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14 junho, 2021 Iminente - Parte I

O seu perfume não desvanece tão facilmente da minha mente...

Os encontros com a Cleo estavam a começar a ser uma constante na minha vida. Três dias sem tocar na sua pele deixavam-me impaciente, sentindo quase que uma grande revolta dentro de mim...

Iminente - Parte I

A Cleo era uma miúda que eu não consigo tirar da minha mente tão depressa. Conheci-a através de amigos de amigos. O que me cativou logo na primeira vez que a vi foi o sorriso, era tão contagiante. O seu longo cabelo preto sob a sua pele morena. Ela tinha um brilho, não consigo explicar, vocês teriam que a ver, é algo quase surreal.

Os meus amigos fizeram com que eu a conhecesse pessoalmente, mas sem lhe dar a entender qual era o objetivo principal daquela saída. Não consegui tirar os meus olhos de cima dela. Apareceu com um vestido bem justo ao seu corpo curvilíneo. Um vestido vermelho numa noite bastante clara devido à luz da lua. Foi mágico. Fui-me aproximando aos poucos, mas ela ao inicio era de poucas conversas.

A noite terminou e eu não consegui ter mais do que dez minutos da sua atenção. A Cleo queria dançar, beber e divertir-se com as restantes mulheres do grupo. “Lady's night”, como a Marisa lhe chamou. Fiquei na mesa a olhar para ela. Rebolando a sua cintura, dançando despreocupada com os olhares e pensamentos alheios.

- Fred, queres uma bebida? – perguntou-me o Guilherme, mas eu não o ouvia.

Ao ver que não lhe respondia, pousa a sua mão no meu ombro, dá-me um pequeno abanão.

- Ahm? – digo-lhe ao sentir o abanão.

- Queres mais uma mano? – abanando a cerveja à frente da minha cara.

- Sim, pode ser. Vou contigo.

- Na boa, eu vou lá buscar.

- Não, eu vou lá contigo. – respondo-lhe.

Enquanto estávamos ao balcão à espera que o empregado nos viesse perguntar o que queríamos, o meu olhar centrou-se nas ondulações da Cleo enquanto esta dançava.

- Fred, queres o normal? – o Guilherme pergunta-me mas eu estava noutra onda – FRED! – grita-me.

- Desculpa – digo-lhe. Viro-me depois para o empregado e digo-lhe – Queria uma corona.

Enquanto o empregado foi buscar as nossas bebidas, o meu olhar fixou-se novamente na Cleo. O Guilherme segue a direcção do meu olhar e percebe qual a minha fixação. Abraça-me, baloiçando-me de um lado para o outro e dando-me pequenos murros na barriga diz-me:

- Seu malandro! Estás fixado na maninha da Irina!

- Quê?

- Não sabias?

- Eu não fazia ideia que a Irina tinha uma irmã.

- Meu puto não tem metas em filmes.

- O que queres dizer com isso?

- Não é para as tuas andanças. E mesmo que fosse, a Irina não ia gostar disso.

- A vida não é dela! – respondo-lhe.

- Puto!!

- O que foi?

- Sabes bem que a Irina tem uma cena contigo.

- Eu e ela não temos nada.

- Vê-se mesmo que não percebes as mulheres.

- Mas que raio estás tu a falar?

- A Irina está caidinha por ti faz tempo. Não me digas que ainda não tinhas visto?!

- Cala-te. – pego na cerveja que estava sobre o balcão do bar e começo a encaminhar-me para a nossa mesa.

Aquela conversa com o Guilherme deixou-me um pouco atordoado. A Irina já tinha tentado fazer as abordagem, mas ela não faz o meu género, mas já por outro lado a sua irmã... essa já era outra conversa.

Acabei a minha cerveja e como já não me sentia bem disposto para permanecer no bar, dei como terminada a noite. Despeço-me de quem está sentado na mesa.

- Já te vais puto? – diz o Diego.

- Sim, estou cansado.

- O que ele queria sei eu! – diz Guilherme em tom de gozo.

- Pois, pois… – respondo-lhe.

Ao chegar a casa sinto-me ainda desperto, o sono ainda não tinha aparecido. Sento-me um bocado no sofá agarrado ao telemóvel, vagueando pelas redes sociais. “Como é que eu nunca a tinha visto?”, penso enquanto tento entender como nunca tinha dado conta da existência da Cleo.

De rede social em rede social, percorrendo perfis de maneira a que eu encontrasse a conta da Cleo. 

Tenho que tentar a minha sorte...

Iminente Parte1 2

A minha tentativa de caçada virtual saiu furada.

Aquela miúda atormentava as minhas noites e eu não conseguia esperar muito mais.

Seis dias depois encontrei-me com o meu grupo de amigos no nosso café habitual. Fico surpreendido ao ver que ela também estava lá. Tento manter as aparências, mas o meu íntimo estremecia de ansiedade.

Aproveito uma ausência da Cleo para esta ir à casa-de-banho para questionar o Guilherme.

- E avisares-me?

- Avisar-te? Do quê?

- Que as miúdas vinham ter connosco. Pensava que hoje era uma saída só de gajos.

- Gostaste da surpresa foi? – diz a rir-se.

Ele estava a achar piada àquela situação toda, mas eu não encontrava um pingo de graça em toda aquela situação. Contudo, não consigo deixar de expressar a minha surpresa por aquele momento e aproveito e tiro as minhas duvidas.

