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01 Agosto, 2025 Mentes Conectadas: Viciada em agradar sexualmente

Onde é que acaba o nosso prazer e começa o prazer do outro?

Recebi uma mensagem de uma profissional do sexo que sente que o seu corpo só “serve” para dar prazer aos outros porque, desde nova, sempre sentiu que “tinha de agradar”. Como sair deste ciclo?

Mentes Conectadas: Viciada em agradar sexualmente

 

Tenho 35 anos e trabalho no sexo há algum tempo, mas acho que este problema começou antes disso.

Sempre senti que tinha de agradar. Que o valor vinha do quanto eu conseguia fazer o outro sentir prazer. Aprendi a ler os corpos, antecipar o que querem, fazer de tudo.

Os clientes saem felizes. Mas eu saio vazia. Já nem sei o que gosto, o que me excita, o que é meu. Sinto que o meu corpo é só palco para o prazer dos outros.

Isto tem volta?”

Sim. Tem volta. E tem começo também - começa exatamente onde estás agora: no momento em que te perguntas “e eu?”.

O que descreves não é só sobre sexo. É sobre condicionamento emocional, sobre a forma como, desde muito cedo, as mulheres aprendem que o seu valor está no serviço, na entrega, no cuidado. E, no caso da sexualidade, em agradar ao outro acima de tudo.

Essa lógica está presente na educação, na cultura, nos filmes, na pornografia, no trabalho - e, muitas vezes, até dentro das relações íntimas.

E quando se repete por anos, essa entrega deixa de ser prazerosa e transforma-se numa autoanulação invisível.

Quando agradar se torna um vício emocional

O prazer que dás aos outros funciona como uma recompensa social. Recebes elogios. Sorrisos. Palavras como “tu és incrível”, “nunca tive ninguém assim”.

Claro que isso alimenta o ego. Mas quando passa a ser a única fonte de validação, o teu próprio corpo deixa de ser espaço de prazer e passa a ser instrumento de reconhecimento externo.

É como um vício:

  • Quanto mais dás, mais te validam.
  • Quanto mais te validam, mais te esqueces de ti.

Até que o silêncio do teu próprio prazer se transforma em cansaço, vazio e até dor.

Como saber se estás neste ciclo?

Podes estar a viver este padrão se:

  • Ficas ansiosa só de pensar em “desiludir” alguém na cama.
  • Antecipas os desejos do outro, mesmo que o teu corpo esteja cansado.
  • Finges prazer com frequência.
  • Sentes vergonha de pedir o que tu queres.
  • Tens dificuldade em dizer “não” a práticas que te incomodam.
  • Já não sabes o que te dá prazer - só sabes dar prazer.
  • Sentes que o teu corpo é “útil”, mas não é teu.

Se te reconheces em alguns destes pontos, isso não faz de ti errada. Faz de ti uma mulher que aprendeu a sobreviver. E agora quer reaprender a viver.

O prazer não é egoísmo. É autonomia.

Uma das mentiras que nos ensinaram foi que buscar o nosso prazer é egoísmo. Que uma mulher boa é aquela que cuida, que se entrega, que dá - mesmo quando não sente.

Mas a verdade é que o prazer é o espaço onde te escutas. Onde te lembras de que existes. E tu tens esse direito. Mesmo – ou, talvez, sobretudo - se trabalhas com sexo.

Trabalhar no sexo não te rouba o direito ao prazer pessoal. O teu corpo não é só ferramenta. É casa.  E mesmo quando “emprestado” ao trabalho, tem direito ao descanso, à escuta e ao sentir.

Como começar a resgatar o teu prazer?

  1. Desliga o piloto automático

Em vez de te perguntares “o que é que ele quer?”, começa a perguntar: “O que é que eu quero agora?”

Mesmo que a resposta seja: “quero só respirar”, aprende a escutar-te sem pressa, sem expectativa - já é um começo.

  1. Redescobre o teu corpo sozinha

Masturba-te não para chegar ao orgasmo, mas para explorar. Toca-te com óleo, com carinho, com tempo.

Observa: o que é quente? O que é neutro? O que arrepia?

  1. Faz uma lista de “não”

Escreve tudo o que toleras, mas de que não gostas. Depois sublinha o que estás pronta para deixar de fazer.

E lembra-te: cada “não” claro que dás abre espaço para um “sim” verdadeiro mais à frente.

  1. Fala com quem te ouve

Se tens clientes fixos ou parceiro, experimenta partilhar:

  • “Hoje, apetecia-me mais toque leve.”
  • “Sabes o que me dá prazer também?”

O prazer partilhado pode existir sem que o outro te domine.

  1. Faz pausas de reprogramação

Permite-te estar com alguém (mesmo a sós contigo) sem objetivo de dar prazer ao outro. Só presença. Só toque sem função. Só corpo sem exigência.

Isto pode parecer difícil ao início, mas é como reaprender a respirar.

Vai ser fácil?

Não. Este é um processo emocional e até terapêutico. Porque envolve desfazer anos de condicionamento, de performance, de silêncio interno.

Pode doer. Pode haver recaídas. Mas, com o tempo, vais perceber que dar prazer aos outros só vale a pena se não te custar o teu.

Uma palavra final

Tu não estás errada por quereres sair deste ciclo. Tu não estás danificada. Nem vazia.

Tu estás cheia de camadas que não foram escutadas. E está tudo bem começares agora.

O teu corpo é teu. O prazer é teu. E isso, minha querida, não é luxo. É direito.

Volta a ti. Sem culpa. Sem pressa. Sem pedir desculpa. O teu prazer também merece palco - e paz.

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