de abandono, quase palpável, como se o mundo tivesse parado. Ou como se, possuidora de tudo o que necessitava, me continuasse a faltar qualquer coisa, a peça essencial da felicidade...A janela em frente - Parte 7Confissões X: O meu vizinho vem a minha casa foder-me

Não me apetecia levantar. Fiquei na cama, quieta, envolta num casulo de lençóis quentes, o corpo pesado, a mente a vaguear entre sonhos e a realidade difusa da alvorada. Não conseguia, nem o queria, esquecer o que se tinha passado na noite anterior...
Parecia que ainda sentia na cona, como uma dor fantasma, o volume denso, a espessura larga, voluptuosa, do caralho do meu vizinho a bolsar dentro de mim.
Aquele pau com o qual eu tanto sonhara e que, por fim, deixara de ser uma imagem distante, que eu cobiçava à janela ou no ecrã do telefone, e se tornara um objecto real, presente, físico, duro como ferro e de veias salientes, enterrado até ao fundo do meu sexo!
Conseguia senti-lo, cheirá-lo, como se estivesse ali...
No ar espalhava-se o odor matinal dos lençóis lavados na véspera — uma mistura de detergente e um leve travo de alfazema — entrelaçado com o cheiro morno da minha própria pele, meio adormecida.
Mas, apesar de ter tomado banho antes de ir para a cama, para o meu marido não perceber o cheiro a sexo, inconfundível, que tresandava do meu corpo, os aromas essenciais do corpo do meu amante permaneciam gravados na minha memória.
Com a cabeça afundada na almofada macia, os cabelos espalhados como uma auréola desleixada, sentia no corpo uma electricidade subtil, um formigueiro inconsciente que antecipava o que estava por vir.
Na noite anterior, depois de fodermos na festa, ele deixara a promessa no ar:
- Segunda-feira, 10h, na janela.
Segunda-feira... Faltava um dia inteiro!
Um dia inteiro para voltar a sentir as suas mãos quentes a apertar-me as mamas, os seus dedos experientes a espremer-me os bicos tesos, a cabeça gorda do seu pau a escancarar-me os lábios da racha, o seu cacete vivo a rasgar-me toda por dentro!
Só de os recordar agora, sentia a cona a escorrer...
Domingo era, tradicionalmente, o dia de irmos como família ao parque. Os miúdos brincavam, nós bebíamos gin tónico. Namorávamos na esplanada, almoçávamos, passeávamos junto ao mar... e à noite fazíamos amor. Um ritual sereno, excitante, sem surpresa. Sem orgasmo.
Nesses tempos, eu via o sexo conjugal como uma actividade curricular, um requisito da conjugalidade que era esperado e que nunca pensaria incumprir. Claro que as sessões duravam até o meu marido acabar, como era costume em qualquer relação tradicional.
Nunca o questionei porque razão, depois de se satisfazer, não passávamos à parte de me satisfazer a mim. Simplesmente, isso não entrava no cardápio.
Se às vezes acontecia eu vir-me, era um bom dia, uma boa foda. Ficávamos ambos felizes por isso. Se não, paciência, não era nada de anormal, era simplesmente assim. Nem ele sentia culpa nem eu o acusava. Nunca lhe cobrei mais do que era suposto um marido dar à sua mulher.
Costumava adorar esses inícios de fim-de-semana. Mas muita coisa mudara entretanto. Tudo, aliás, para ser completamente sincera, desde aquele primeiro dia em que o vi à janela. Ele, o agora meu amante, o meu vizinho do outro lado da rua, nu, de pila tesa, com o ar mais descontraído do mundo.
Há vários domingos, já, que dispensava a tradição. Desculpava-me dizendo que havia muito para fazer em casa e, além disso, era bom que o pai passasse mais tempo útil com os filhos, já que trabalhava a semana toda fora, ao passo que eu ficava com eles muitas horas do dia.
E assim, eles habituaram-se a ir sem mim. Acrescentaram ao programa uma visita à casa da avó, minha sogra, e isso proporcionava-me um dia praticamente inteiro só para mim. Como as coisas andavam, era extremamente grata por isso.
Um dia inteiro só para mim... Um dia inteiro para esperar até segunda-feira às 10h! Não conseguia deixar de pensar no desperdício de oportunidade. Mas ele também devia ter o seu domingo familiar, um programa com a mulher e as crianças. Expectável, normalíssimo, natural.
Só tinha que esperar, não me intrometer, deixá-lo em paz, pensei. Claro que isso não me impediu de lhe enviar uma mensagem.
- Não consegues escapar-te? Sozinha em casa. Marido e filhos só voltam depois de jantar. Deixo a porta no trinco...
Só de escrever estas linhas, senti uma explosão marítima no centro das minhas pernas. Não aguentei mais, esfreguei-me até me vir!
Ali deitada, sentindo a expectativa pulsar dentro de mim, toda molhada por baixo, o corpo abandonado no torpor do orgasmo, acabei por adormecer de novo.
Não acreditava que ele viesse. Nem sequer respondeu à minha mensagem. Estava com a família dele, claro. Era natural.
Mal dei pelo momento e, ao início, nem tinha a certeza que estava a acontecer...
Não ouvi a porta a abrir. Despertei com um ranger quase imperceptível no soalho no corredor. Depois, passos suaves, cuidadosos, mas... seriam mesmo? Não seria o cérebro a pregar-me uma partida?
Fiquei atenta a cada som da casa — o vento nas cortinas, os estalos da mobília, o roçar das folhas lá fora, uma mosca a brincar com uma bola de cotão... Tudo parecia amplificado, irreal, mas nada que denunciasse uma presença humana.
Adormeci de novo, desiludida. Não sei quantas horas, dias, minutos, segundos passaram até acordar de novo. Não ouvia nada, não sei explicar, mas o ar mudara. Estava mais denso, mais quente, mais carregado.
Então, sim, um lamento nítido da madeira do soalho do quarto e, logo a seguir, o colchão a ceder ligeiramente ao meu lado, com o peso de um corpo estranho, alterando o equilíbrio da cama.
Um arrepio subiu-me pela espinha. Não sei porquê, mantive os olhos fechados. Tinha medo de os abrir e descobrir que não era real, que era apenas o meu sonho, que ele não estava ali.
Ele não falou. Não precisava. Senti os lençóis da cama a levantar e um corpo quente aninhando-se no meu. Aí dissipei todas as dúvidas.
Senti o sopro quente da sua respiração na minha nuca. O cheiro dele, sabonete, suor e algo mais visceral, mais primário. O cheiro do seu sexo nu!
Não sei como o fez, as suas mãos nunca me chegaram a tocar... Senti uma dor absurda, faíscante, espalhar-se sobre todo o meu corpo, enquanto ele me enfiava o sexo grosso no ânus!
(continua...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com