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16 maio, 2024 Um homem simples - Parte 1

A garota tinha uns 20 anos e, ao princípio, só vinha buscar a mãe. Mas depois vieram as férias de Verão...

Não podia almoçar descansado porque ela sentava-se à mesa com ele e não parava de o atazanar um minuto. Raios, nem sequer podia ir à casa de banho, pois sempre que o fazia ela estava lá...

Um homem simples - Parte 1

Júlio já não sabia o que fazer... Era um homem de posição, sempre correcto, um exemplo para todos os que o conheciam. Um professor reformado, vogal em várias associações, orador habitual em reuniões e festas culturais. Uma figura discreta, mas proeminente nos círculos mais ilustres. Pessoa de bem, respeitada por todos. E agora isto! Para o que havia de estar guardado...

A culpa era de Lúcia, sua irmã. Fora ela quem insistira em arranjar alguém que o ajudasse em casa. Para lavar a roupa, passar a ferro, fazer as refeições, limpar o pó dos livros. E se havia livros, centenas, milhares!

Tinha que ser uma pessoa a tempo inteiro, que tomasse conta dele, que o ajudasse nas coisas grandes e nas pequenas, pois ela, Lúcia – a idade não perdoa ninguém – já não podia. E ele, solteiro desde sempre, já duro de se mexer, inábil para tudo o que fossem coisas do lar, que nem um ovo sabia estrelar, assentira. Maldita hora...

ASarilhos Um homem simples 1

Não tinha queixas da dona Ana, não era nada senão profissional. A melhor da agência, tinham-lhe dito, e ele não tinha razões para contestar. A casa estava um brinco, a roupa nunca esteve tão macia, a comida era um petisco, os livros resplandeciam nas estantes sem um pingo de poeira. Um serviço cinco estrelas, não tinha nada a apontar.

O pior era a garota... Ou, como ele lhe chamava, o “diabrete”.

Fazia-lhe a vida num inferno. Desde que a vira pela primeira vez, não mais teve um minuto de sossego ou privacidade. E ele que apreciava tanto o seu descanso, a simplicidade, a parcimónia. Tudo isso desaparecera da sua vida.

A garota tinha uns 20 anos e, ao princípio, apenas vinha buscar a mãe depois da escola. Nessa altura, ainda as coisas não tinham escalado... Mas depois vieram as férias de Verão...

Ele cada vez com menos mobilidade, achou-se por bem que a empregada ficasse a viver lá - havia espaço de sobra e facilitava a vida a toda a gente. Não se lembrara da pirralha!

ASarilhos Um homem simples 2

Desde a manhã que a viu entrar para ficar, soube que aquela já não era a sua casa. Era a casa dela! Pela forma como se passeava pelos compartimentos, reordenando os espaços, mudando as coisas de sítio, pondo tudo ao seu jeito...

Era graças a ela, e apenas a ela, que se encontrava numa depressão sem fundo, a pontos de começar a desprezar a própria figura, ele que sempre primara pela higiene e pela postura de um homem público.

Os dias passavam e sentia que já não era senhor de ir a lado nenhum, porque ela tomara conta de tudo. Não podia almoçar descansado porque ela sentava-se à mesa com ele e não parava de o atazanar um minuto. Mal podia ir para a sala observar os pássaros pela janela, como sempre fizera, porque invariavelmente ela estava a usar o espaço para qualquer projecto.

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Não podia sentar-se na cozinha tranquilamente, como tanto gostava, porque ela a transformara no seu estúdio particular. Não podia sentar-se no alpendre, porque estava constantemente toldado pela roupa que ela punha a secar - e se havia roupa, um sem número de peças indecorosas, meias de renda invisível, soutiens mínimos, cuequinhas microscópicas, e outros acessórios berrantes e misteriosos que o pudor lhe impedia de conhecer.

Basicamente, Júlio estava confinado ao seu quarto, e mesmo aí sem a paz desejável, pois amiúde tinha a garota a bater-lhe à porta ou a entrar de rompante sem sequer esperar permissão, para lhe dizer uma coisa qualquer “muito urgente”. Era sempre tudo “muito urgente”.

Raios, nem sequer podia ir à casa de banho descansado, pois sempre que o fazia ela estava lá, e aliás, foi aí que se precipitou tudo... Não bastava ela desfilar constantemente pela moradia em trajes menores, tornara o WC na sua praia de nudismo privada. Um escândalo!

