10 juillet, 2025 A janela em frente - Parte 6
Desde que decidira que aquela seria a noite, a tensão dentro de mim só aumentava.
A festa estava no auge. O bairro pulsava de vida, lanternas coloridas balançavam ao vento, a multidão dançava, conversava e ria animadamente. A música soava alta e o no ar intensificava-se o cheiro das sardinhas, pão quente, cerveja e algodão doce. Uma mistura com tudo para agoniar o meu estômago sensível, se a minha mente não estivesse distraída com outros "assuntos"...

No meio da confusão, eu tentava manter a alma, mas o meu corpo traía-me a cada segundo. Desde que decidira que aquela seria a noite, a tensão dentro de mim só aumentava.
Sabia que ele também estaria ali, algures na multidão, e a expectativa de o encontrar fazia o meu coração bater descompassado.
O meu marido estava ocupado na barraca de comes e bebes, os miúdos corriam por todo o lado, fascinados com as luzes, inebriados com as guloseimas. Eu tentava concentrar-me nas conversas, mas em vão.
Reconhecia as pessoas do bairro, via as suas bocas mexerem, mas não conseguia ouvi-las, muito menos entendê-las. Limitava-me a sorrir estupidamente em resposta às suas palavras enigmáticas.
A minha mente vagueava constantemente para ele - o homem da janela em frente - que naquela noite, se tudo corresse como previsto, deixaria de ser apenas a figura distante para quem eu me masturbava e se masturbava para mim, no lado oposto da rua.
A minha cona ardia de antecipação, lembrando a sua voz rouca...
— Abre esses lábios , quero ver essa rata fedorenta!
... Cheia de promessas.
— Vou foder essas bordas até estarem assadas!
O meu olhar procurava-o incessantemente.
— Quero lamber a esporra do teu cu depois de te enrabar!
Por fim, sentiria o seu toque!
— Vou-te dar orgasmos tão fortes que até te vais cagar toda!
Finalmente, avistei-o! Lá estava ele, acompanhado, claro, pela mulher e os três filhos, todos vestidos com roupas leves e coloridas, próprias do Verão. Ele também estava de calções, mas com uma camisola preta. Achei-o charmoso e viril.
Ao longe, parecia descontraído. Aliás, os três eram o retrato da família feliz. Mas eu imaginava que ele pudesse estar tão inquieto quanto eu.
Um arrepio de prazer, ou loucura, percorreu o meu corpo de alto a baixo. Um calor infernal começava a acumular-se entre as minhas pernas.
Tentei chamar a atenção, colocar-me discretamente no seu ângulo de visão. Via os seus olhos a sondar em redor, como quem procura algo ou alguém. Queria gritar, chamá-lo, mas a prudência impediu-me de o fazer.
Ele não me viu.
Nessa altura, o meu marido chamou-me para me dizer qualquer coisa e quando me virei, já não o vi. Como odiei o meu marido nesse momento! Queria esganá-lo!
Em vez disso, disse-lhe para tomar conta dos miúdos, pois queria dançar. Distraído com as conversas à sua volta, acho que ele nem me ouviu.
Agarrei num copo de cerveja grande e dirigi-me para a pista de dança improvisada no meio do arraial. Bebi tudo pelo caminho e quando cheguei, o álcool já me tinha subido à cabeça.
Juntei-me ao grupo maior que dançava, apesar de não conhecer ninguém. Sentia o calor dos corpos à minha volta, as luzes encandeavam-me, a música, muito alta, embebedava-me mais que a cerveja. Fechei os olhos e deixei-me levar, rodopiando como se dançasse por entre as nuvens.
Estava nessa vertigem quando senti uma presença atrás de mim. Logo, um toque suave, sensual, no meu ombro. Virei-me e lá estava ele, a dançar à minha frente.
Não sei que desculpa tinha inventado para se separar da mulher e dos filhos, mas a verdade é que não queria saber. Ele estava ali e isso era tudo o que me interessava.
Ele sorriu, e eu sorri de volta, sentindo o coração prestes a explodir!
Enquanto nos movíamos com o ritmo, os nossos corpos tocavam-se ocasionalmente, e a cada contacto era como uma faísca que acendia um vulcão dentro de mim. E eu podia ver nos seus olhos que para ele era igual.
A dada altura, as nossas mãos tocaram-se, os nossos dedos roçaram levemente... Depois, ele agarrou-me e ficámos de mão dada durante um segundo. Um único segundo! Ninguém viu, mas foi o suficiente para me fazer tremer toda!
Uma onda de desejos explosivos foi despejada no meu corpo! Não estou a exagerar se disser que comecei imediatamente a escorrer pelas pernas abaixo.
Ele disse-me qualquer coisa, mas com o barulho não consegui perceber. Nem fui capaz de dizer nada, simplesmente acenei, incapaz de formar palavras coerentes.
Então, ele colocou a mão na minha cintura e senti-me gentilmente guiada para fora da pista, para não sei onde.
Caminhámos em silêncio até fora do recinto da festa, até virarmos uma esquina. Sem uma palavra, ele puxou-me para um beco escuro entre dois prédios e entrámos para o que me pareceu um armazém abandonado.
Aí passou logo à acção! Pressionou-me contra a parede e os seus lábios colaram-se aos meus num beijo esfomeado, desesperado.
Senti as suas mãos explorar o meu corpo, primeiro por cima da roupa, e logo procurando qualquer aberta para entrar.
O seu peito musculoso esmagava-me! Ele estava muito quente e puxava-me para si, já com uma ereção perfeitamente evidente.
Eu gemia baixinho, sentindo a cona a arder. Ele baixou-me as calças e os seus dedos encontraram-me já encharcada. Sorriu contra os meus lábios, satisfeito com o que descobriu.
Num movimento rápido, baixou-me as cuecas e levantou uma das minhas pernas, posicionando-se entre elas.
Começou a acariciar-me e percebi imediatamente que, fosse o que fosse que viesse a acontecer entre nós, eu não abalaria dali sem a devida recompensa.
Não demorou muito. Vim-me pela primeira vez com os seus dedos a esfregar-me a cona!
A partir daí, foi como se o meu corpo estivesse em transe. Um transe sexual do qual eu já não conseguia sair!
De repente, virou-me e pensei que me queria comer o cu, como tantas vezes havia desejado – e prometido. No entanto, não o fez.
Senti a sua vara tesa a pressionar-me por trás, sim, mas a espreitar à porta ávida dos meus lábios vaginais.
Mal a cabeça me tocou, eu quis gritar!
Só não o fiz por medo que alguém nos ouvisse, mas a tesão era insuportável! Só queria que ele o metesse, para poder finalmente morrer de gozo!
Queria, desejava, precisava - como nunca tinha precisado de nada na minha vida - senti-lo dentro de mim!
(continua...)
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com