- Olha lá… – digo ao Guilherme – Não tens por acaso o nome de perfil da Cleo em alguma das tuas milhentas redes sociais?

Ele olha para mim e começa-se a rir mas não me responde.

- Qual é a piada puto? – pergunto-lhe ao ver que ele me estava a ignorar.

- Já vi que não sabes.

- Não sei o quê?

- A Cleo não tem redes sociais. – ri-se.

- Estás a brincar! – não queria acreditar no que ele me acabara de dizer.

- Não, puto! Não estou a brincar.

- Mas a Irina tem!

- Mas já devias ter entendido que a Cleo não é nada que se pareça com a Irina.

Fico sem saber o que pensar. Como iria eu agora meter conversa com ela.

- Mas estás assim tão interessado na miúda? – pergunta-me o Rafael.

- Não viste já que sim? – diz o Guilherme.

Ao verem que me silenciei, o Guilherme pergunta-me:

- No que estás a pensar meu puto?

- Épa… nem eu sei! – faço uma pequena pausa no meu discurso até que acrescento – Como é que eu vou agora meter conversa com ela?

- Pede-lhe o número! – diz o Arménio.

- Assim?! Do nada?! Estás parvo! – respondo incrédulo no que os meus amigos me dizem.

- Puto, ela é uma miúda à antiga. Não gosta de redes sociais, pois pelo que a Irina me contou, depois do primeiro relacionamento dela há anos atrás, que deixou-se disso.

- Foi iludida. – completa o Rafael.

A nossa conversa é interrompida ao ver que elas estão de volta.

Sentia-me meio desconfortável, a olha-la de lado. Não me sentia confortável.

Conversa puxa conversa, mas a Cleo pouco fala, estava a observar o ambiente do café ou então dedicava a sua atenção ou à sua irmã ou então ao seu copo de gin com frutos vermelhos.

Ao terminar o seu copo reparo que ela se levanta da mesa. Ninguém lhe dá atenção, a não ser a minha pessoa. Estamos todos na galhofa, mas o Guilherme ao ver que o meu olhar se fixa na Cleo, enquanto esta se movimenta em direcção ao balcão do café, dá-me um encontrão e com um olhar e um leve inclinar da cabeça, como quem diz “Do que estás tu à espera? Vai-te a ela caralho!”. Respiro fundo e começo a encaminhar-me na direcção da Cleo. Sinto que o Guilherme me está a observar.

Coloco-me ao seu lado e espero pelo melhor. O seu perfume era delicioso.

Ao sentir a minha presença ela olha na minha direcção, mas não me presta grande atenção. Peço ao empregado mais um whisky e enquanto espero, deito um “Então” para o ar, à espera de começar uma conversação entre ambos.

- Então? – responde-me.

- Porque nunca te tinha visto antes?

Ela deixa-se rir, mexe a palhinha que está no seu copo conforme os ponteiros do relógio, fazendo com que o gelo rodopie ao longo do copo.

- Não sou muito de sair.

- Não costumas sair com a tua irmã?

- Claro, mas não à noite. Prefiro a calmaria do meu quarto.

- Estás a brincar! – respondo com um riso.

- Não. Não estou.

Com aquela resposta curta e seca percebo que já meti a pata na poça, mas não me deixo esmorecer.

- Gostava de te conhecer melhor. – digo-lhe.

- Não te chega a minha irmã?

Fico perplexo com aquela resposta. “Não te chega a minha irmã? Quê?!”, penso.

- Oi?

- Exatamente.

- Queres elaborar melhor?

- Não tenho nada para elaborar. – diz-me num tom ríspido.

- Posso ao menos ficar com o teu número? – digo sem qualquer pingo de vergonha na cara. Fui à leão, tentar a minha sorte. O não está sempre garantido à partida.

- Porquê?

- Como te disse, quero-te ficar a conhecer melhor.

Vejo as bochechas dela a ficarem rosadas. Mas mais nada para além disso. Deixou-me sem resposta. Virou-me costas e voltou para junto dos nossos amigos. Fico apreensivo. “Foste audaz rapaz. Demasiado audaz!”, penso. Engulo o whisky num único gole. Faz-me arder por dentro. Peço mais um e regresso para junto dos meus amigos.

Estamos todos descontraídos, a aliviar o stress de mais uma semana de trabalho. Nota-se que estávamos a precisar daquele momento.

Não me prolongo por muito mais tempo até que me despeço da malta e vou para casa.

Chego a casa, mas a minha mente cisma em massacrar-me com o diálogo precoce que tive com a Cleo. O seu perfume não desvanece tão facilmente da minha mente.

Eram perto das três da manhã quando oiço o meu telemóvel a vibrar. Uma mensagem de um número que não tenho na lista de contactos.

“Agora já o tens.”

Aquela simples mensagem fez o meu coração acelerar. Não fui capaz de não responder.

“Cleo?”

Mesmo sabendo a resposta tive que questionar.

“Tirei o teu número do telemóvel da minha irmã. Espero que não te importes.”

A ousadia da miúda!

A sua resposta fez-me rir. Mas a minha mente só pensava com entusiasmo: “Que comece a caçada!”

(Continua...)

Alexa

Alexa

Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...

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