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22 novembro, 2018 A Recaída

Um dia reparámos que já não nos apetecia foder senão a cabeça um ao outro...

Durante oito anos cumprimos todas as fases de um relacionamento adulto: as primeiras fodas, os minetes das descobertas, as enrabadelas enamoradas, as espanholadas loucas, os broches tranquilos, o missionário domingueiro e, por fim, a rapidinha quando o rei faz anos.

A Recaída

Até que um dia reparámos que já não havia mais fases e que já não nos apetecia foder senão a cabeça um ao outro.

Ao atingir este ponto, duas coisas podem acontecer à relação: ou o amor toma conta da ocorrência e tornamo-nos os melhores amigos que dão uma queca na Páscoa e outra no Natal...

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… Ou entendemos que ainda é cedo para enfiar o trombudo no saco e começamos a dar atenção redobrada aos pastos verdejantes da cona alheia, com esperança de que alguma cirandeira olhe para nós e sinta a vontade inusitada de nos saltar para baixo. 

Se esta segunda hipótese se sobrepõe à primeira, o melhor é acabar tudo duma vez e pouparmo-nos ao comboínho de traições que inevitavelmente se seguem. E foi isso que fizemos.

Decretada a separação, e depois de não nos vermos durante dois meses (que eu aproveitei para pôr a liberdade em dia: curtir o silêncio, a ausência das obrigações domésticas e o regresso às oito horas diárias de pornografia, só para dar alguns exemplos…), encontrámo-nos por acaso na loja dos chineses onde costumávamos ir juntos. Eu procurava essenciais para a casa nova, ela não me lembro o que procurava nem interessa para a história. O facto é que demos de caras um com o outro e, após um primeiro momento de desconforto, passámos rapidamente ao confronto típico em que ambos querem mostrar ao outro como estão muito melhor sem ele. Algo entre o “não dar parte de fraco” e, ao mesmo tempo, mostrar-lhes o que perderam.

Cumprida esta pequena esgrima, acabámos por sair juntos da loja e caminhar amigavelmente pela rua, até chegarmos à porta de minha casa, que ficava no seu trajecto.

– Bem, eu fico aqui… – comuniquei.

E sem perceber exactamente porquê, acrescentei:

– Se um dia precisares de alguma coisa, já sabes onde é.
– Que tal é a casa? – quis saber, tentando parecer casual.
– Porreirinha. Pequena, mas ideal para uma pessoa só.

Assim que o disse percebi que não o devia ter feito, pois ao descrever dessa forma o meu espaço descrevera ao mesmo tempo a nossa nova realidade: a minha vida sem ela e a vida dela sem mim.

Se há uma regra tácita numa separação recente é não falar sobre o assunto. Podemos falar da gaja que andamos a comer, que já foi freira e agora só se consegue vir com três caralhos ao mesmo tempo. Ou do gajo que ela anda a comer e que gosta que o cão lhe lamba o olho do cu desde que tenha pedigree. Mas o tema “separação” é tabu, porque tudo está ainda demasiado inflamado e pode doer como um clitóris chupado durante muito tempo…

Ainda assim, apesar da minha falha, despedimo-nos cordialmente e foi cada um à sua vida.

Passado umas horas, percebi que as marcas daquele encontro não saíam tão facilmente como esperava. Dei comigo a pensar nela, no sorriso dela, nos jeitos dela, nas pequenas minudências que só eu conhecia… E, claro, no corpo dela, no cu redondo e firme – o melhor cu das redondezas, e não era só eu que o dizia! –, nas suas mamas bicudas... E comecei a fazer contas às sete diferenças entre a mulher que se tornara invisível na minha rotina de tantos anos e esta outra, que apesar de ser a mesma, me parecia agora uma bem fodível novidade.

A mente prega partidas a ela própria e é preciso estar muito atento. Por isso, para não desperdiçar completamente a tesão que durante anos não sentira por ela mas que agora me apanhava desprevenido, decidi bater uma punheta e dei o assunto por encerrado.

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Racionalmente, era a coisa certa a fazer. Era tempo de seguir em frente, onde me esperava muita cona e muito cu por desbravar.

