18 mars, 2023 Boa tarde, humildade! Tudo bem?

Afinal, o que é humildade? Será esconder as nossas qualidades e feitos?

Os pais, por vezes, agarram-se a conceitos ensinados pela sociedade, e nem se apercebem que podem destruir a auto estima dos seus filhos. Ora vamos ver este caso...

Num sítio público, os pais queixavam-se da sua filha de 6 anos a outras pessoas. Diziam que a filha deles não tem humildade nenhuma, pois quando chega a casa diz-lhes que é a favorita da escola, que é muito inteligente. Chega até a dizer que é a rainha da família!

Os pais, ao ouvirem tal coisa, dizem-lhe que ela não é a favorita da escola, apenas é a mais pequena, mais leve de pagar ao colo, e é por isso que lhe pegam ao colo quando é para tirar fotografias. Dizem-lhe também que ela é igual aos outros meninos, e que nada há de especial nela. Com convicção, garantem que os seus filhos serão sempre humildes, e que não poderão dizer tais afirmações como diz a pequenina.

Eu muito admirada perguntei:

- Estás a falar a sério? Vocês dizem isso à vossa filha?!

- Sim claro, connosco tem de ser assim!

Connosco... Quem são estes “connosco”?

Trabalham para o pai dele, 13 horas por dia, vivem num T1 com os sogros e dois filhos. Talvez por humildade (sarcasmo).

Respondi:

- Estão a destruir a auto estima da criança! Deixem a criança ter sucesso!

Mas, afinal, o que é humildade? Será esconder as nossas qualidades e feitos?

O que é que é ser humilde?

"Humilde é um adjetivo atribuído a uma pessoa quando esta não possui aparência de vaidade, podendo conhecer as suas próprias limitações. Uma pessoa humilde é uma pessoa modesta, simples, que expressa ou reflete sentimentos de deferência ou submissão." (Referência Google)

Sublinhei submissão.

"Humildade, do latim humilitas, e é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas". (Wikipédia)

O Paradoxo mais belo que pensei agora:

Sabemos agora isto tudo sobre humildade, e concordo com o seu significado e importância. Pessoas com alguma educação têm tendência a comportarem-se de forma humilde, mas não submissa!

Não interferem na vida dos outros e nem causam danos emocionais a outras pessoas. Sabem os seus limites e até onde podem ir.

Eu sinto que este mau ensinamento que nos foi passado sobre a humildade - basicamente, o que nos foi passado é que "temos que ser submissos"! - faz com que a pessoa, quando chega à altura de mostrar as suas capacidades, sinta culpa e vergonha. A cabeça diz logo que nos estamos a colocar num patamar acima de alguém, a mostrar superioridade. Os outros que também foram mal ensinados acerca de humildade, acham-nos arrogantes.

Eis que... E vem aí o paradoxo! O nosso currículo vitae pede que se escrevam as nossas competências sociais!

Então, em que é que ficamos? Se calhar, é melhor não escrever e ser humilde. Em vez de 10 qualidades importantes, coloco 3 e sou logo socialmente aceite!

ERA O QUE FALTAVA!

No mundo competitivo em que vivemos, somos quase que obrigados a nos destacar dos demais. Competimos com uma série de gente por um lugar no trabalho, na escola, e afins. Por vezes, temos que tirar várias formações para podermos conseguir fazer essa distinção! É a nossa vida! A nossa vida é importante! É a única que temos!

A mim dão-me na cabeça quando trato alguém por Dra. ou Engenheiro. Dizem-me para não o fazer, pois são pessoas comuns, mas eu continuo a fazê-lo, pois é a minha forma educada de honrar todo o estudo e sacrifícios que fizeram para serem quem são.

Se um filho nosso mostra auto estima, olha que bom! Vamos cultivar essa auto estima! Vamos dizer-lhe todos os dias que a vida dele importa, e que ele importa nesta sociedade. Vamos dizer-lhe que vai ter sucesso, e vamos encontrar formas de conseguir que ele tenha sucesso.

Vamos abraçar os nossos filhos quando eles chegam a casa e nos dizem o quanto inteligentes são, e tudo aquilo que conseguiram na escola. Vamos mostrar felicidade em vez de punição. Os filhos não têm a culpa de os pais falarem de humildade sem a entender de fato!

Não destruam a auto estima das vossas crianças, pois eu vejo no trabalho voluntário muitas crianças com a auto estima destruída, caras tristes, com frio, com fome! Crianças essas que terão um dia que lutar abrindo caminho, e até esperar por vir a ter um despertar espiritual para darem a volta às suas vidas.

Muitas destas crianças que eu vejo, vão precisar de bons terapeutas já na fase da adolescência que lhes digam:

“É Ok... Agora vai ficar tudo bem! Vamos lá identificar o que aconteceu, compreender, aceitar e fazer um plano para seguir em frente.”

Quando elas chegam, eu, para além da comida para lhes dar, tenho sempre um brinquedo que compro para elas. Abraço-as e, baixinho, digo-lhes ao ouvido: