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10 fevereiro, 2021 Plano AproXima: A "ponte" que leva o apoio até trabalhadorxs do sexo

Vem conhecer o projeto lançado pelo Classificados X para apoiar quem faz Trabalho Sexual.

O Plano AproXima nasceu em 2020, como um projeto de responsabilidade social do Classificados X que, assim, procura contribuir para melhorar a vida dxs trabalhadorxs do sexo. Venha conhecer melhor esta iniciativa no arranque de uma série de artigos sobre as associações que prestam apoio a quem faz Trabalho Sexual.

Plano AproXima: A

A ideia do Plano AproXima é fazer "a ponte" entre as equipas de intervenção social que prestam serviços de apoio e as pessoas que fazem Trabalho Sexual. Muitas vezes, não é fácil chegar a esta comunidade que é colocada à margem da sociedade e, portanto, o Plano AproXima procura quebrar barreiras e melhorar a qualidade de vida destas pessoas.

O projeto é totalmente financiado pelo Classificados X e pretende prestar auxílios no âmbito da Saúde, dos Direitos e da Formação/Emprego, além de promover condições para um Trabalho Sexual mais seguro.

O Blog X esteve à conversa com as responsáveis do Plano AproXima, a psicóloga Mariana Melo e a técnica de Análises Clínicas e de Saúde Pública Nilza Almeida. Antes de abraçarem esta iniciativa, ambas integraram uma organização não governamental (ONG) que apoiava trabalhadorxs do sexo, pelo que têm experiência de vários anos nesta área.

"Trabalho em rede" para melhorar o apoio prestado

Mariana Melo nota que xs trabalhadorxs do sexo são, muitas vezes, uma "população marginalizada". "Muita gente não sabe que essas pessoas fazem Trabalho Sexual", nem as "dificuldades que enfrentam", repara, concluindo também que nem sempre é fácil chegar até elas, mesmo que o objetivo seja ajudá-las.

É neste âmbito que o Plano AproXima surge como uma "ponte" entre os apoios existentes e as pessoas que precisam deles. Assim, a ideia é fomentar o "trabalho em rede", aliando "as diferentes respostas" das associações que têm serviços para trabalhadorxs do sexo, para potenciar a capacidade das equipas e o "bom trabalho" que fazem.

Nem sempre as várias entidades existentes conseguem "articular as suas atividades" e, muitas vezes, as equipas encontram "dificuldades" para chegarem até trabalhadorxs do sexo, como nota Mariana Melo.

Além disso, as pessoas que fazem Trabalho Sexual mudam, com regularidade, de localidade, fixando-se em diferentes cidades por pequenos períodos.

O Plano AproXima procura, deste modo, dar uma "resposta concertada", direcionando xs trabalhadorxs do sexo para a solução que "faz mais sentido" para os respetivos problemas, segundo realça ainda a psicóloga.

Associações já procuram o Plano AproXima

O Plano AproXima já estabeleceu parcerias com 25 associações com serviços para trabalhadorxs do sexo, incluindo grande parte das entidades que integram a Rede sobre Trabalho Sexual. APDES (Agência Piaget para o Desenvolvimento), Obra Social das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor, Médicos do Mundo e Associação Existências são algumas dessas entidades.

Deste modo, consegue abranger uma oferta completa de serviços de apoio a estas pessoas. Mas essa rede continua a ser ampliada, de modo a melhorar as respostas que podem ser dadas aos problemas e urgências de quem faz Trabalho Sexual.

De qualquer modo, as pessoas são encaminhadas também para “as associações com as quais não temos parcerias”, vinca Mariana Melo, notando que o mais importante é que tenham “os serviços de que eles/elas necessitam”.

Já há associações que procuram o site do Plano AproXima para chegarem a informação mais específica sobre o Trabalho Sexual.

Ao longo deste ano, assim a pandemia o permita, o Plano AproXima vai desenvolver diversas atividades, incluindo um seminário com associações para abordar as principais dificuldades e melhorar a intervenção no terreno.