No entanto, nos dias seguintes, e ainda que tentasse pensar noutra coisa, volta e meia dava por mim a imaginar como seria bom fodê-la mais uma vez. De tal forma que já acordava com tesão e ia dormir com tesão, mesmo depois de bater duas ou três pívias por dia, como nos tempos áureos em que era um jovem celibatário. Porque é isso que a separação nos traz ao início, a sensação de uma nova juventude… 

Por mais de uma vez estive a pontos de agarrar no telefone e fazer-lhe a pergunta a seco:

– Estou sim? Sim…! Estás-me a ouvir? Estou sim? Estou…? Ah! Queres foder?

Mas de todas as vezes consegui resistir. Incomodava-me que uma relação que tinha morrido muito por causa do desinteresse físico se viesse agora a transformar numa obsessão sexual.

Sentia o meu cérebro a fintar-me descaradamente e estava decidido a não permitir que me tomasse por parvo. Mesmo porque ninguém podia antecipar as consequências que uma escorregadela desta natureza pudesse originar. Não raras vezes estes despistes acabam na retoma da relação, a mesma relação que toda a racionalidade e inteligência de ambos determinaram ser impraticável. Ora, quando isso acontece, é sabido que vêm aí mais anos de suplício… Até ao dia em que, obviamente, voltam a concluir o que já sabiam e rogam pragas ao tempo que andaram, mais uma vez, a perder um com o outro.

A situação exigia, pois, cabeça fria, sob pena de deitar a perder a clareza conquistada. Até porque tudo o que podia ser tentado já o tinha sido… Uns três anos antes dos acontecimentos que estou a relatar, naquela fase clássica em que o casal percebe que o interesse se está a desvanecer e ainda tem ilusão para tentar fazer alguma coisa, decidimos em comum acordo explorar o maravilhoso mundo dos brinquedos. Assim, passámos pelo Toys or Us e fomos directamente à Sex Shop. Começámos pelos elementos clássicos, um bacamarte de borracha de 18 centímetros, um vibrador clitoriano e umas bolas chinesas.

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Mas, passada a novidade, o interesse pelos adereços foi-se desvanecendo também. Apesar de ocasionalmente fazermos sexo anal, ela não se sentia particularmente confortável com as bolas no cu. A vibração no clitóris fazia-lhe mais cócegas que outra coisa. E cada vez que lhe enfiava o dildo na cona, ela clamava pelo bocado original:

– Mete o teu… Quero-te sentir!

Resumindo, a ideia fez mais efeito na teoria do que na prática, o que ainda assim foi bem-vindo naquelas circunstâncias.

Algum tempo depois, decidi surpreendê-la com lingerie erótica. Era uma peça de corpo inteiro, preta e translúcida, com buracos que deixavam expostos as mamas, a cona e o cu, cobrindo tudo o resto. Se não estou em erro ofereci-lha num aniversário, mas esse dia, como tantos outros, terminou em discussão. Pouco depois, a nossa atracção diminuiu para níveis praticamente inexistentes e veio a separação, sem nunca chegarmos a provar a provocante vestimenta.

Com tudo isto em perspectiva, e apesar da nova tesão que ela me dava, decidi fazer o humanamente possível para não voltar a cair em tentação. Era simplesmente demasiado arriscado. E estava cem por cento determinado a evitá-lo… até que ela me bateu à porta.

– Disseste que se eu precisasse de alguma coisa podia aparecer.
– Sim – disse eu, arrependido e excitado ao mesmo tempo, sem a convidar para entrar.

Ela ergueu um volumoso saco que trazia na mão e pela abertura reconheci o grosso volume duma toalha turca.

– O meu esquentador pifou. Deixas-me tomar um duche na tua casa?
– Sim… Claro que sim! Entra! – anuí, como se acordasse de um repentino torpor.
– Claro que sim! – repeti, estupidamente. E acho que ri ainda mais estupidamente enquanto o dizia.

Ela sorriu e, não me perguntem porquê, deixou-me o coração aos saltos.
Como eu ficasse com cara de parvo sem saber o que dizer, ela atalhou caminho:

– Dizes-me onde é a casa de banho?
– Claro que sim! – eu parecia um disco riscado.

Apontei-lhe a porta e ela entrou sem dizer mais nada.

