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23 novembre, 2013 Um negro na noite, Ep 44 ao Ep 48

   * QUADRAGÉSIMO QUARTO *
 
A branquinha e o grogue estavam a produzir efeito. Recostei-me num sofá espaçoso. Mimosa serviu-me mais um balão. Fechei os olhos. Dos cantos da sala a bossa-nova com Nara Leão e Carlinhos Lyra levaram-me, em agradável meditação, a um passado recente. A conversa, animada, abordava experiências sexuais que tivéramos e "fetiches" que em nós habitavam. Eram muitos e variados.
Dos mais vulgares aos mais excentricos. No fundo uma introspecção a que nos iamos submetendo para que, no próximo "embate", não tivessemos de adivinhar. Mimosa, socióloga, e a arquitecta paisagistica, ambas "crossdesses" assumidas deambulavam, filosòficamente, por teses publicadas, sobre os desvios ou não desvios das preferências sexuais de cada um. Desde Plutão à modernidade passando por Da Vinci, Jesus, Freud, Darwin, Prost até Sagan, Sartre e Simone de Beauvoir. Discussão acesa e pormenorizada que tinha como espectadores pouco atentos e muito menos interventivos eu e Carina que repousava a cabeça no meu colo e que me abrira a braguilha e espraiava a sua cara na minha pintelheira enquanto, ternamente, me dava dentadinhas e lambia, a espaços, o caralho. No outro lado, sob a luz mortiça dum candeeiro Mimosa e Eddy prosseguiam a discussão sobre a existência ou não do "terceiro sexo".

   * QUADRAGÉSIMO QUINTO *

Um apito suave tornou-nos à realidade.
Era sinal que o jacuzzi estava no ponto. A conversa findou e o meu tom-tom, ainda bem tesudo, regressou ao seu abrigo natural onde esmoreceu na espera de novas batalhas... Na suite dos donos que eu, em parte, já conhecia, Carina e Eddy acharam-na o máximo. Todos aqueles espelhos, a cama gigante. Mimosa chamou-nos:  "- O jacuzzi 'tá esperando". Entrámos. Conhecendo o quarto nunca estivera no jacuzzi.
Era em forma de coração como a piscina e dava, à vontade, para seis pessoas. Toalhões e roupões revestia as paredes de mosaicos brancos.
Perfumes, colónias, cremes enchiam uma prateleira embutida. Dos lados engates para baldes-frapée e, no ar, música suave que chamava ao repouso, ao relaxamento e ao sexo. Do teto, também espelho, uma luz, ora vermelha frágil ora arrocheada, percorria faseadamente o espaço.
Alguém tinha de dar o tiro de saida. Fui eu. Os vapores de água, em movimento, atiravam para o ar um cheiro distante a lavanda. Todos se despiram e, um a um, mergulharam. As pernas tocavam-se. Do frapée garrafas de espumante, servido em taças, beatificavam aquele encontro.
Faziam-se saúdes "à saúde não sei de quem". A volúpia do morno-quente tomávam-nos e os sexos começavam a controlar os sentidos.


   * QUADRAGÉSIMO SEXTO *
 
E se a principio só as pernas se tocaram agora eram corpos, mãos, linguas, sexos que se misturavam e se chupavam. Os paus erguiam-se tal catedrais. Carina pedia, histèricamente:  "- Caralhos!" A vontade foi-lhe feita. Mimosa meteu-lho na cona. Eddy enfiou-lho no trazeiro. Eu fui à boca. Quasi a engasguei. Ela "ganiu" depois de orgasmos sucessivos. Recolhemos as alavancas e trocámos. Mimosa mamava na pila de Eddy. Esta lambia-me, generosamente, o cu. Eu chupava o grelo atrevido de Carina quando esta suplicou:  "- Migem-me na cara!".   Assim fiz. Creio que voltou a vir-se. Com as mãos friccionou o corpo com a urina que lhe ofertara.
Bochechou com a água tépida e abocanhou-me. Mimosa deixara Eddy e veio linguar-me o cu. Breve deixou a minha rectaguarda e foi fazer um soberbo broche a Eddy. Veio-se e Carina apareceu para um linguado monumental. O meu tom-tom braseava. Tinha de me esporrar. A geito o rabo lindo de Mimosa. Meti-lho todo. Sentiu que eu estava no climax.
Voltou-se e engoliu a leitada. Abandonámo-nos em repouso tal bébés  em ventre materno antes de serem paridos. Alguém encheu as taças e o espumante foi vertido naquelas bocas que há pouco haviam salivado espermen variado repousando, agora, do prazer vivido. E fôra muito...
No silêncio da noite próximas badaladas da Cartuxa anunciavam as quatro horas. Eram horas.


   * QUADRAGÉSIMO SÉTIMO *
  
Estávamos fatigados. Arrumámos as soupas agora substituidas pelos robes. Deixámos o jacuzzi. Mimosa levou Carina e Eddy ao quarto que lhes fora destinado. Eu ainda vim até à sala. Tinha fome. Petisquei, bebi um tinto e recolhi-me. Estava disperto. A branquinha tem destas coisas. Um pijama, beje riscado, fôra colocado no meu leito. Vesti só a parte de cima, como é meu hábito, e deitei-me. Deixei uma pálida luz e Brahms a acompanharem-me.
Cerrei os olhos pensando, sei lá em quê, quando a porta se abriu. Era Mimosa: "- Está dormindo? Gostou?" e enfiou-se na cama. Acendi um cigarro. Ela fez o mesmo colocando, entre ambos, um cinzeiro de bronze. "- Vou seguir minha história. Valeu?" E continuou.         


  * QUADRAGÉSIMO OITAVO *
 
"- Maninha e Raul vinham visitar-me com frequência. Eu tinha um espaçoso apartamento. Aos 22 anos terminei o curso." Indaguei: "- E não mais voltaste à Roça?" "- Nunca. Assumira-me cd e não podia desgustar papai."  Uma lágrima, teimosa, percolheu-lhe a face. Limpou-a ao lençol. "- Acabei o curso e mudei para Las Vegas. Tinha um apartamento na rua Freemont e entrei na nocturna vida louca da cidade dos Anjos." O dia ia nascendo. A claridade levou-me a correr o cortinado. A penumbra regressou.       
"- Um dia apareceu Emidio. Foi então que conheci Margot. Foram dias e noites de sexo, drogpa e rock and roll. Frequentámos os melhores clubes privados. Do bondage aos prostitutos e prostitutas de rua. Spa dos mais sofisticados aos mais ousados. Faziamo-lo por gozo experiências e voyeurismo. Numa noite Margot fez amor com sete negros ao mesmo tempo tendo bebido, um por um, a esporra de todos. Foi no Onya-LA."  Suspirou e acendemos cigarros.     "- Então convidaram-me para vir viver para Portugal e aqui estou..."          
Eram sete horas. Abalou. Adormeci

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