05 Septiembre, 2025 Mentes Conectadas: Descriminalização vs Legalização do Trabalho Sexual
Como melhorar condições para trabalhadorxs do sexo evitando o controlo excessivo e combatendo a exploração?
Muitxs trabalhadorxs do sexo defendem a legalização do Trabalho Sexual, mas preocupam-se com a diferença entre descriminalização e legalização, temendo que possam surgir regulamentações excessivas ou estigmatizantes, como licenças obrigatórias.

“Como podem ser implementadas políticas de descriminalização que realmente protejam os nossos direitos sem nos expor a mais controlo estatal ou exploração?“
Olá,
A descriminalização do Trabalho Sexual é, para muitxs trabalhadorxs do sexo, uma esperança de reconhecimento, segurança e dignidade.
No entanto, a forma como essa descriminalização é implementada é tão importante quanto a sua existência.
Em Portugal, o Trabalho Sexual não é criminalizado, mas também não é reconhecido como profissão. Este vazio legal deixa xs trabalhadorxs do sexo expostxs a riscos, sem acesso a direitos laborais, proteção social ou mecanismos eficazes de denúncia.
Assim, a descriminalização deve ser pensada não apenas como remoção de penalizações, mas como construção de um modelo que respeite a autonomia, evite o controlo estatal excessivo e combata a exploração.
Descriminalização plena: mais do que tolerância, reconhecimento
Descriminalizar plenamente o Trabalho Sexual significa remover todas as penalizações criminais e administrativas associadas à atividade quando é praticada voluntariamente e entre adultos.
Em Portugal, embora a prática em si não seja crime, o lenocínio continua a ser penalizado - mesmo em contextos de cooperação entre pares.
Esta criminalização indireta impede que xs trabalhadorxs do sexo se organizem, partilhem espaços ou criem redes de apoio, perpetuando o isolamento e a vulnerabilidade.
A descriminalização plena permitiria que estas pessoas trabalhassem com segurança, denunciassem abusos sem medo e tivessem acesso a justiça.
Descriminalização vs Legalização
Importa, no entanto, distinguir descriminalização de legalização: enquanto a primeira remove penalizações, a segunda impõe regras e licenças que, se mal desenhadas, podem excluir quem não se encaixa em modelos normativos.
O risco de um controlo estatal excessivo - como registos obrigatórios, exames médicos forçados ou zonas de exclusão - deve ser evitado.
A liberdade de escolha e a privacidade devem ser centrais em qualquer política pública.
Proteger sem punir: combater a exploração com justiça
Um dos argumentos mais usados contra a descriminalização é o receio de aumento do tráfico de seres humanos.
No entanto, os dados mostram que a criminalização não impede o tráfico - apenas o torna mais difícil de identificar.
Em Portugal, a legislação sobre tráfico humano é robusta e deve continuar a ser aplicada com firmeza, protegendo vítimas e punindo exploradores, distinguindo claramente entre tráfico e Trabalho Sexual voluntário.
Descriminalizar o Trabalho Sexual não significa tolerar a exploração. Pelo contrário, permite que xs próprixs trabalhadorxs denunciem situações abusivas, sem receio de serem criminalizadxs.
Para isso, é essencial que as políticas sejam construídas com a participação ativa das pessoas afetadas. Só assim se garante que as medidas respondem às suas realidades e não a visões externas, muitas vezes moralistas ou paternalistas.
Autonomia e direitos: um novo caminho para Portugal
Portugal tem a oportunidade de liderar uma abordagem progressista e baseada em direitos humanos.
O reconhecimento do Trabalho Sexual como uma forma legítima de trabalho permitiria o acesso a direitos laborais, proteção contra discriminação e inclusão em políticas públicas.
A ausência de reconhecimento atual deixa estas pessoas à margem da lei, sem proteção contra abusos ou acesso a serviços básicos .
Formação contra preconceitos
A implementação de políticas de descriminalização deve ser acompanhada de formação para profissionais de saúde, justiça e segurança, garantindo que atuam com respeito e sem preconceitos.
Além disso, é fundamental criar mecanismos de monitorização contínua, com indicadores claros de impacto e canais de escuta ativa dxs trabalhadorxs do sexo.
Conclusão: Liberdade com proteção, não com vigilância
Descriminalizar o Trabalho Sexual em Portugal, é um passo necessário, mas deve ser feito com cuidado, escuta e compromisso com os direitos humanos.
A proteção não pode vir à custa da liberdade. Políticas eficazes são aquelas que reconhecem a autonomia das pessoas, combatem a exploração com justiça e promovem a inclusão sem controlo excessivo.
Porque todas as pessoas, independentemente da sua ocupação, merecem viver com dignidade, segurança e respeito.
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