16 março, 2021 Crónicas da Lábia: Lição de Anatomia Nº 3

O sexo anal continua a ser um bicho de sete cabeças para muita gente...

Eis mais um texto que pretende ajudar a desmistificar algumas ideias em torno do sexo. Depois de "derrubar" os mitos de que existe um órgão Ponto G e um "orgasmo vaginal" e de falar de squirting, chegou o momento de abordar o grande tabu: o sexo anal.

Crónicas da Lábia: Lição de Anatomia Nº 3

O sexo anal continua a ser um bicho de sete cabeças para muita gente. Há homens que vivem obcecados com ele e que até acham que o cu tem lubrificação natural quando a mulher está excitada!

Do outro lado, há mulheres que fogem do sexo anal como "o diabo da cruz" e há aquelas que dizem que têm orgasmos intensos a fazê-lo.

Ora bem, para começar é preciso sublinhar que o ânus não lubrifica! Não funciona da mesma forma que a vagina, cujas paredes ficam lubrificadas quando a mulher fica excitada.

O ânus é um músculo e, como tal, pode ser treinado. É preciso aprender a saber usá-lo para ter prazer com ele. Fazer uma limpeza do canal e usar um dildo antes do sexo propriamente ajudam o músculo a relaxar.

Além disso, um bom gel lubrificante é essencial para reduzir desconfortos e dores. Há inclusive lubrificantes que incluem uma substância anestesiante e que pode ajudar a libertar aquela tensão de quem está receoso com o acto.

O essencial, no sexo anal, é aprender a relaxar e a usar o músculo a nosso favor. De resto, a parte psicológica é fundamental também para conseguir ter prazer.

O prazer é cerebral

Para algumas mulheres, o sexo anal pode ser até mais estimulante por ter ainda uma conotação de "proibido", de algo que só as mais galdérias fazem. Contudo, para outras, pode ter uma conotação negativa, por exemplo, por ser associado à sujidade.

Portanto, o cérebro desempenha sempre um papel fundamental no sexo - se não quisermos falar em cérebro, falemos na capacidade de imaginar, de fantasiar, que é preciosa para as mulheres chegarem ao orgasmo.

Em termos físicos, nos homens, o sexo anal pode estimular a próstata que é definida como "o Ponto G" dos homens, garantindo assim orgasmos mais intensos e prolongados (segundo dizem os especialistas!).

Nas mulheres, o prazer no sexo anal pode, por vezes, estar relacionado com a pressão do pénis sobre a parede vaginal durante a penetração do ânus. A região de maior prazer será na parte anterior do reto, na direcção da vagina.

Mas a maior parte das mulheres precisará de estimulação do clitóris, seja por contacto directo, seja por via dos lábios vaginais, para chegar ao orgasmo durante o sexo anal. Contudo, é possível que algumas sortudas cheguem lá sem uma mãozinha - tudo por culpa do nervo pudendo!

A importância do nervo pudendo

O sexo anal pode garantir a estimulação do nervo pudendo que existe tanto nos homens como nas mulheres, passando por pénis, escroto, clitóris e lábios vaginais. Este nervo tem funções sensitivas e motoras, ajudando a ligar os fusíveis entre os órgãos genitais e as mensagens do cérebro associadas à actividade sexual.

Todavia, é preciso perceber que as terminações nervosas da região genital feminina podem variar muito de mulher para mulher - são quase como uma impressão digital única. Assim, as ramificações dos nervos de uma podem levá-la a ser mais sensível em certas zonas, enquanto outras serão mais excitáveis noutras. É todo um mapa complexo e subjectivo de prazer!

Por isso, surge tanta disparidade entre os gostos das mulheres na cama, entre o que agrada a umas e não a outras, ajudando a perceber porque é que algumas são mais propensas a terem orgasmos durante a penetração, enquanto outras só os conseguem a masturbar-se.

No meio disto tudo, o estímulo mental é sempre essencial no prazer feminino, como também já foi referido na Crónica da Lábia: A ditadura do orgasmo.

A boa notícia no meio disto tudo é que, com tantas diferenças entre as mulheres, é sempre uma aventura descobri-las!

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