19 Junio, 2025 A janela em frente - Parte 3
Sentia-me cada vez melhor na pele libertada da nudez.
Dois dias passaram e o telefone não tocava. Nem uma mensagem, nem WhatsApp, nada! Pior que isso: nunca mais ele aparecera na janela.

Era curioso, agora que estranhava a sua ausência, faltava-me um nome para as saudades. Sim, fui eu que lhe disse que não queria saber o nome dele. Mas, como sentir a falta de um desconhecido, um anónimo? Agora que sentia falta dele, seria bom saber de quem sentia falta.
O que se teria passado? Porque não dava um sinal? Na verdade, deixara de ver movimento na casa. Nem a mulher, nem os filhos, nem o seu tronco nu debruçado na janela, umas vezes a fumar, outras não...
Sem ele a ver-me, podem pensar que me faltava motivação para me exibir, para me passear nua pela cozinha, para me tocar indiscretamente. Mas não. Fazia-o na mesma! Sentia-me cada vez melhor na pele libertada da nudez.
Mal o meu marido saía de casa com os meus filhos, tirava a roupa toda, indiferente a quem me pudesse observar. Ou talvez o fizesse exactamente para compensar o facto de não estar lá ninguém para me ver!
Ninguém... Não ninguém. Ele! O que estaria ele a fazer? O que teria acontecido? Onde teria ido que não me podia ligar? Não sabia que eu o esperava com a cona a ferver?!
Só quando a cona me queimava assim, conseguia dizer a palavra. Já o disse: cona! Agora não me saía da boca. Queria dizê-la, senti-la, cheirá-la, enchê-la de sumo, preenchê-la com uma vara negra mental que ma inundasse de ouro branco!
Queria tanto masturbar-me, sentir de novo aquele orgasmo transgressor, tão diferente dos difíceis, ligeiríssimos, orgasmos-marasmos do sexo conjugal... Mas não o fiz, quis esperar por ele.
Coitado do meu marido, não tinha culpa nenhuma. Ele fazia tudo bem. Sabia exactamente onde me tocar, onde me fazer vibrar. Sabia conduzir-me à margem desejada em conforto e segurança - podia contar-se com ele para isso.
Infelizmente, faltava sobressalto, adrenalina, o perigo de explosão! Por muito conhecedor que fosse do meu corpo e dos pontos cardeais do meu centro nervoso, não me fornecia a aventura que ele, o anónimo do outro lado da rua, o desconhecido da janela em frente, me oferecia.
Era isso que sobretudo me excitava: a aventura que vem do desconhecido, que torna tudo imprevisível.
Já disse que não queria o seu corpo. Não tinha em mim o acto físico da traição. Mas não conseguia parar as divagações da minha cabeça, os seus crimes inocentes...
Gostava de vê-lo nu. Gostava que se masturbasse para mim. Gostava de me despir e vir-me para ele. Era isso. Era tudo. Simplesmente precisava, precisávamos ambos, dum cenário menos frustrante.
À janela, com a mulher e os filhos dele sempre a cirandarem à sua volta, não dava para continuar. Precisávamos de qualquer tipo de privacidade. O telefone, que eu tinha sugerido, com texto, com voz, com vídeo, parecia perfeito.
Mas dois dias tinham passado e ele nada. O que andaria a fazer que não ligava? Não sabia que o esperava com as pernas abertas, os lábios húmidos, o olho do cu a palpitar?!
Eram duas e meia, já eu me tinha vestido e tentava distrair o meu espírito dos fantasmas lúbricos que me assombravam, quando, finalmente, senti uma vibração. O meu coração disparou no mesmo momento.
Olhei para o telefone e confirmei: era o número dele!
No WhatsApp, uma sintética mensagem de texto:
– Tenho o pau duro. Disponível?
Assim mesmo, a seco. Nem bom dia, nem boa tarde. Um olá para quebrar o gelo. Nada! Senti-me uma puta. E o pior, adorei!
– Dá-me cinco minutos." – escrevi de volta.