ASarilhos Um homem simples 4

O pior é que ela nem parecia perceber. A primeira vez encontrara-a sentada na sanita, nua dos pés à cabeça. Foi como se nada fosse. Ela toda natural, ele a sentir o pobre coração a fraquejar... Ainda hoje não sabe como sobreviveu à tontura.

Ela tinha os seios feitos e livres, de bicos empinados. As nádegas largas derramando-se pelo bordo da pia. A vulva farta, peluda no papo, mas não o suficiente para lhe ocultar a fenda, que se divisava semiaberta, de lábios grossos.

ASarilhos Um homem simples 5

O receptáculo ficava de frente para a porta e era impossível não a ver por inteiro, de pernas abertas, enquanto um pujante jorro de urina disparava das suas profundezas. Teve que segurar-se no lavatório para não cair. E ela, como se fosse a coisa mais normal do mundo:

– Olá, senhor Júlio. Só mais um bocadinho, estou quase a acabar...

Noutra vez, era ele que estava sentado a fazer as necessidades, quando ela entrou sem bater. Sem se preocupar com a precariedade do momento (nem com o cheiro, já agora) tirou a roupa à sua frente e meteu-se no chuveiro. Nem fechou a cortina, enxaguou-se, passou a espuma e começou a esfregar-se impudicamente por todo o lado, ali mesmo na cara dele, enquanto dissertava sobre “isto” e “aquilo”.

Nem conseguiu acabar o serviço, o ventre prendeu-se-lhe de tal forma que parecia que o toro que se preparava para aliviar se tinha transferido para outro canal, neste caso o dianteiro, a julgar pela rigidez que lhe atacou o membro...

Claro que ela não deixou de o ver, ele não o pôde esconder, uma vergonha!

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O que diriam as pessoas se soubessem, a sua irmã Lúcia, os delegados das associações, as forças vivas da cidade, as pessoas que o convidavam para eventos e vernissages...

Atrapalhado, sem saber o que fazer à vida, ela sempre em todo o lado, na casa, nos sonhos, e ele sem lhe conseguir tirar os olhos de cima, com um pau de fazer inveja a um touro bravo na flor da idade. Para o que havia de estar guardado...

De tal forma andava incomodado que mal dormia, perdeu o apetite e há semanas que não pegava num livro. Até deixou de comparecer a eventos e vernissages. Só pensava nela, sonhava com ela, fantasiava com ela.

Quando ela aparecia, tudo o resto desaparecia. E se não a via, procurava-a, seguia-a, espiava-a atrás das portas. Entrava pelo jardim para a ver pela janela, nua na intimidade do quarto.

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Estava constantemente em alerta para o momento em que ela precisasse de usar a casa de banho, e então era ele quem irrompia pela porta, sem pedir permissão, para poder vê-la a fazer xixi...

Para olhar para ela nua, para aquele cu de sopeira, para aquelas mamas de mulher feita, para aquela cona sumptuosa de pintelhos fartos e lábios grossos, sempre abertos, a espirrar mijo quente como se esperasse por algo ou alguém que lhe metesse uma rolha para lhe estancar a urina...

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Júlio perdeu todo o verniz, já nem tentava disfarçar. Ainda tinha a tontura, mas já não era vergonha, era pura tesão!

Quando a apanhava a jeito, sentava-se com ela e arriscava marotices, já nem conhecia o homem às direitas que sempre tinha sido... Ela ria-se, mas não lhe concedia mais do que uns centímetros de carne branca e batia em retirada.

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Ele ficava tão triste, tão irremediavelmente deprimido, que ela, eventualmente, apiedou-se da lança inchada que ele acobertava nas cuecas sempre que a via.

Estranhamente, nesse dia, ela sempre tão conversadora quando se sentava na sanita, nem emitiu um pio. Desamarrou-lhe o cinto, despregou-lhe o botão, puxou-lhe o fecho e o pau logo atrás... Estava tão grande que ela nem conseguia abraçá-lo por inteiro com os seus dedinhos frágeis. Mas arranjou amplitude para o receber na boca e aí o linguou, o chupou, o sorveu, o sugou, até ele não conseguir aguentar mais e encher-lhe a boca de maisena requentada.

ASarilhos Um homem simples 10

Foi, nesse momento, quando os pequenos fios de esporra começaram a escorrer-lhe pelo queixo, que Júlio, grunhindo como um louco, se apaixonou perdidamente por ela...

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Um homem simples - Parte 2

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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