06 juin, 2025 Mentes Conectadas: Vergonha por ter ejaculação precoce
Dicas para lidar com a ejaculação precoce e algumas causas do problema.
Recebi uma dúvida de um leitor de 32 anos que sofre de ejaculação precoce, o que está a afetar as suas relações amorosas. Como lidar com este problema que é tão comum?

“Sou um homem de 32 anos e nunca consegui manter uma relação estável por causa de um problema sobre o qual me custa até escrever: ejaculação precoce.
Às vezes, acontece segundos depois da penetração, outras vezes nem sequer consigo iniciar.
Já fui gozado por parceiras, já me senti um falhanço como homem, e comecei a evitar relações por medo de dececionar.
Isto tem solução ou vou viver assim para sempre?”
Antes de tudo: obrigado pela tua vulnerabilidade. Só o facto de escreveres esta pergunta já é um ato de coragem.
Vamos começar pela resposta mais importante: isto tem solução! Mais do que isso: não estás sozinho.
A ejaculação precoce é uma das dificuldades sexuais mais comuns entre homens. Afeta, em algum momento da vida, cerca de 1 em cada 3 homens - e muitos nem sequer procuram ajuda por vergonha, silêncio ou medo de parecerem “menos homens”.
Mas aqui está a verdade: a tua masculinidade não está presa ao tempo que duras. Está no respeito, na escuta, na presença e na forma como cuidas de ti e do outro.
O que é, afinal, a ejaculação precoce?
Não se trata apenas de “durar pouco”. Trata-se de uma dificuldade em controlar a ejaculação de forma voluntária, o que pode causar frustração, ansiedade ou evitar o ato sexual.
Existem dois tipos principais:
- Primária – está presente desde os primeiros contactos sexuais;
- Secundária – aparece após uma fase em que o controlo era normal.
Em ambos os casos, há causas psicológicas e físicas possíveis - e, na maioria das vezes, com abordagem adequada, o quadro melhora (muito!).
Porque acontece?
A ejaculação precoce pode ser causada por vários fatores combinados:
- Ansiedade – medo de falhar, necessidade de “provar” algo, pressa em satisfazer.
- Condicionamento – masturbação rápida e apressada ao longo da vida, muitas vezes com culpa ou às escondidas.
- Stress emocional ou trauma – experiências passadas negativas, bullying sexual, pressão social.
- Causas físicas – sensibilidade aumentada no pénis, desequilíbrios hormonais, inflamação da próstata ou problemas neurológicos.
Por isso, o primeiro passo é olhar para ti com curiosidade e compaixão, não com julgamento.
O ciclo da vergonha
Muitos homens entram num ciclo:
- Têm uma experiência frustrante →
- Sentem vergonha →
- Evitam novas tentativas →
- Acumulam ansiedade →
- O problema repete-se ou piora.
E com o tempo, este ciclo transforma-se em medo, isolamento e até depressão.
Por isso, é urgente quebrá-lo. E quebrá-lo começa por se falar do problema. Procurar ajuda. Reaprender a lidar com o próprio corpo.
Sim, tem solução - várias até!
Aqui vão algumas abordagens que têm bons resultados:
1. Psicoterapia com foco sexual (Terapia Sexual)
Um(a) terapeuta sexual trabalha contigo:
- A forma como vês o prazer e o controlo;
- A tua história emocional e as tuas crenças sobre desempenho;
- Técnicas práticas de respiração, controlo, pausas, foco no presente.
É uma terapia breve e, na maioria dos casos, altamente eficaz.
Se quiseres, posso ajudar-te a encontrar ajuda profissional de confiança. Envia-me mensagem para mentesconectadasx@gmail.com.
2. Exercícios práticos em casa (sem parceiro/a)
- Técnica de pausa e aperto - Durante a masturbação, quando estiveres prestes a ejacular, para e faz uma pequena pressão com os dedos na base do pénis, respira e só depois continua. Este treino ensina o corpo a reconhecer o ponto sem retorno.
- Exercícios de Kegel (controlo do músculo PC) - Estes exercícios fortalecem o músculo que ajuda a segurar a ejaculação. Quando urinas, podes, por exemplo, tentar parar o jato por alguns segundos. Esse músculo pode ser treinado várias vezes ao dia (com ou sem urinar).
- Masturbação consciente - Longe da pornografia, com tempo, sem pressa, apenas a explorar o corpo e a respiração. O objetivo não é chegar ao fim, mas reeducar o prazer.
3. Medicamentos (se necessário)
Em alguns casos, os médicos podem recomendar:
- Antidepressivos em doses muito baixas (ajudam a atrasar a ejaculação);
- Cremes anestésicos locais (reduzem sensibilidade);
- Técnicas combinadas com psicoterapia.
Muito importante: nunca te autodiagnostiques, nem te mediques sozinho. Consulta um médico de família ou urologista.
E no relacionamento?
Falar com uma parceira (ou parceiro) pode ser assustador, mas também pode ser libertador.
Muitas pessoas estão disponíveis para criar um espaço seguro - quando percebem que há verdade, esforço e respeito.
A relação sexual não se esgota na penetração. E um encontro pode ser prazeroso mesmo com pausas, mesmo com inseguranças, mesmo com tentativas e erro. Desde que haja diálogo e empatia.
Uma palavra final
O teu corpo não está “estragado”. Tu não és um falhanço.
Tu és um homem real, com um corpo real, com uma história real - que está a procurar ajuda e caminho. E isso é bonito.
Com tempo, prática e apoio certo, é possível sair desse ciclo. É possível voltar a confiar em ti. É possível viver a sexualidade sem medo.
E, acima de tudo, é possível sentires-te suficiente. Porque és!
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