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20 Enero, 2016 MILF: a ternura dos 40 e a tesão dos 20

Quem nunca andou de "clássico" deve a si mesmo uma viagem no tempo aos seus 20 anos e ir ao Plateau (Lisboa) tentar a sua sorte com uma quarentona.

Vamos usar aqui uma metáfora automóvel antes que isto se assemelhe a um artigo de algum chico-esperto da Maxmen: tudo bem que todos gostamos de um Peugeout 208 de 2015 a cheirar a novo, com boa prestação, baixo consumo e cheio de tecnologia nova mas um Datsun 1600 é um clássico que bufa nas horas.

 

MILF: a ternura dos 40 e a tesão dos 20

Andar de clássico aos 30 seria malhar uma gaja de 60 e vamos lá meter um travão nesta ideia original e tentadora mas descabida. Um Datsun 1600 não é o mesmo que um Ford T, ou seja, queremos um clássico e não um calhambeque que passe por uma lomba e lhe salte o pneu de carroça e “ai meu deus que matei a puta da velha”. Não. O meu tempo já la vai e vivi isto na altura certa. Portanto, jovem de 20 anos, larga lá o caralho do Tinder por uns momentos e presta atenção no seguinte relato.

Um grande amigo meu era assistente de suporte a clientes numa seguradora, LOGO, era fértil terreno para muito boa rapariga saudável. Lá de vez em quando me convidava para uma noite de Bairro cheio da gajedo se bem que, como ele tentava a sorte com todas, "queimava-me" sempre a mim.

Regra de ouro do bro code: quando um amigo fixa um alvo, é nosso dever fazer de municiador.

O problema deste meu amigo é que ele tinha uma bateria de misseis terra-ar e acabava por disparar em massa em vez de fazer ataques cirúrgicos. Numa noite, trouxe uma senhora chamada Carla. Como ele se sentia amedrontado por mulheres mais velhas, nem tentou a sorte. A Carla tinha 41 anos mas deve ter feito um acordo com o tipo vermelho lá de baixo, porque parecia uma miúda: cabelo liso castanho cor de amendoim torrado que lhe pendia perfeitamente pelos ombros e tudo no sitio como se o corpo dela tivesse ignorado as leis da gravidade desde os 20. Na gíria comum é o que se diz “ganda cota”. Cumprimento a Carla com os habituais dois beijos da praxe e a tipa fita-me da cabeça aos pés com aquele olhar “olha olha, o que é isto?”. Devo fazer uma ressalva que eu tinha 25 anos e isto foi quando eu ainda era visto como um cabritinho bom para matança por uma caçadora experiente. Modéstia à parte, já fui um moço bem parecido mas esse tempo já lá vai. Palavra puxa palavra e eu deliciado com a atenção desta mulher feita e sem papas na língua.

“Olha puto, já estás desde o inicio da conversa a fingir que não me estás a olhar para as mamas. Queres tocar? Força. Já me estás é a dar pena a tentares fingir que não estás a pensar em comer-me”.

Pega na minha mão esquerda e pousa-a no peito sem pestanejar. Eu nem sequer senti nada porque fiquei totalmente encaralhado e sem saber o que dizer. Durante todo este processo, nunca desviou os olhos dela dos meus e exibia um sorriso perfeito. Eu estava completamente dominado, domado e a minha ladaínha de bandido que encantava as teenagers de nada ali servia nesta situação. Ela estava no controle de todo o jogo, a “cabra da noite” como ela se auto-intitulava tinha virado completamente o jogo para o lado dela. Era a primeira vez que eu estava naquela posição subalterna e... adorei. Como fui desarmado fiquei mais à vontade e pudemos falar como um adulto e um adolescente crescido: discutimos Queen, Simple Minds e Duran Duran. Os sítios da noite dos anos 90 e o “2001” que até a minha mãe frequentou. “Olha se calhar somos amigas e nem sabemos”, ao que eu sorri de forma forçada e pensei “e se fosses para o caralho mais essa saída de merda?”. Falámos de pessoas que ela conhecia, viagens que fez e sitios que ambos queríamos visitar. Ela ria das minhas histórias de navegações, engates noctívagos e ambições futuras abanando a cabeça em jeito de “ah um dia vais pensar de outra maneira, puto”. Eu ouvia atentamente toda a história de vida dela, de como cresceu em pleno Bairro Alto e foi mãe muito cedo. Quando íamos a descer a rua do Alecrim já eu estava em cochicho masculino com meu amigo de peito inchado que ia comer a cota.

E não é que chegando ao Cais do Sodré ela mete-me a andar?

“Vá, vou ter com um amigo ali ao Jamaica. Puto, curti de te conhecer. És boa onda e um giraço. Adeus”.

“Mas que merda é esta???” - pensei eu. O outro parecia que tinha comido palhacinhos anões porque estava encostado à parede a rir que nem um perdido.

