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25 Enero, 2024 O caso da rata fedorenta - Parte 1

CSI - Comissário Sarilhos Investiga

Há dias em que um homem não pode sair de casa, muito menos um investigador renomado. Foi o que pensei mal entrei no meu gabinete e vi a sala de espera forrada com os sujeitos do costume...

O caso da rata fedorenta - Parte 1

Delatores, queixinhas, badamecos, proxenetas, sopeiras e respectivos cornudos, cidadãos incautos, donas de casa desesperadas... Todo um carnaval de almas perdidas, nenhum deles minimamente estimulante para os desafios de dedução que qualquer criminalista precisa para aquietar o priapismo.

Comissario Sarilhos O caso da rata fedorenta parte1 1

Para piorar tudo, a minha a ressaca assemelhava-se a um crocodilo obeso a roer-me os cantos do cérebro e a Mimi, a minha secretária sexagenária, tinha metido baixa para ir com o marido às urgências e não sabia a que horas vinha.

Como estamos em Janeiro, calculei que só a voltaria a ver lá para Setembro. Isso deixou-me ainda mais macambúzio. Maldito vinho branco de pacote...

A Mimi era o meu analgésico natural. Em 30 anos de serviço, nunca aprendeu a dactilografar, mas era uma deusa nas artes do felácio. Mamava paus como quem arranca maus olhados e tornou-se para mim um daqueles rituais de convalescença, como comer uma bola de Berlim ou vomitar um galão escuro. Não me sentia “eu” sem o meu broche matinal.

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A minha vontade era fechar o escritório e pôr um aviso na porta: “Fui só ali suicidar-me, volto já”. Mas o despojamento niilista não paga contas, nem alimenta conas, por isso, em vez de esticar o pernil no tampo da secretária e arejar a gaita, abri o expediente e passei a manhã a despachar.

Despachei com diligência, já que os problemas que me apresentavam eram tão solúveis como a cortiça em água e tão evidentes como a pata de camelo da Mimi quando vestia licra.

O tempo passou como a lesma, lento e a deixar um rasto de gosma pelo caminho. Sentia o tédio escorrer-me pela testa e o meu interesse pelas causas da clientela só encontrava paralelo com o prazer do diabo a chicotear um masoquista.

Até que ela chegou... Ouvi os seus saltos altos antes mesmo de virar a esquina, e parecia um coro de percussionistas cegos quando começou a subir as escadas.

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Fez uma entrada tão triunfal que a minha picha, desfalecida na perna esquerda, se endireitou como uma trave olímpica e guinou para a perna direita, recorde mundial do salto em comprimento, ali pelos 16 centímetros bem babados.

Olhando para a cliente à primeira vista, ninguém poderia esclarecer se era puta ou se era diva, não que isso interessasse. Era deslumbrante, no sentido mais degenerado do termo.

O vestido tinha griffe e uma racha que denunciava rachas, mas o perfume era barato como se tivesse acabado de se refrescar numa latrina. Acima disso, exalava um cheiro inconfundível das partes fodengas. Ou era chulézinho de cona repassada ou trazia uma embalagem de bacalhau espiritual fora do prazo metida nas cuecas...

O fumo da cigarrilha disfarçava alguma coisa, mas era incapaz de esconder por completo o mosto assado que deixava à sua passagem, a badalhoquice mais fétida que tinha memória de alguma vez ter experienciado... O carma pode ser fodido, pensei, mas às vezes é o melhor amigo do detective renomado!

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A lady apresentou-se como Madame X e bastou-me aspirar as suas zonas limítrofes para as minhas celulazinhas cinzentas ganharem logo cor. Ofereci-lhe uma cadeira na esperança de saber (cheirar!) mais, mas em vez de me abrir as pernas como a Sharon Stone, trocou-as como a noiva no convento.

Era como se, consciente do seu poder, me quisesse proteger da ameaça que sabia constituir. A sua candura para comigo deixou-me tão inflamado que tive que amansar o meu sherlock, que a essa altura dava pulos de alegria dentro dos meus boxers.

– Diga-me então, Madame X, o que posso fazer por si?

