11 Julio, 2025 Mentes Conectadas: Casado que procura acompanhantes ama a mulher?
A culpa e as dúvidas de um cliente casado que procura trabalhadoras do sexo.
As dúvidas de um homem casado há 17 anos que procura acompanhantes, mas que continua a amar a mulher. A pergunta é se se pode amar alguém “e ainda assim, procurar outro corpo” por prazer.

“Tenho 45 anos, sou casado há 17. A minha mulher é incrível: boa mãe, boa companheira, respeitamo-nos muito. Mas há uns anos, comecei a procurar acompanhantes.
No início, achei que era apenas desejo. Depois, percebi que me sentia mais vivo nesses encontros.
Agora, sinto culpa, claro. Mas também sinto que consigo continuar no meu casamento por causa disso.
Eu amo a minha mulher. Mas há algo em mim que precisa de mais. Isto faz de mim um traidor? Ou será possível amar alguém e, ainda assim, procurar outro corpo?”
Esta pergunta é difícil. Dolorosa. E profundamente humana.
Vivemos numa sociedade que nos ensinou um modelo fechado de amor: um corpo, uma pessoa, uma vida, um desejo. Mas a realidade das relações - e da sexualidade - é mais complexa do que qualquer norma.
A tua dúvida não é só sobre traição. É sobre identidade, desejo, culpa, lealdade emocional e sobrevivência afetiva. E ela merece ser olhada com profundidade, sem julgamentos fáceis.
O que é “traição”, afinal?
Trair é quebrar um acordo. Mas a maior parte dos casais nunca fala claramente sobre os termos desse acordo.
Muitos assumem que “fidelidade” significa exclusividade sexual - sem explorar o que isso realmente quer dizer para ambxs.
No teu caso, se procuras acompanhantes sem o conhecimento da tua mulher, isso pode ser sentido como traição por ela - mesmo que não haja amor envolvido.
A questão não é apenas o que fazes, mas o que escondes. E o segredo, muitas vezes, pesa mais do que o ato.
Mas... e o amor?
Amar alguém não anula o desejo por outros corpos. E desejar alguém fora do casamento não significa que deixaste de amar a tua parceira.
Muitas pessoas confundem amor com exclusividade sexual. Mas são coisas diferentes.
Amor é presença, cuidado, afeto, partilha, intimidade emocional.
Desejo é impulso, novidade, imaginação, descarga, curiosidade.
São esferas que se tocam, mas que nem sempre andam juntas.
Tu podes amar profundamente a tua mulher e, ao mesmo tempo, sentir necessidade de viver outras formas de excitação, presença ou evasão.
A questão é: o que é que procuras nas acompanhantes que não encontras em casa? E isso pode ou não ter solução dentro do casamento.
Pode haver amor com desejo fora?
Sim. Mas não sem consequências.
Porque o amor implica compromisso emocional, mas não necessariamente exclusividade física.
A monogamia é uma escolha, não um destino. Há casais que escolhem caminhos alternativos (relação aberta, acordo sexual externo, honestidade sexual mútua).
E há casais que não aceitariam nunca essa partilha - e têm direito a essa escolha também.
O desafio está em ver se:
- O casamento aguenta a verdade;
- A tua mulher está disposta a repensar o acordo que têm;
- Estás disposto a assumir o desconforto de te revelares.
E se eu nunca contar?
Essa é a escolha mais comum. E mais perigosa. Porque o segredo pode criar distância emocional, fazer-te viver sempre com culpa e medo de ser descoberto, e fazer com que o casamento se torne um teatro, em vez de uma parceria real.
Viver duplamente - um homem em casa, outro na rua - cobra um preço. E mais cedo ou mais tarde, esse preço aparece: na ansiedade, na disfunção sexual, na quebra de intimidade, na solidão.
E se eu parar?
Depende. Podes parar por culpa. Por medo. Por pressão. Mas se não compreenderes o que te levou a procurar “fora”, o desejo vai reaparecer - e o ciclo repete-se.
Parar não resolve por si só. Olhar para dentro, sim.
Pergunta-te:
- Sinto-me sexualmente vivo com a minha mulher?
- Consigo comunicar os meus desejos com ela?
- Temos espaço para reinvenção?
- Quero mesmo voltar a viver apenas dentro da relação ou estou a forçar um modelo que já não me serve?
E se ela soubesse?
Esta pergunta dói. Mas é honesta.
Imagina que ela descobre:
- Que imagem vai ter de ti?
- O que é mais destrutivo: o ato ou o segredo?
- Que tipo de relação gostarias de reconstruir com ela - se possível?
Por vezes, o caminho é falar. Com calma. Com verdade. Talvez não contes tudo, mas talvez cries espaço para dizer:
“Sinto falta de algo. Gostava de falar sobre desejo. Sobre sexualidade. Sobre como podemos renovar isto juntos.”
Não é fácil. Mas pode ser transformador.
Uma palavra final
Sim, é possível amar e, ainda assim, procurar “fora”. Mas isso não é leve, nem inofensivo, nem simples. É uma escolha com impacto - no corpo, na alma, e no outro.
O mais importante é parares de fugir de ti mesmo. Mais do que seres fiel à tua mulher, sê fiel ao que precisas de olhar. Com coragem. Com humanidade. Com responsabilidade.
Porque um casamento feliz não é aquele sem desejos externos - é aquele onde há espaço para falar, crescer e amar com verdade.
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