“AHAHAHAHAHAHAHHA O FODILHÃO LEVOU UM CORTE! TÁ NO PAPO DIZ ELE! AHAHAHAHAH”

Fiquei fodido como é óbvio, porque eu até julguei que tinha havido ali uma quimica perceptível por ambos. Caguei para isto e fui para casa de tomate cheio e orgulho ferido. No dia a seguir, tinha um SMS da Carla apenas a dizer:

“Puto, pedi o número ao teu amigo. Hope you don’t mind. Beijo”.

Foda-se, não tou a perceber nada disto. Primeiro manda-me com o caralho. Depois manda mensagem apenas a dizer que pediu o meu número e não adianta mais. Mas que merda é esta? E porque é que ainda fiquei com mais interesse? Não recebo mensagem nenhuma durante uma semana até que o Nokia 3310 faz aquele sonzinho de morse irritante ás 22:00 de sexta:

“Puto, sabes passar a ferro? Se tás na Marinha, deves saber”

“Allo. Sei (emoticon de smile mesmo á puto). Mas porquê? (emoticon de cara pensativa ainda a mostrar mais que tenho 16 anos)”

“Não sei passar camisas. Podes-me vir explicar ,tipo… agora?”

Não respondi, porque ainda nem tinha acabado de clicar em “Fechar mensagem” já o meu carro ia a entrar no IC19 a 180 km/h. Realmente nunca se tem a percepção da potência do nosso carro até termos uma queca em perspectiva a curto prazo. Chegando ao que se assemelha uma zona residencial do concelho de Sintra, a Carla abre-me a porta a falar ao telemóvel e apenas faz sinal com a mão para entrar. E ali fico eu com cara de parvo na cozinha a ler a lista de compras dela que está na porta do frigorifico presa com um iman da Galp, enquanto a madame mete a conversa em dia com uma amiga. Termina a chamada com um “... já te ligo Bia, tenho de tratar de um assunto pendente”.

O “assunto pendente” apareceu sob a forma de uma camisa nas mãos dela.

“Vá, está aqui. Explica-me lá então, ó marujo”.

Comecei mesmo a ficar fodido com estes jogos psicológicos mas como sou um conas, lá alinhei e exliquei que (e obrigado mãe) primeiro passamos as mangas assim. E depois abrimos na tábua e fazemos assim e depois a Carla ajoelhou-se e começou-me a desapertar as calças e por pouco não levou com o ferro a ferver na cara porque fiquei a tremer como uma menina quando ela me tirou o caralho para fora já meio teso e o pôs na boca. Se aquela mulher naquele momento me tivesse pedido para doar um rim a um primo do leste, eu tinha doado.

A forma como ela me tocava era tão diferente das miúdas da minha idade a que estava habituado.

A forma como o tinha na boca e mamava enquanto me fitava nos olhos é inesquecível e justamente quando ela começa a ficar mais excitada ao ver a boca dela a ficar mais apertada, enfia dois dedos dentro das calças e começa a tocar-se. Levanta-se e mete-mos na boca, eu mordo e lambo. A mulher sabia a maravilhas. Quero tanto fodê-la. No quarto, a Carla pode ter tomado rédeas uns segundos por causa do meu pasmo, mas assim que respirei fundo e voltei à Terra, agarrei-lhe com força e ela gemeu. Meti-a de quatro na cama e apertei-lhe a cara de contra a almofada. Ai gostas de foder putos? Então eu dou-te o puto. O corpo da Carla era imaculado: pele suave a cheirar a bebé e um rabo alvo e empinado que ficou rosa ao fim de dois palmadões. Quando o meti, ela soltou um gemido de alívio. Como se caralho fosse o analgésico que aquela gaja estava a precisar para matar aquele fogo entre as pernas. Não voltei a ver a Carla a impor-se durante algum tempo e ela gostava desta posição submissa entre os lençóis, até que me voltou a montar agarrando no próprio cabelo e uma mão na minha cara. E montou-me, montou-me, veio-se, fez-me vir e repetiu a dose. Vir-me na boca dela? Isso tinha de ser conquistado. Só quando a fiz vir-se toda na minha boca é que pude usufruir desse luxo.

Eu levei tal tratamento da Carla que quem saiu manco o outro dia fui eu enquanto ela parecia uma alface acabada de colher.

Ter de pedir base a uma mulher para disfarçar arranhões na cara e no pescoço é, apesar de engraçado para ela, um pouco desmasculinizante e senti a pila a entrar para trás como uma tartaruga assustada. Eu saí á rua parecido com a defunta Duquesa de Alba: base na cara, lábios inchados e olhos de boga. Nem SMS e nem chamada no dia a seguir. Fui comido e deitado fora como uma pastilha elástica que nos sabe bem mas assim que perde o sabor vira autocolante Panini de caderneta calçada.

Mas alguma coisa deve ter ficado porque ainda fomos jantar um dia ao italiano. E fomos ao Jamaica. Foi como na primeira noite e sem ter aquele “assunto pendente” por detrás. Sei que se voltou a casar e é muito feliz.

E ainda bem porque não voltarei nem a ter 25 anos nem uma Carla.

 Noé

 

 

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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