Nos planos do projeto está também premiar equipas que se destaquem pelas boas práticas no apoio a trabalhadorxs do sexo.

Está ainda em marcha a constituição de um grupo de apoio para as pessoas que fazem Trabalho Sexual e que sintam necessidade de falar ou de desabafar.

Em preparação está um guia para trabalhadorxs do sexo, incluindo informação sobre direitos, saúde, bem como respostas a dúvidas práticas sobre o Trabalho Sexual, nomeadamente os riscos e os cuidados a ter.

"Somos pessoas de pessoas"

Por norma, xs trabalhadorxs do sexo querem a "resolução de problemas no momento", como repara Nilza Almeida, salientando que "precisam de uma coisa para ontem e querem a coisa resolvida", por exemplo quando têm situações em que "rebentou o preservativo e precisam de saber o que devem fazer".

As pessoas "precisam de falar, de perceber como orientar a vida", conta também a técnica de Saúde Pública, apontando que há casos em que "não conseguem pagar a renda ou ter acesso a bens alimentares e outras coisas básicas".

O papel do Plano AproXima é tentar responder a essas necessidades globais, encaminhando as pessoas para as equipas que as podem ajudar no que precisam.

O grande desafio que as técnicas de Intervenção Social enfrentam é o facto de lidarem com "pessoas muito diferentes entre si". Por isso, é preciso encontrar "respostas diferentes para pessoas diferentes", constata Nilza Almeida.

"Somos pessoas de pessoas", acrescenta a técnica de Saúde Pública, reforçando a importância da "proximidade" e de criar "um laço" com a comunidade que se pretende ajudar.

Sem moralismos ou preconceitos, para diminuir o estigma

Com o confinamento obrigatório devido à pandemia, as equipas de intervenção estão muito limitadas na sua atuação.

Por outro lado, também é mais difícil convencer quem faz Trabalho Sexual a aderir a atividades porque as pessoas estão "em modo sobrevivência", "têm outras prioridades", constata Nilza Almeida.

"Se não consegues ter pão, educação, habitação, não vais estar a pensar na formação", exemplifica a técnica de Saúde Pública referindo-se a uma das áreas de intervenção do Plano AproXima que também dá apoio a quem quer encontrar alternativas de emprego.

Mas é nesta fase tão difícil que este projeto pode tornar-se ainda mais essencial para pessoas que são invisíveis à luz da sociedade. A grande missão do Plano AproXima é garantir que as pessoas que fazem Trabalho Sexual de livre vontade se tornem visíveis e que sejam reconhecidas e respeitadas na plenitude dos seus direitos e deveres.

O projeto apresenta-se com "uma postura livre de moralismo e preconceito em relação ao Trabalho Sexual" e quer diminuir o "estigma sobre xs trabalhadorxs do sexo".

Também visa promover o seu "bem-estar", a justiça social e o acesso gratuito a respostas de saúde sexual e reprodutiva, nomeadamente no âmbito do combate às epidemias do VIH/SIDA, hepatites e outras infeções sexualmente transmissíveis.

A sua missão envolve ainda "promover o combate da exploração sexual, tráfico de seres humanos e outras formas de violência no âmbito da indústria do sexo".

Contactos do Plano AproXima

Podes contactar o Plano AproXima através do número +351 911 753 640 e do email geral@planoaproxima.org .

Para encontrares mais informações sobre o projeto, bem como sobre direitos de saúde, de justiça e acesso a rastreios gratuitos, entre outros, visita o site do Plano AproXima.

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Especial Associações - Anda conhecer melhor quem apoia trabalhadorxs do sexo:

Abraço Aveiro

APF Alentejo

Associação Existências

Autoestima

CAD Porto

GAT Almada / GAT Setúbal

Liga Portuguesa Contra a SIDA

Obra Social das Irmãs Oblatas

Porto G

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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