Queria preparar-me mentalmente, uma vez que, fisicamente, não havia dúvidas: bastou um sinal dele para eu ficar toda empapada por baixo.
No último momento, decidi trocar de cuecas. Não sei porquê, não queria que ele me visse já assim. Provavelmente, foi o medo inconsciente de que me achasse demasiado fácil, uma oferecida... O que não deixava de ser ridículo, tendo em conta como nos tínhamos conhecido e o que nos preparávamos para fazer.
– Vídeo? – escreveu.
– Pode ser.
Claro que podia ser! Mais do que tudo, queria ver aquele pau sem ser à distância de 10 metros! Queria vê-lo crescer, pulsar, saber a cor das suas veias, se as tinha, imaginar o seu cheiro, o sabor da sua glande, da sua baba de caralho grande e teso.
Cinco minutos depois, nova vibração. Atendo e lá está ele: não a cara, os olhos, um pequeno sorriso que fosse, um olá para quebrar o gelo... Só aquele grande caralho teso, como o imaginei!
Ele deve ter visto a minha boca aberta de espanto. Era ainda maior e mais grosso do que eu pensava.
Outra mensagem de texto (não devia querer usar a voz, para não ser ouvido):
– Quid pro quo, Clarice. Eu mostro-te a minha, tu mostras-me a tua. Quero ver essa cona...
Percebi e a alusão cinematográfica fez-me rir. Ironicamente, o nosso silêncio era tudo menos inocente.
Abri as pernas e virei a câmara para o centro da sua curiosidade. Eu própria pude constatar como estava húmida, já semi-aberta, de lábios brilhantes. Não conseguia disfarçar a tesão mais do que o seu pau teso.
– Toca-te – diz-me.
Outra mensagem – imperativa! – de texto.
Fiz o que ele disse, enquanto o via a começar também a masturbar-se.
– Gostas do meu caralho?
Sempre texto, sempre aquele tom “fora de merdas”.
– Sim.
– Então chupa-o.
É impressionante como, com um mínimo de imaginação, é possível mergulharmos na fantasia como se ela fosse real. Bastou ele dizer para o chupar e, imediatamente, senti a boca a encher-se de pau, o seu volume imenso e o seu peso sobre a minha língua.
– Chupa para estar bem lambuzado quando to enfiar na cona!
Ao ouvir o nome dela, a minha coninha ávida estremeceu...
Sem parar de esfregarmos os respectivos sexos, a conversa ia seguindo como se estivéssemos a realizar verdadeiros actos físicos.
Ele escrevia mais rápido que eu, mas teve a delicadeza de nunca se impacientar. É preciso lembrar que ambos tínhamos uma mão no sexo e a outra a segurar o telefone. Isso significa que tínhamos que parar para escrever.
Acho que, durante o encontro, percebemos os dois como isso era incómodo e limitador. Algo a rever num próximo "encontro", sem dúvida.
– Estou a chupar. É tão grande, e grosso...
– Gosto assim, duma boca pequenina. Faz-me sentir maior.
– Mal me cabe na boca...
– Sabe bem?
– Sim, adoro o sabor!
– Sabe a quê?
– A caralho.
– Só a caralho?
– Humm... A caralho teso e molhado!
– E cheira a quê?
– A caralho.
– A caralho? Não cheira a picha? A piça? A verga?
– Sim...
Eu estava cada vez mais excitada.
– A isso tudo...
– Queres que to meta na cona?
– Sim, mete na cona!
– Estás muito precisada?
– Sim, nem imaginas...
– Então diz... Pede... Implora!
– Mete-o na cona!
– Só isso?
– Mete, cabrão! Mete-me o caralho!
– Não me convences.
Estava a perder a cabeça!
– Fode-me! Fode-me toda! Fode-me a cona toda, caralho!
– Humm, estás tão molhada! Já meti até meio...
– Mete tudo!
– Sim, meto tudo. Encho-te essa cona toda até rebentar! Vou bombar nesse buraco como nunca pensaste ser possível... Vais pensar que levaste uma sova!
