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20 Marzo, 2016 Boa cama, boa mesa... mas não ao mesmo tempo!

Aquela mítica cena do "9 Semanas & Meia" só nos trouxe complicações.

A ideia que comida incorporada no acto pode ser sexy, é bastante agradável na nossa cabeça. Misturar dois prazeres num só. Será?

Boa cama, boa mesa... mas não ao mesmo tempo!

Quando o Mickey Rourke e a Kim Basinger (ambos no seu auge) enfiaram comida na boca um do outro e perdendo-se depois no corpo também um do outro, um novo mundo se abriu para muita gente ainda de mente fechada: sexo & comida.

“Afinal é possível!” - pensámos nós todos de mão numa perna de frango enfiada na boca.

A beleza do cinema tem destas coisas. O cenário certo. A luz perfeita. Dois intervenientes cheio de estilo. É a receita perfeita, correcto? É sim. Querer transpor essa junção para o nosso não tão perfeito mundo real, longe do idilico cenário sensual do ecrã é mais complicado. Sim, eu sei que chantilly e morangos é muito giro mas quantas vezes mais vamos cair na banalidade. Chocolates enficados em sítios mais doces ainda? Também é possivel. Mas o que vemos naquela cena transcende a banalidade e aí é que reside o seu maior factor de excitação. Eu gostaria de propôr um desafio a quem me está a ler: vão ao vosso frigorifico e investiguem o que lá há. Vão lá, eu espero. Ora, sem querer armar-me em Professor Bambo mas a coisa deve andar à volta de uma dúzia de ovos, um pacote de leite, margarina, umas sobras de arroz, leites com chocolate, ketchup a meio, maionese no fim, um molhe de legumes e, quem sabe, até mesmo um quarto de lasanha que sobrou do jantar.

Com mais umas coisas ou menos outras, os nossos frigorificos são todos primos uns dos outros.

Agora imaginemos que nos cruzamos com a nossa cara metade a meio da noite para uma bolachinha integral fugidia. Ela, de lingerie. Nós, com ele meio feito porque… porque vamos assumir que estamos com meia-casa para que esta história funcione. Ele abre a porta do frigorifico e deixa aquela luz “sexy” iluminar-lhe a cara. Ela olha de relance para… vamos começar pela lasanha… e faz-lhe sinal com os olhos. Ele concorda. Ela diz que se calhar é melhor aquecer porque lasanha fria sabe mal. Ele concorda. Ela mete a lasanha no micro ondas e ambos começam no marmelanço até que o “plim” mete cobro à situação. Lasanha fumega. Merda, está fria no meio. Mais 30 segundos. Eles lá continuam nos melos até que novo “plim”. Ela sem dó nem perdão, pega na lasanha com a mão e grita “ahhhh foda-se que tá quente!! Queimei-me!” e deixa cair aquela merda no meio do chão. Ambos tiram a lasanha da ideia e espreitam em busca de algo mais fresco e agradável ao toque. Uma alface! Ambos olham. Ele não concorda Ela sugere tirar as folhas e fazer uma salada muito rápida. Merda, não há azeite e só com vinagre a coisa não vai dar. Nova ideia: fruta! Sim, fruta não tem como falhar. Ora, ainda não está tempo para os morangos e as mangas são muito caras. Há pêra rocha do LIDL. Ele pega na pêra para lhe enfiar na boca ao qual ela diz que não porque lembra que é preciso lavar primeiro. Ele lava o raio da pêra, já lixado com isto tudo. Pêra lavada na mão, agora é que é! E ela trinca. Não consegue trincar porque aquilo é rijo que nem cornos. Merda.

“Podemos foder no balcão da cozinha e deixarmos esta merda de ideia da comida para outro dia?”
“Estava a ver que não…”

Claro que isto é um cenário exagerado em que tudo corre mal. E não foi premeditado. Talvez com algum planeamento a coisa pudesse correr melhor, mas grande parte da sensualidade deste acto de juntar comida ao sexo reside na supresa e improviso. Então poderá ser que um lado queira supreender o outro e aí a coisa já ganha outros contornos, no entanto, passará pela mente dessa pessoa, em forma de dúvida e hesitação, o que é que a outra irá ou não gostar. Para elas, é sempre aposta ganha uma peça de fruta tropical, leite condensado, chantilly e tudo mais que levar açúcar.

E nós? Sim, nós os gajos. Que comida é que gostamos de juntar ao sexo?

Eu digo: CONA. Ponto.

Deixem-se disso. Eles estão-se a marimbar para essa merda. Espetem-lhes mas é um fodão como deve ser, sem dó nem perdão e lá se vai as ideias todas da comida no caralho.

Depois podem ir tomar um banhinho os dois e ir jantar fora. À grande.

Até quarta e boas fodas.

Noé

Noé

Noé

Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.

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