A casa era de facto muito pequena, “ideal para uma pessoa só”. Uma única assoalhada que servia de quarto e sala de estar, com duas portas, uma de cada lado, que davam para a cozinha e casa de banho. Estendi-me na cama que me servia de sofá, sem saber o que fazer ou perceber o que sentia, quando comecei a ouvi-la despir-se. Juro-vos que consegui ouvir tudo, até o cotão a cair nos tapetes! A fivela do cinto a abrir... As calças a descerem pelas pernas... A camisola a restolhar pelos cabelos... A presilha do soutien a abrir... As mamas a caírem com ligeireza sobre o peito... A cuequinha a descer… Os pintelhos a roçarem sensualmente uns nos outros…

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Era toda uma sinfonia nua, conduzida por uma sábia maestra, que me deixava o instrumento mais babado que uma tuba…

Sei que não vão acreditar, pois nunca se ouviu falar de tal confusão dos sentidos, mas pareceu-me “ouvir” até “o cheiro” da sua cona! Aquela coninha suada, quanto mais suada mais cona, que durante anos fora a minha domus, o meu lar doce lar, o sítio onde queria estar mais do que em qualquer outro!

Na tradição dos nossos jogos de cama, depois dos beijos e das carícias, o minete era sempre a primeira peregrinação genital. Ela nunca foi particularmente adepta de me chupar, apesar de o fazer maravilhosamente quando se decidia a isso. Mas eu adorava chupá-la e fazia-o durar o mais possível. Adorava o seu sabor doce e salgado, a forma como se contorcia de prazer, os finos gemidos que transformavam subitamente a mulher em menina… Ainda hoje a memória dos seus gemidos é capaz de me provocar tesões descomunais!

E acima de tudo, excitava-me o seu odor de mulher-bicho, o seu cheiro de cona fértil!

Costumávamos brincar ao Napoleão e Josefina, concretamente ao mito em que o ditador, no final das campanhas, enviava à amante a sintética e definitiva epístola:

– Josefina, vou a caminho… Não te laves!

Ela era a minha Josefina e eu o seu Nabo-leão! A sua animalidade era amplificada na transpiração dos sovacos, das virilhas, da cona, do períneo, do cu… E esses odores tangíveis faziam de mim um animal furioso que a queria romper de todas as maneiras e feitios!

Mais do que tudo o resto, adorava agarrar-lhe as nádegas e abri-las ao máximo, escancarar-lhe os buracos do cu e da cona, meter a cara e lamber todas aquelas zonas moles, peludas e abundantemente escorridas, até a ouvir soltar um último gemido gutural que a obrigava a fechar as pernas com a minha cabeça lá dentro e a contorcer-se como uma enguia aprisionada num paroxismo fatal…

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Só a penetrava depois de ela se vir assim na minha boca e fazia-o como uma fera subitamente libertada da jaula! Vinha-me quase sempre logo a seguir, despejando doses industriais de esporra naqueles canais venezianos…

Precisamente, agora ouvia a água correr sobre o seu corpo nu e tudo isso me vinha à memória. Era deveras excitante, mas continuava determinado a não fazer nenhum avanço. Por isso, fui sentar-me ao computador disposto a deixar-me embrenhar num desafiante jogo de Puzzle Bobble. Minutos depois, ouvi a porta da casa de banho abrir e, de costas para ela, sem olhar, perguntei cortesmente:

– Soube bem?
– Soube…

E algo na sua voz fez-me virar imediatamente.

Quando queria, ela tinha uma forma de posar o corpo que era irresistível. E era numa dessas poses que se tinha posto agora… Tudo era remanescente dos tempos das nossas fodas épicas, à excepção do que tinha vestido: o body de corpo inteiro, preto translúcido, com cirúrgicas argolas no tecido que deixavam expostas, em todo o seu esplendor, as suas mamas soberbas e a sua cona maravilhosa!

Uma mulher que se apresenta assim a um homem, obviamente já vem com os preliminares adiantados. Eu, pela minha parte, mesmo lutando contra eles, também adiantara os meus. Nem sequer me despi! Fui direito a ela e empurrei-a para a cama, caí-lhe em cima com o corpo todo, baixei as calças e as cuecas rapidamente e enfiei-lhe o caralho inteiro duma estocada!

