21 agosto, 2025 A janela em frente - Parte 12
Com alguma surpresa, fui vendo como a sua faceta fetichista tomava conta das operações...
Em dois dias, explorámos cada canto do quarto, cada posição, cada limite... Com a sensação do tempo infinito que um fim-de-semana a sós propiciava, as coisas extremaram. Ele mostrou outra face, que eu desconhecia...

Embora, por diversas vezes, já tivesse intuído que ele apreciava actos um pouco mais duros... Mas nunca se tinha atrevido a ir, talvez, onde a imaginação lhe sugeria.
Com alguma surpresa, fui vendo como a sua faceta fetichista tomava conta das operações. Primeiro, pediu-me que vestisse uma roupa especial que tinha trazido para mim. Tratava-se de um uniforme de colegial, que eu já tinha visto em alguns filmes pornográficos.
Não achei muito adequado para a minha idade, mas taras são taras, cada um tem as suas, e se aquilo o excitava, a mim não me incomodava especialmente.
Vesti-me, pois, à sua frente, e a verdade é que me senti bastante sexy, mais jovem e até mais marota. E pela expressão gulosa dele, percebi que também gostava do que via.
Depois de me fazer andar um pouco, como se estivesse num desfile de moda, virou-me de costas e atou-me as mãos com a gravata.
Podia sentir a sua respiração acelerada no meu pescoço, enquanto apertava os nós à volta dos meus pulsos. De soslaio, vi-lhe os olhos a raiar de desejo e poder, enquanto me posicionava de cu para o ar.
Em seguida, baixou-me as cuecas e senti a sua língua esponjosa a fazer cócegas no meu ânus, molhando-me, preparando-me com uma lentidão torturante que me fazia implorar:
– Come-me, cabrão! Fode-me o cu!
– Minha puta...
Ele sussurrava e eu respondia com os gemidos duma mulher rendida à fome que ele alimentava.
Assustei-me quando, depois de me manietar assim, começou a passar uma corda à volta das minhas pernas, ligando-as depois aos tornozelos e entre elas. Dessa forma, ficava praticamente impossibilitada de as abrir.
Não contente com isso, usou fita adesiva para me tapar a boca que, a partir daí, só debitava gemidos surdos.
Doeu-me terrivelmente quando passou a fita em volta dos meus cabelos, mas eu estava tão inebriada de tesão que mal pensava nisso!
E, assim controlada por ele, pôs-me a jeito para investir.
Penetrou-me com uma paciência quase cruel, cada centímetro do seu caralho duro rasgando-me o cu. O prazer era tão intenso que doía, mas era uma dor que eu acolhia e me fazia sentir viva.
Ele demorou-se bastante, tudo quanto quis. Naquele momento, o palco era dele e eu apenas a sua marioneta. Nada podia fazer a não ser esperar e participar, passiva e submissamente, no seu jogo.
Finalmente, veio-se dentro. Senti o calor do seu leite fervido encher-me toda e vim-me logo a seguir, a tremer de cabeça perdida num nevoeiro de êxtase.
Fiquei de rastos, prostrada de prazer. Sentia o olho do cu tão assado que mal me podia mexer. Apenas a esporra, morna e gelatinosa, que saía de dentro de mim, aliviava um pouco a dolorosa impressão.
Ao ver-me escorrer o seu sumo, ele não resistiu: agachou-se atrás de mim e lambeu tudo.
Apesar do prazer indesmentível, nunca tinha feito nada como aquilo e não sabia bem o que pensar. Mas vendo-o terminar assim, naquele gesto de tão doce intimidade, libertei-me de todos os dilemas.
Voltámos a foder ainda manietada pelas cordas, mas, aos poucos, ele foi afrouxando os nós até mas retirar totalmente.
Entre as fodas, conversávamos, sempre nus, entrelaçados nos lençóis amarrotados, encharcados. Falávamos do sexo, de culpa, de liberdade...
– Não te sentes mal? – perguntei, porque eu sentia, não conseguia deixar de sentir.
Ele suspirou, o olhar distante fixo no tecto.