– Oh, simmm...
– Abro-te a racha toda! Parto-te a cona toda! Geme, querida, geme! Adoro ouvir-te gemer...
– Estou a gemer (estava mesmo!). Estou a gemer como uma porca!
– És uma porca?
– Sou! Fode a tua porca! Faz-me gritar!
– Grita, porca!
– Uma porca com a cona toda aberta, toda encharcada, a escorrer toda... Fode, cabrão! Dá-me esse caralho de burro que me escancara toda!
– Tens a cona aberta até ao cu...
– Simmmm... Foda-se, quero-me vir!
– Vem-te, porquinha!
– Queres esporrar dentro de mim?
– Não, quero esporrar na tua cara!
– Oh!
– Quero esporrar para os teus olhos...
– Esporra onde quiseres!
– Quero esporrar para o nariz...
– Simmm!!
– Quero esporrar para essas beiças de vaca, para ficares com nhanha a pingar até ao queixo!
– Ohhh... Esporra! Esporra já! Esporra-me toda! Vou-me vir... Foda-se, deixaste-me a racha toda ensopada.
– Então toma, toma tudo, porca! Não vires a cara... Toma uma esporradela no olho!
Nenhum de nós estava a fantasiar nesse momento. Ele começou efectivamente a vir-se, em grandes golfadas brancas, para cima do ecrã do telemóvel!
E eu senti como se os seus esguichos realmente me alvejassem a cara. Recebia a sua meita quente e, sem aguentar mais, senti o cu a saculejar e logo depois, a explosão de um violento orgasmo, que me fez gritar de gozo!
– Ohhhhhhhh... Estou-me a vir!!!
– Vem-te, querida, vem-te para mim! – escreveu ele. – Abre a boquinha...
– Simm!
– Toma, toma mais um jorro na garganta!
– Hummm!!
– Toma outro! Não te engasgues... Sabe bem?
– Simm!! É delicioso!
– Então, toma o resto nas bochechas e um bocadinho nas mamas. Fizeste-me vir como um animal... Tanta esporra, vês? Um mar de esporra em cima de ti!
– Humm, adoro! Tão bom ser a tua porquinha...
– Espalha bem a minha esporra pelo corpo. Isso, espalha nas mamas, nas pernas, na cona, no cu... Gostas de levar no cu?
– Não sei...
– Nunca levaste?
– Não...
– Então está combinado. Na próxima, vou-te ao cu. Adeus.
E desligou!
Não estou a gozar! Disse aquilo e desligou a chamada. Acreditam? Nem bom dia, nem boa tarde, nem um obrigado, um sorriso para quebrar o gelo. Mais uma vez, senti-me usada! Senti-me uma puta!
Levantei a cabeça e vi-me de relance no espelho do quarto. Totalmente descomposta, de pernas abertas, encharcada de fluídos sexuais. Mal me reconheci na imagem.
Nesse momento, não percebia quem eu era. Como chegara até ali! O que procurava, afinal?!
Mais tarde, entendi que ele me tinha dado exactamente o que eu procurava, o que desejei assim que o vi, nu, de pau teso, na janela em frente: uma aventura única e exclusivamente subordinada ao sexo!
Nada de intimidades, nada de carinhos, nada de ternuras. Nada de salamaleques, de romance, de cobrança. Apenas foda, pura e dura, mental, visceral, animal!
O que podia dizer mais? Sim, senti-me usada. Sim, senti-me uma puta. E sim, adorei cada segundo!
Vi e revi várias vezes o vídeo que guardei daquele pau que, sem me tocar, me tinha levado, talvez, mais longe do que qualquer outro! Vi-o inclusivamente à frente do meu marido, pela transgressão, e por não conseguir aguentar mais.
Mas não era suficiente. Já não. Precisava do inesperado, da acção imprevisível em tempo real. Da surpresa!
Mal podia esperar pelo próximo encontro...
(continua para a semana...)
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com