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13 dezembro, 2019 O que aprendi nestes 2 anos como camgirl

Espero que este pequeno texto traga alguma luz para quem está começando e também a quem já está aí há algum tempo...

Neste último mês de novembro completei 2 anos como camgirl e estive a pensar nas coisas que aprendi neste tempo, não somente sobre as pessoas, mas sobre mim mesma. E, já que há tantas outras mulheres a entrar nesse meio, pensei que compartilhar estes aprendizados pode ajudar um pouco a quem está a começar.

O que aprendi nestes 2 anos como camgirl

Aprendi a respeitar-me mais.

Ainda que se trate de um trabalho sexual feito pela web, de certa forma também é um pouco desgastante e é preciso estar bem emocionalmente para conseguir atender em um dia que não há lá tanto tesão. Este é um trabalho gostoso de fazer, mas como qualquer outro trabalho há dias em que tu simplesmente não queres fazer absolutamente nada ou falar com quem quer que seja, e o que eu posso dizer é “não faças”. Vais deixar de ganhar aí uns euritos? Sim, vais. Mas mais vale manter a sanidade do que enlouquecer por dinheiro, afinal não é um dia a mais ou a menos de trabalho que vai te deixar mais rico ou mais pobre.

A grande verdade é que boa parte de nossos clientes estão a lixarem-se para com nosso bem-estar. Não importa se estás doente, se já atendeu sua quota de clientes naquele dia, se está toda dorida do período, se não pode atender num horário “xyz”, sempre vai ter cliente que vai reclamar, amuar e fazer gracinhas para tentar convencer-te a realizar as vontades dele. Nestas horas é preciso respirar fundo, responder de forma muito assertiva e, a depender do caso, até desligar ou deixar a falar sozinho.

Passei a valorizar-me ainda mais.

Há quem veja isso como orgulho ou falta de humildade, mas eu sinceramente não vejo mal em colocar-me em primeiro lugar. No começo eu ainda acabava por ceder a algumas vontades de clientes, como negociar valor de show, atender a algum que eu não tinha ido muito com a cara ou até me aborrecido... Hoje já não tenho mais esta pachorra e praticamente atendo a quem eu quero.

Há aí garotas que gastam saliva a tentar convencer cliente a pagar o valor correto dos seus serviços, mas eu não faço mais todo este esforço, aliás, nunca fui muito boa em argumentação e sempre estressava-me. Sou muito prática neste sentido, se quer vamos e se não quer procure outra.

Depois de muito tempo a tentar argumentar, percebi que não adianta ceder, ainda mais quando se trata de valores de shows - se tu fazes a 20€ vão querer por 10€, se tu fazes a 10€ vão querer por 5€, daqui a nada estarás a fazer shows a 2€ e a perder a sanidade para atingir teu objetivo diário. Quando trabalhamos com sexo, ainda que virtual, não somos valorizadas, por isso se não nos valorizarmos, quem o fará por nós?

Estes processos aconteceram não só pela necessidade do trabalho, mas pelas mulheres maravilhosas com quem fiz amizade, que ensinaram-me e ainda ensinam muito.

Até meados do ano passado trabalhei sozinha, o que quer dizer é que não tinha contato com outras cams. Com o tempo algumas aproximaram-se de mim espontaneamente e outras conheci por intermédio de outros clientes.

Em algum momento todas nos ajudamos, seja com uma palavra amiga em um dia difícil ou por indicar algum cliente num dia que não temos como atender. Nós trocamos experiências, damos dicas umas às outras, conversamos não somente sobre nossa profissão, mas também sobre coisas do cotidiano e trocamos informações. Criamos um círculo de amizade, confiança, respeito e cooperação mútua. Tenho um carinho imenso por cada uma delas e elas podem ter a certeza que têm um espaço guardado num cantinho do meu coração.

Espero que este pequeno texto traga alguma luz para quem está começando agora e também a quem já está aí há algum tempo, pois creio que quanto mais aprendemos, mais evoluímos como seres humanos.

Beijocas da Suzana!

Suzana F.

Suzana F.

Suzana F. é mente aberta, observadora e crítica por natureza. Apaixonada por literatura, ama ler e escrever sobre sexo. 

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