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20 junho, 2025 Mentes Conectadas: Dúvidas por se redescobrir como bissexual

É possível viver a bissexualidade com segurança e sem "vergonha"?

Uma leitora escreveu-me preocupada porque, nos últimos tempos, se sente atraída por mulheres, o que nunca tinha acontecido antes. Está confusa, mas não há razões para isso – a bissexualidade existe e merece respeito.

Mentes Conectadas: Dúvidas por se redescobrir como bissexual

 

Sempre me relacionei com homens, mas ultimamente tenho-me sentido atraída por mulheres. Não sei bem se sou lésbica ou bissexual, e isso deixa-me confusa.

Sinto desejo, vontade de explorar, de me permitir. Mas também tenho medo de não ser levada a sério - que digam que é “moda”, que é só curiosidade, ou que estou a fazer isso para chamar a atenção. Até eu própria duvido, às vezes.

Como posso viver a minha bissexualidade com segurança, sem me envergonhar?”

O que estás a viver é autêntico, válido e profundamente humano.

Explorar a tua bissexualidade não é uma fase, nem uma provocação, nem um capricho - é um encontro contigo própria. E como todo o encontro íntimo, pode trazer dúvidas, medos e descobertas inesperadas.

Vivemos num mundo que insiste em classificar as pessoas de forma rígida: és ou não és. És hétero ou lésbica. És uma coisa ou outra. E tudo o que fica “entre” é tratado como confuso, instável, ou menos sério.

Mas a sexualidade não é uma linha reta - é um território fluido, com curvas, mapas novos e caminhos pessoais.

A bissexualidade existe - e merece respeito

Comecemos pelo essencial: a bissexualidade é real. Não é confusão. Não é indecisão. Não é metade de nada.

É a capacidade de sentir atração (física, emocional ou ambas) por mais do que um género.

Algumas pessoas sentem-na desde muito cedo. Outras descobrem-na mais tarde, como parece ser o teu caso. E está tudo certo. Não há “data de validade” para a descoberta do desejo.

“Mas e se eu estiver enganada?”

Essa dúvida é legítima. A mente quer rótulos, quer segurança. Mas a verdade é que só vivendo é que saberás.

Podes sentir-te atraída por mulheres e, com o tempo, perceber que queres viver só com elas. Ou que o teu desejo é mesmo aberto e plural. Ou que muda consoante a fase da vida. Isso não é engano - é evolução.

Permitir-te sentir, experimentar com consciência e respeitar o teu ritmo não faz de ti uma fraude. Faz de ti alguém honesta consigo mesma.

O medo de não seres levada a sério

Infelizmente, muitas pessoas bissexuais enfrentam:

  • Invalidação por parte de pessoas hétero (“é só uma fase”);
  • Desconfiança por parte de lésbicas ou gays (“não são fiéis a ninguém”);
  • Fetichização, sobretudo por parte de homens que veem a bissexualidade feminina como algo feito para o prazer masculino.

Isto chama-se bifobia, e pode vir de todos os lados. Mas não deixes que a ignorância dos outros defina a forma como tu vives o teu desejo.

Tu não tens de provar nada a ninguém. O teu corpo, o teu prazer e as tuas escolhas são teus.

Como viver a bissexualidade com segurança e verdade

Aqui vão algumas sugestões práticas…

1. Explora com consciência

Antes de entrares em relações ou experiências, pergunta a ti mesma:

  • O que procuro neste momento? Toque? Afeto? Intimidade? Partilha?
  • Estou preparada para os sentimentos que possam surgir?
  • Sinto-me segura com esta pessoa?

A sexualidade é bonita, mas também é vulnerável. E merece ser vivida com cuidado - não com medo.

2. Procura espaços seguros

Procura ambientes onde possas ser quem és sem máscaras. Grupos LGBTQIA+, páginas de partilha, encontros queer, comunidades online.

Pode ser libertador ver que há outras pessoas como tu, com dúvidas, com histórias e com vontade de se reconhecerem.

3. Escolhe bem com quem partilhas

Nem todas as pessoas estão prontas para ouvir ou compreender. Por isso, escolhe bem:

  • Quem te merece;
  • Quem te escuta sem julgamento;
  • Quem não tenta empurrar-te para um rótulo.

E lembra-te: ninguém tem direito à tua verdade, se não te der segurança primeiro.

4. Cuidado com a comparação

Não te compares com quem “já sabe o que é”. Cada corpo tem o seu tempo. Cada desejo, a sua forma.

Tu não tens de ter um histórico “completo” para seres válida. Se nunca estiveste com uma mulher, mas sentes desejo - isso já é parte da tua verdade.

5. Informa-te, mas também confia em ti

Lê, ouve podcasts, segue criadoras e criadores bissexuais. Aprende.

Mas, acima de tudo, ouve-te. O teu corpo tem uma sabedoria que vai para além das palavras. Ele sente. Ele sabe.

Bissexualidade e orgulho

Ser bissexual pode, sim, ser vivido com orgulho.

Orgulho de seres plural. Orgulho de não seres reduzida a uma norma. Orgulho de te permitires sentir para lá do que te ensinaram. Orgulho de seres inteira - mesmo quando o mundo quer que sejas metades.

Uma palavra final

Querida mulher, tu não tens de pedir desculpa por ser quem és. Não tens de esconder o que sentes. Não tens de te calar para caber nas gavetas dos outros.

A tua bissexualidade é tua. E é bonita.

Vai com calma. Vai com verdade. Vai com curiosidade, sem medo de te perder - porque, no fundo, estás a encontrar-te.

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