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05 Enero, 2022 Guia do "pula-cercas"

Pequenos apontamentos de quem trai por desporto.

Já o disse antes e volto a dizer: trair é errado. É como beijar a nossa irmã ou termos tesão com a nossa mãe, devemos evitar a todo o custo, mas às vezes acontece. Portanto, não encarem a minha primeira crónica de 2022 como um incentivo a tal pecaminoso acto, ok? 

Agora que já lavei as patas de quaisquer responsabilidade de destruir o vosso casamento, resta-me começar por desejar a todos um feliz ano novo e prosseguir da seguinte forma: este ano tive o prazer de festejar a entrada neste lindo ano de 2022 na companhia de umas quantas personagens interessantes e uma delas era um tipo que me confidenciou ser um - e passo a citar - "traidor crónico". Ora, como sou uma espécie de jornalista de investigação com pichas e mamas à mistura, não perdi a oportunidade deste grande "furo jornalistico".

Guia do

Disse-me este sábio de cona comprometida que trair é apenas um conceito abstracto, uma construção social que a sociedade inventou para impôr limites a um casal comprometido de forma a impedir que ambos se tornem em dois chupa pilas e lambe ratas em série. Se encararmos a definição de "traição" como sendo apenas uma palavra que vem no dicionário, então estamos aptos a prosseguir a longa caminhada de prazer e sofrimento que é andar a pular a cerca até se extinguir a tesão. Portanto, se não vês nenhum mal em foder com terceiros estando numa relação, tens todos os requisitos necessários para ser um/uma bom/boa pula-cercas.

Atravessando a questão da moralidade, o que faz de nós um bom pula-cercas? Antes de mais, respeitar o "inimigo", isto é, nunca subestimar o nosso parceiro, fazendo-o de parvo ou assumindo que é uma abécula de olhos vendados. Quantos milhões já não foram apanhados por subestimarem a pessoa a quem estão a colocar um chapéu de veado? Assumir sempre que estamos sob vigia, nunca duvidar da perspicácia alheia e jamais - mas mesmo jamais - pensar que fazemos as pessoas de parvas. Isto implica planear sempre as "puladas", ter sempre alibis na mão, não deixar rasto de papel ou digital e ter sempre um plano B caso surja uma emergência não planeada e temos que sair de cima da outra pessoa para ir socorrer alguém.

Explcou-me também este ser que outra das suas regras de ouro é apenas se envolver com pessoas comprometidas. É certo que o podemos fazer com pessoas não comprometidas com igual sucesso no acto, contudo, se queremos manter esta "segunda vida" a longo prazo, precisamos de estabelecer regras e limites. Apenas pessoas comprometidas com tanto a perder como nós no caso de serem apanhadas, dado que estas pessoas - além de serem pula cerca como nós - irão fazer o possível e impossível para não serem tanto elas apanhadas como nós.

Regra de ouro: não se caga onde se come. O que é que isto significa? Que se é para foder a mulher ou o marido de alguém, que seja bem longe da nossa casa, da nossa rua, da nossa cidade, foda-se, o melhor é até ser noutro país. Quanto mais longe melhor, no entanto, atenção às emergências que podem ocorrer e que necessitam da vossa presença rápida: vão para longe, mas não o suficiente para demorarem 3 horas de carro a aparecerem onde são chamados. 

Hoteis e moteis pagos em dinheiro e não cheguem juntos. Dividir carro? Para correrem o risco de serem vistos ou da outra pessoa deixar cair qualquer coisa naquele espalo entre o banco do pendura e da manete das mudanças? Nada disso. Disse-me este senhor que até já chegou a ir e vir de autocarro para uma foda. Perguntei "mas porque não UBER? e ele responder "rasto digital, quanto menos deixarmos, melhor!".

- O problema não é fazeres as coisas uma vez, a questão é que se queres fazer as coisas de forma tranquila sem teres qualquer tipo de preocupação, tens de limitar ao mínimo possível tudo o que pode vir a ser descoberto no futuro. Talvez não fosse no dia a seguir ou nesse ano até, mas as coisas que deixam pegada digital tendem a assombrar-nos mais cedo ou mais tarde!".

Ele tem razão. Um histórico de email, uma simples passagem de telemóvel para a mão da outra pessoa para ela chamar um UBER e poderá ser que o histórico de viagens apareça. E depois como é? Palavras sábias de quem anda nesta vida há duas décadas.

Talvez vocês andem nisto também e talvez não sejam tão cuidadosos porque nunca foram apanhados. Aliás, até o serem, nunca foram. Até mesmo este meu novo conhecido. Giro era eu saber quem era a mulher dele para a engatar e foder.

Boas fodas por cima da cerca e até domingo.

Noé

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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