Ela emitiu um esgar sonoro e felino, um gemido gritado, imediato mas que não mais parou. Comecei a bombear com a força toda, espetando-lhe o caralho sempre até ao fundo da cona, enquanto lhe puxava os cabelos com uma mão, lhe esmagava os mamilos com a outra e lhe mordia o pescoço. Assim mesmo, como um animal irracional, uma besta enraivecida de desejo!

– Nunca te vi assim! – gemeu ela, abrindo bem as pernas para me deixar caber melhor.

E a verdade é que eu nunca me tinha sentido assim! Dizer que era efeito da lingerie não faria justiça ao momento. Estava-me nas tintas para a lingerie… Aliás, rasguei-lha sem a menor contemplação. Eu queria-a a ela! Àquele corpo que adorava fazer gemer, que adorava cavalgar até ver explodir com a boca toda aberta e os olhos bem fechados de delírio!

Sentia o caralho duas vezes maior que o normal, grosso como uma vela de igreja e duro como uma vara de aço.

Agarrei-lhe o cu com as duas mãos, levantando-o ligeiramente para ajeitar a posição das estocadas, e percebi que tinha as faces das nádegas completamente meladas! Estava a escorrer por todos os lados… Já se tinha vindo e continuava a mexer-se como quem quer mais. Desvairado, estiquei um dedo e tentei enfiar-lho no ânus. Sempre tive uma fixação pelo seu rabo, que logicamente se tornou uma fixação pelo seu cu. Mas apesar de lhe dar prazer, ela não fazia muita questão no anal. Por isso, sempre que eu tentava meter o dedo encontrava o buraco apertadinho, e só depois de algumas carícias concedia entreabrir a recatada porta traseira. No entanto, agora, para meu grande espanto, o meu dedo entrou com toda a facilidade até ao fim... E para meu espanto ainda maior, ouvi a sua voz arrastada pedir como quem ordena:

– Mete no rabinho...

Tive dúvidas de que estava a ouvir bem e pedi que repetisse:

– O que é que disseste?
– Mete no cu!

O pedido deixou-me de tal maneira surpreendido que quando me atirei à acção consegui falhar o buraco…

– Estás no sítio errado! – riu-se ela.

Então lá ajeitei as exactas coordenadas da investida e consegui espetar a pila em bom e caloroso porto. Ela abria e fechava o cu como se batesse palmas à minha chegada. E eu fazia vénias por ele adentro a meu bel-prazer. Nunca o tinha sentido tão aberto e receptivo. Ocorreu-me que talvez andasse a treinar em casa e a ideia aumentou-me ainda mais a tesão, se é que isso era possível.

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Ainda hoje digo que foi o melhor cu que já fodi. Porque foi um encaixe perfeito! Senti todas as suas fibras interiores, captei cada compressão dos seus músculos, fixei cada som do êmbolo a entrar e a sair. Até que, sem conseguir levar mais longe aquele prazer – ainda hoje lá estaria se pudesse! – esporrei-me violentamente dentro dele, preenchendo-o com o orgasmo mais massivo de que tenho memória…

Quando se levantou, muito tempo depois, a esporra ainda lhe saía pelo cu, e juro que lhe tinha saltado para cima outra vez se ainda me restasse um miligrama de energia que fosse.

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Enquanto nos limpávamos e vestíamos, sem saber exactamente como abordar a situação, foi com alívio que a ouvi dizer:

– Isto não muda nada. Cada um na sua.

Agradeci o facto de ter sido ela a dizê-lo, poupando-me a vergonha do silêncio.
Mas a verdade é que tinha mudado qualquer coisa...

Se não tivéssemos fodido naquele dia, se de certa forma não tivéssemos provado a nós mesmos que o nosso problema nunca fora a atracção que sentíamos um pelo outro – que a sua ausência era consequência doutros problemas – talvez o futuro da nossa relação tivesse morrido ali.

Assim, ainda hoje somos amigos. Amigos que se entendem numa linguagem privada, que nunca perderam verdadeiramente a cumplicidade e intimidade que os anos solidificaram. Amigos que, se por acaso marcarem um encontro para daqui a três semanas, sentirão tesão durante três semanas. E que chegado o dia podem nem sequer foder mas, se o fizerem, sabem que tal não porá nunca em causa o que vem primeiro: uma espécie de amor único e intransmissível, inegociável, que só a eles pertence e apenas eles compreendem. E que nunca desaparecerá.

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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