– Sinto. Mas depois olho para ti, e... Foda-se! Vale a pena!
E eu sentia o mesmo.
O meu marido era um bom homem, levava-me café à cama, ajudava com os miúdos, mas não me via como "ele" me via. Ele, o meu vizinho da frente, que me seduzira pela janela. Ou fora eu que o seduzira a ele? Parecia ter sido já há muito tempo, mas poucas semanas ainda tinham passado.
O meu marido era um fofo, mas não me desejava com aquela urgência animal, com aquele fogo que me incendiava. A traição era o preço da minha própria libertação, da renovação da mulher que eu tinha esquecido que podia ser.
Ali, com ele, eu era mais do que a soma das minhas obrigações — era livre, selvagem, desejada, completa.
Nesse dia, à noite, ele tirou da mala um óleo de massagem, espalhou-o pelas minhas costas, pelas pernas, pelas mamas, as mãos deslizando com uma precisão que me fazia gemer antes mesmo de ele me tocar onde eu mais queria.
Massajou-me o clitóris com os dedos escorregadios, enquanto a outra mão explorava o meu cu, abrindo-me, preparando-me para mais.
– Quero ouvir-te gritar! – comandou, e eu obedeci.
Os gemidos ecoaram pelo quarto, extravagantes, indiferentes a quem os pudesse ouvir, enquanto ele abandonava os gestos suaves da massagem e me penetrava de novo, fodendo a cona, depois o cu, depois a boca, e alternando entre todos, com uma voracidade que me deixava sem fôlego.
Cada orgasmo era mais intenso que o anterior, o meu corpo desfalecia de delírio, a mente vazia de tudo excepto dele.
Quando se veio mais uma vez, espalhando a esporra quente pela minha barriga, salpicando-me as tetas ávidas de fêmea resgatada, senti-me como se tivesse renascido, como se cada toque dele me reconstruísse.
Pouco dormimos nessa noite.
No domingo, continuámos a explorar terrenos desconhecidos...
Ele apareceu com um vibrador (tinha levado um verdadeiro kit perverso para o nosso encontro!), um grande nabo preto e brilhante que encostou na minha racha e deixou a zumbir contra o meu clitóris, enquanto me chupava a cona.
A língua dele dançava em sincronia com o aparelho, e eu gritava, sem perceber como era possível sentir ainda mais prazer do que alguma vez já sentira na vida!
Os orgasmos vinham em ondas que me faziam perder a noção da realidade e o sentido do tempo.
Ele deitou-me de costas para me foder de novo o rabo, mas desta vez olhando-me nos olhos.
Agora, recebia aquele caralho enorme como uma luva velha, alargada pelo uso. Antes não fora assim, mas praticáramos muito. Agora entrava e saía sem qualquer dificuldade, só me doía quando ele era mais bruto.
Enrabou-me com força, até ter a ideia peregrina de me enfiar ao mesmo tempo o vibrador na cona. Passados uns segundos, estava a ver estrelas!
Era demais, era tudo demais! E ainda assim, eu só queria mais!
O prazer era indescritível. Era a primeira vez na minha vida, que me sentia penetrada nos dois buracos, simultaneamente, e, de olhos fechados, quase conseguia imaginar que estava a ser fodida por dois homens.
E, uma vez instalada no meu cérebro, essa ideia demorou a abandonar-me, como se nascesse em mim uma fantasia.
Foi preciso, no quadro desse trio decadente, surgirem em volta do meu corpo-objecto as faces do meu amante e do meu marido, para voltar à realidade!
Afastei a imagem com um arrepio de terror, e foquei-me em aproveitar as sensações únicas daquela dupla penetração. Entre ele e o seu vibrante ”amigo”, vim-me não sei quantos vezes nessa manhã.
À uma da tarde, eu estava devastada, morta, mas completa, como se tivesse encontrado uma parte de mim que estava perdida, enterrada, durante anos, por sete palmos de terra de ninguém, de rotina, de banalidade, de desistência.
Ele não se limitara a demolir o prédio da mulher esquecida de ser mulher; abanara os alicerces, as fundações da minha própria existência.