Sussurrei-o com a minha voz mais sedutora, Victor Espadinha das barracas, aproveitando para lançar em simultâneo balões de pensamento libidinosos na sua direcção. Já nem me lembrava da Mimi...

– O que posso fazer por si? Lamber essa greta fedorenta? Escarafunchar esse cuzinho fétido? Espremer essas mamocas bafientas? Enfiar o meu sherlock nessa boquinha de Gata Hari até fazer miau?

Olhava-lhe para os sapatos de puta fina, idealizava-lhe caspinhas e peles mortas nos pés e só pensava em chupar-lhe os intervalos dos dedos. Infelizmente, ela não podia ouvir as bardajisses que me inspirava nem calcular os devaneios que eu imaginava.

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– É o meu marido, detective Sarilhos. Sabe lá... Desapareceu sem deixar rasto!

– Ora essa, sumiu-se?

– Não, esfumou-se.

- Isso é que é pior. Já foi à polícia?

– Já sim, inspector Sarilhos. Não quiseram saber. Olharam para mim com desdém e ouvi um deles dizer que se fosse ele provavelmente teria feito o mesmo...

– Compreendo. Não me leve a mal o que lhe vou perguntar, mas permita-me: a Madame, por acaso, banhou-se esta manhã?

– Não tive tempo, investigador Sarilhos. Fiquei tão aflita que por pouco não saía de casa como vim ao mundo. Vesti só estes trapinhos e passei um toalhete.

– Nas gretinhas?

– No sovaco.

– E como estamos de cuequinhas?

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– São as da semana passada, comissário Sarilhos. Trabalham-me um bocado as micoses, mas o que é que quer! Dispo-as tantas vezes que quase não lhes dou uso.

– Claro, percebo, é a economia, não é verdade? Afinal, estamos na era da pobreza energética.

– Sabia que o detective Sarilhos ia compreender.

– Ora essa, por quem sois. Outra coisa, há quanto tempo não lava o pezinho? E o rabinho?

Ia começar a responder, mas antes de o poder fazer irrompeu num pranto de telenovela turca dobrada em castelhano.

– Oh, inspector Sarilhos, estoy tan preocupada con mi amor...

– Madame X, sente-se bem? Está branca como a esporr... como a cal.

– Oh, sinto que vou desmaiar...

– Espere, tenho uma pastilhas boas para isso. Anda, filha, encosta-te a mim. Toma, faz muito bem à garganta... Isso, chupa bem antes de engolir.

Comissario Sarilhos O caso da rata fedorenta parte1 7 

– Oh... Mmhmm... Mmhmm... Muchas gracias... Mmhmm... Detective... Mmhmm... Mmhmm... Sarilhos... Mmhmm... Mmhmm...

– Não se preocupe, Madame X, isso é apenas emoção feminina. E desidratação. Olhe, engula o leitinho todo que aí vem e vai ver que fica logo melhor... Cá vai ele... Ahhhhhhh!!!

– Ohhhhh!!! Mmhmm... Mmhmm...

– Isso, beba tudo.

– Glup, glup, glup.

– Oh, a delícia! O nojo! Isso, engole bem! As natinhas também.

– Glup, glup, glup...

Comissario Sarilhos O caso da rata fedorenta parte1 8

Parou de chorar com o leitinho derramado e estávamos nisto quando entrou a Mimi, esbaforida e já a pôr o batom do cieiro, pronta para entrar ao trabalho.

– Já não preciso de ti, Mimi, como podes ver. Podes ir almoçar. Olha, e o teu marido?

– Adiaram a consulta.

– Ai foi? Para quando?

– 2048.

Paciência, 2048 era já ali ao virar da esquina, mas eu tinha assuntos mais prementes em mãos. Quais? Bem, para começar, limpar a picha e arranjar uma forma de baixar a cueca à Madame X, de forma a poder mergulhar de cabeça nos refogados gourmet que lhe saíam das cavidades íntimas.

Comissario Sarilhos O caso da rata fedorenta parte1 9

Era um trabalho moroso, sim, mas não se pode apressar um artista enquanto pinta a sua obra prima. E no caso da Madame X, que não primava pela higiene, é caso para dizer que, quanto menos prima, mais vontade tenho de lhe saltar para cima...

O caso da rata fedorenta - Parte 2

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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