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17 Enero, 2019 Escravas sexuais no Japão dos tempos modernos

Vítimas de máfias, muitas mulheres são exploradas sexualmente e agredidas.

O Japão é destino de muitas mulheres de vários cantos do mundo que são enganadas, com falsas promessas de carreiras como modelos ou bailarinas, e que acabam por ser obrigadas a prostituírem-se. Vítimas de todo o tipo de abusos, vivem o inferno na terra às mãos de máfias como a Yakuza.

Escravas sexuais no Japão dos tempos modernos

A nossa colaboradora IDNA chamou-nos a atenção para a trágica realidade que muitas mulheres vivem às mãos de máfias como a japonesa Yakuza, sendo sexualmente exploradas e vítimas de violências brutais.

Uma sobrevivente das garras desta máfia, a colombiana Marcela Loaiza, conta na BBC como viu uma outra mulher a ser queimada na zona genital com um cigarro.

Ela revela que todas as mulheres foram alinhadas juntas, totalmente nuas, e forçadas a esticarem os braços e a abrirem as pernas. Nessa altura, uma delas deixou cair um preservativo da vagina, com dinheiro escondido no interior.

"Quando viram o que era, eles queimaram os genitais da minha amiga com um cigarro."

Marcela Loaiza refere que os clientes não pagavam directamente às mulheres, mas que, por vezes, lhes davam gorjetas. Só que também estas tinham que ser entregues à máfia que as explorava. E quem procurasse ficar com o dinheiro sofria terríveis consequências.

A colombiana diz que acabou nas garras da Yakuza depois de ter sido abordada por um homem numa casa nocturna, na Colômbia, que lhe deu um cartão pessoal, com os seus contactos, dizendo-lhe que podia vingar como bailarina no estrangeiro.

A jovem então com 21 anos animava festas e dava aulas de dança, além de trabalhar como caixa num supermercado. Mas acabou por se deixar conquistar pela promessa de sucesso quando a filha de 4 anos ficou doente e as contas começaram a apertar.

Contactou o homem que lhe deu dinheiro para as despesas hospitalares da filha, comprometendo-se a devolvê-lo quando fizesse "fortuna" no estrangeiro.

A pedido dele, não contou à família que ia viajar para o estrangeiro. E no dia da partida, o homem deu-lhe um passaporte falso, dinheiro vivo e um bilhete só de ida para o Japão.

No aeroporto, foi recebida por outra colombiana que a levou para uma casa onde viviam outras mulheres.

No dia seguinte, foi confrontada com a dura realidade - disseram-lhe que ia ser trabalhadora do sexo para poder pagar as despesas de alojamento e alimentação, mas também a passagem de avião, o passaporte e o dinheiro adiantado.

Ela ainda ameaçou chamar a polícia, mas disseram-lhe que se o fizesse poderia não chegar "a tempo para o enterro da sua filha".

Sem outro remédio, Marcela Loaiza acabou por aceitar prostituir-se, fugindo do destino que tinham as mulheres que se recusavam a fazê-lo e que eram drogadas, acabando por se tornar toxicodependentes.

Ao cabo de 18 meses de exploração sexual e agressões físicas, e depois de ver uma trabalhadora do sexo a morrer vítima de murros e de agressões com um cadeado, conseguiu libertar-se deste inferno com a ajuda de um cliente.

Marcela Loaiza explica que, sendo ele japonês, teve que lhe fazer desenhos durante oito meses para que percebesse que precisava de ajuda para fugir. Conseguiu fazê-lo aproveitando um desleixo dos homens que a vigiavam, chegando ao Consulado da Colômbia, graças às indicações do cliente.

De regresso ao seu país natal, Marcela Loaiza criou uma fundação para ajudar outras vítimas de tráfico sexual, sendo actualmente uma activista na luta contra este flagelo, dando conferências em escolas, universidades e tribunais.

Em 2017, a polícia japonesa registou 46 casos de tráfico de seres humanos, 28 dos quais envolvendo mulheres japonesas, 13 relacionados com mulheres de países asiáticos e um envolvendo uma cidadã brasileira.

Estes números estão, contudo, aquém da realidade, já que a grande maioria dos casos de exploração sexual nunca é denunciada.

Por outro lado, a justiça japonesa é demasiado branda com os traficantes e muitas mulheres acabam por ser deportadas por prostituição ilegal sem que os casos sejam investigados como situações de tráfico de pessoas.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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