28 maio, 2022 Paixão ou Sedução?

Estes são dois conceitos que, por vezes, se confundem muito...

Paixão e sedução são duas coisas que, por vezes, se confundem muito. Pessoas mais frágeis e com baixa autoestima têm tendência a confundir isto, não sabendo muito bem definir se realmente estão apaixonadas ou apenas querem seduzir para obterem algum reconhecimento. O chamado JOGO DA SEDUÇÃO!

Uma rapariga ligou-me aflita e com muita ansiedade e disse que tinha um problema. Gostava de um rapaz que não lhe dava muita bola.

As primeiras palavras dela foram:

"Há este rapaz que é muito focado em fazer as coisas certas, e leva muito a sério tudo o que tem aprendido neste seu novo modo de vida.
Acho-lhe graça, e atrai-me, mas não sei se devo avançar para tentar ter algo com ele.
Estou apaixonada!
Sinto-me sozinha e estou a fazer o que me foi sugerido de estar um ano sozinha.
Também estou a fazer reuniões só com mulheres porque me disseram que o deveria fazer, pois disseram que lá se pode falar de coisas que não se deve falar à frente dos homens."

Isto parece um discurso normal de uma partilha normal, de uma conversa normal.

Infelizmente não o é!

Nestas poucas frases consegue-se perceber muita coisa.

Disse-lhe:

"Não estás apaixonada, simplesmente queres seduzi-lo para veres se ele quebra as regras e cede a estar contigo.
Possivelmente, tens uma personalidade mais dominadora como mulher e queres ver se és capaz de seduzir um homem certinho.
Mas se quiseres podes lá ir fazer isso e depois fala-me do vazio que vais sentir, provocado pela culpa e pela vergonha.
Estar um ano sozinha e só fazer reuniões de mulheres é quase automutilação!
Após um ano, a carência vai ser tão grande que o primeiro que te aparecer vais ficar ali com ele, mesmo se ele se revelar o pior para ti, porque não vais querer passar pela solidão novamente.
Só reuniões de mulheres??? Porquê???
Como mulheres, neste século, devemos ser mais livres e falar seja o que for em frente dos homens, como também eles devem fazer connosco.
A sexualidade deveria ser sem tabus, onde um conjunto de homens e mulheres deveriam aprender uns com os outros.
Ao falar abertamente, tanto homens quanto mulheres começariam a compreender-se melhor.
Sexualidade nada tem de mal.
As mulheres falam tanto dos seus direitos, mas no final, isolam-se numa sala, com vergonha dos seus desejos e paranóias.
Possivelmente, seria melhor começares a questionar-te e a tratares-te melhor do que estar a exercer essa violência em ti mesma, de estar sozinha e de isolares-te com mulheres que eu conheço e que sei que só 1% têm relações estáveis.
99% das que têm relações estáveis não fazem essas reuniões, pois já criaram a sua própria família."

No final, ela perguntou-me:

"E tu, como foi contigo? O que fizeste?"

Eu respondi:

"Eu fiz tudo ao contrário, não fiz nada disso!
Em 24 anos, nunca fui a uma reunião de mulheres.
Namorei imenso, conheci, experimentei.
Sempre falei da minha sexualidade à frente dos homens, e sou conhecida por o fazer sem medos ou preconceitos.
E foi por isso que viste que quando me convidaram para falar naquele dia, não viste ninguém lá fora no café! Estava tudo dentro da sala para me ouvir!
Eu simplesmente decidi VIVER A VIDA, agarrar todas as oportunidades, seguir sempre em frente, mesmo com as pernas a tremer de medo... Mas sempre em frente, não tendo segredos. E o mais importante: investi no autoconhecimento que me libertou para poder viver a vida que eu quis!"

Não se pode deixar “uma prisão” e ir-se meter em outra só porque “agora tem que se ser perfeito”, como tentativa de apagar todos os danos causados a nós mesmos e aos outros.

Esses danos nunca serão apagados! Aconteceram! Facto!

O que nos é ensinado é a não cometer mais danos a nós ou a outros, mas sempre com a sabedoria de distinguir as coisas umas das outras.

Um exemplo:

Se alguém me criar danos graves intencionalmente, eu irei possivelmente também criar danos a essa pessoa.

Se alguém numa fila me passar à frente irei falar! Não irei deixar passar só porque não posso criar danos!

Se eu criar danos a mim própria, irei revê-los e fazer diferente da próxima vez.

Se tiver que pedir desculpa, peço, desde que seja de forma honesta.

Esta sabedoria de distinguir as coisas umas das outras só acontece quando o ser humano é honesto - no matter what - e com isso se propõe a conhecer-se.

No final disse-lhe:

"Trata bem da tua criança interior e vê lá se tens mais paciência para ela e se lhe dás mais carinho, em vez de a estares a violentar e a causar-lhe stress e ansiedade."