Havia, agora, necessariamente, um antes e um depois na minha vida. Antes dele, eu estava rendida à minha paz. Agora, era submissa da minha loucura!
No entanto, a culpa nunca nos abandonava completamente. Entre os momentos de prazer, havia silêncios carregados, olhares que diziam mais do que as palavras.
– Às vezes, penso nela. Penso nas miúdas...
Chegou a confessar-me, em voz baixa, quase inaudível, enquanto fumava um cigarro à janela. Desta feita, na janela onde estávamos ambos.
Não lhe disse que eu também pensava no meu marido e nos meus filhos.
– Mas depois... Vejo-te e... É como se nada mais existisse!
Eu sabia exactamente o que ele queria dizer. Cada vez que pensava no meu marido, no olhar dele quando me abraçava, na confiança cega que ele depositava em mim, sentia uma pontada no peito.
Mas essa pontada era rapidamente abafada pelo desejo, pelo vazio que só ele, o meu amante, preenchia.
A mentira era o nosso segredo, mas também, de certa forma, a nossa salvação, a maneira de nos reencontrarmos com quem éramos antes de nos perdermos nas vidas "felizes".
No domingo à noite, enquanto nos vestíamos, o peso da realidade voltou, como uma onda que se abate sobre a praia.
– Isto não muda nada. Certo?
Falou deitado na cama, enquanto eu me começava a vestir para nos irmos embora. Os seus olhos brilhavam com um misto de desejo e qualquer coisa semelhante a receio, ou isso me pareceu.
Vi que ele queria parecer seguro, mas denunciava-se ao pedir a minha confirmação.
– Não, não muda – respondi, puxando as cuecas para cima.
Acho que, nessa altura, os dois já sabíamos que tudo tinha mudado. Que nada podia ser como dantes. Que tínhamos avançado para lá da linha do sexo.
A traição era agora uma parte de nós, tão essencial como o desejo que despertávamos um no outro. Um desejo ao qual estávamos presos, de onde não poderíamos sair, mas também não poderíamos avançar, exprimir em liberdade. Apenas no segredo.
Ficávamos nessa redundância cíclica de culpa e tesão...
Tínhamos ainda várias horas de estrada a percorrer. Em breve, voltaríamos para as nossas vidas, para os nossos parceiros, para as nossas rotinas, mas sem nos permitirmos abandonar a promessa de mais.
Apesar da culpa, a liberdade que encontrávamos um no outro era viciante como uma droga, e nenhum de nós estava preparado para a largar.
Já estávamos quase inteiramente vestidos quando uma urgência demente se abateu sobre ambos! Como se, diante da inevitabilidade do abismo, procurássemos uma derradeira escapatória. Olhámos um para o outro e...
– Morde-me a cona!
– Chupa-me o caralho!
Mais do que despir-nos, rasgámo-nos todos! Em segundos, estávamos nus na carpete, abandonados num delirante 69.
Eu queria engolir aquele pau, para não ter que me despedir dele.
E ele lambia-me a cona, não mordendo a racha como eu histericamente lhe tinha pedido, mas sugando-a como se lhe quisesse arrancar as entranhas!
Esporrou-me a cara toda! E eu sacudi o cu com a racha toda dentro da sua boca, até desatar a espirrar como uma maluca o meu mel final.
O momento foi tão vertiginoso, o acto tão violento, que parecia que o mundo tinha acabado.
Ficámos durante longo tempo num desfalecimento hipnótico, incapazes de nos mexermos, agarrados àquele último momento, desejando nunca mais ter de voltar.
Tivemos de tomar banho outra vez e vestirmo-nos de lavado, e pela primeira vez em todo o fim-de-semana, fizemo-lo em separado.
Saímos do hotel em silêncio, porque já não havia palavras que nos pudessem salvar.
Eu sentia o corpo dorido, tinha a pele marcada, mas, curiosamente, estranhamente, sentia o coração muito leve. Como se tivesse deixado para trás, para sempre, a mulher que durante tantos anos fingira ser, e abraçasse agora, finalmente, a mulher que realmente era.
(continua...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com